segunda-feira, 5 de julho de 2004

O Notalatina de hoje sai com um pouco de atraso porque foi difícil fazer a seleção do que ia ser publicado. A pauta estava pronta desde cedo mas novas notícias vão chegando e ela acaba sendo refeita, o que não é uma tarefa fácil, considerando a gravidade das denúncias e o ineditismo das mesmas aqui no Brasil.



Abrimos hoje com a “misteriosa” história do Ministro do Interior da Venezuela, o chavista Ramón Rodríguez Chacín, que anda desaparecido de circulação e cuja “folha corrida” não é nada invejável. Em seguida temos notinhas rápidas, a maioria relacionada a Cuba. E o Brasil, como não podia deixar de ser nesse governicho já escancaradamente COMUNISTA, não se acanha mais como antigamente em mostrar suas afinidades com o mal, com a mentira, com regimes genocidas e sanguinários como Cuba. A Universidade Federal Fluminense promove um encontro de “solidariedade a Cuba”, em repúdio às novas medidas do presidente Bush, o “bouc emissaire” do momento. Uma vergonha, uma lástima como estamos retrocedendo à barbárie e ao primitivismo já fartamente demonstrado pelos países onde este maldito regime imperou; a própria Cuba é exemplo disso...



E, finalmente, um relato muito sincero de um sacerdote católico que esteve em visita na Venezuela, recentemente, e que traça um diagnóstico do caos e da perseguição política feita aos não-comunistas. Ele visitou na prisão o prefeito Henrique Capriles que, malgrado TODAS as provas atestarem sua inocência no episódio da Embaixada de Cuba, continua preso. Como creio em Deus e na Sua Providência, acima de qualquer coisa, creio também no dito popular que diz: “Deus tarda, mas não falha”. O dia 15 de agosto virá, e a Venezuela há de virar esta página horrenda que vem sendo escrita com dor, sangue, lágrimas e muito sofrimento dos seus filhos inocentes. Até amanhã!



O “Che” Rodríguez Chacín



Por Eduardo Martínez



O capitão de navio Ramón Rodríguez Chacín é um personagem curioso, para dizer o mínimo. Integrante da CEJAP em fins do governo Lusinchi, foi processado pelo celebremente trágico acontecimento de El Amparo. Diretor de Inteligência da DISIP, na gestão do Comandante Urdaneta Hernández, sairia do cargo por prestar contas diretas ao presidente e planejar acordos com a guerrilha colombiana sem o consentimento do diretor do corpo. Foi acusado de ter supostamente várias cédulas com igual número de identidades. Ministro do Interior em 11 de abril de 2002, foi detido a cascudos por seus vizinhos da urbanização Santa Fé. Acusado de haver supostamente comprado propriedades milionárias em Barinas, cujo valor excede amplamente suas receitas como funcionário público, tendo participado na negociação do pagamento do resgate de seqüestrados na fronteira. Vincula-se às contribuições monetárias que o governo venezuelano faria a movimentos dissidentes no Centro e América do Sul.



Comenta-se que viaja constantemente à Guatemala, El Salvador, Honduras, Panamá, Bolívia, Colômbia e Equador. Há mais de uma semana correu um boato de que teria sido detido em uma zona de selva no Equador, de posse de um carregamento de armas e dólares para os movimentos indígenas contrários ao presidente Lucio Gutiérrez. Desmentido em um primeiro momento esta versão pelo chanceler venezuelano, em um segundo momento a chancelaria realizaria gestões ante seu homólogo equatoriano para conhecer a localização e estado de Rodríguez. Exatamentena semana do desaparecimento, Rodríguez seria entrevistado telefonicamente pela VTV. Aparentemente estaria em sua propriedade de Barinas, porém ninguém até o momento o viu. O diário 2001 publicou sábado que ele teria sido trocado por gasolina, que ninguém o viu em Barinas e que se tem dúvidas de que a voz da entrevista seja sua.



Será Rodríguez Chacín o Che Guevara da revolução bolivariana?

Fonte: News – Noticias - www.VenezuelaNet.org



Notas de La Voz de Cuba Libre



Havana - O chanceler do Irã, Kamal Kharrazi considerou “transcendental” o encontro havido com Fidel Castro, por ocasião de uma visita oficial que concluiu ontem nesta capital. Kharrazi declarou a Prensa Latina que sua estada de um dia em Havana foi exitosa em todos os níveis.



Havana - O presidente do Parlamento da Índia, Somnath Chaterjee, expressou que o governo e o povo indianos estiveram e estarão ao lado de Cuba, frente às políticas agressivas dos Estados Unidos.



Rio de Janeiro – Um encontro sobre a resistência do povo cubano frente às últimas medidas de recrudescimento do bloqueio aplicadas pelo governo americano, será realizado hoje, na Universidade Federal Fluminense, de Niterói, Brasil. A informação foi oferecida à Prensa Latina por Danilo D’Addio Chammas, da organização Nossa América de São Paulo, que junto com Tiaraju Pablo D’Andrea conduzirão o encontro denominado “Resistir é preciso: a Revolução Cubana e as agressões imperialistas”.



Havana - Cidadãos norte-americanos que integram quatro grupos de solidariedade com Cuba, viajarão à ilha nos próximos dias, em aberto desacato às recentes medidas ditadas pelo governo de Washington. Enrique Román, primeiro vice-presidente do Instituto Cubano de Amizade com os Povos, indicou que a Caravana da Amizade, encabeçada pelo Movimento de Pastores pela Paz, está próxima á fronteira com o México. Román explicou que a tal caravana, com o reverendo Lucius Walker à frente, viajará desde o México até Cuba, depois de atravessar numerosas cidades norte-americanas ,strong>recolhendo uma valiosa carga solidária destinada a instituições cubanas.



Manágua - O secretário geral da Frente Sandinist de Libertação Nacional, Daniel Ortega, enviou uma mensagem de solidariedade ao povo e governo de Cuba ante as novas ameaças do governo dos Estados Unidos.



Havana – Igor Paluyan, embaixador de Belarus em Cuba, assegurou que as relações entre os governos de Minsk e Havana progridem e têm seu embasamento hoje em uma sólida amizade. Paluyan indicou que aos povos bielorusso e cubano lhes une uma amizade muito sólida, que data da década de 60 do século passado, quandose consolidou a revolução cubana.



Fonte: lavozdecubalibre.com



As prisões venezuelanas se enchem de presos políticos



Por Robert A. Sirico - sacerdote católico



Como sacerdote visitei muitas prisões, porém nenhuma me impressionou mais do que minha visita no passado 13 de junho a um cárcere venezuelano. A chamam de Helicoide por sua estrutura retorcida. Parece-se ao museu Guggenheim em Nova York, porém mais destruída e cheia de deinqüentes e priosioneiros políticos, além de ser o quartel da polícia secreta. Está localizada no centro da capital, no distrito Libertador de Caracas, uma selva urbana com cinco prefeitos para seus cinco milhões de habitantes.



Um desses prefeitos, Henrique Capriles, está preso lá por “intimidação pública”, “abuso de poder” e outros delitos inventados na origem de uma manifestação em frente à Embaixada de Cuba em 2002. Não se lhe formulou queixa e se lhe negou a liberdade sob fiança. Um tribunal encomendado ratificou sua prisão no mês passado.



Porém, todo o mundo aqui sabe que Capriles está preso por razões políticas. Trata-se de um conhecido opositor do presidente Chávez e de seu regime, notório em toda a região pela perigosa combinação de populismo, socialismo, protecionismo e nacionalismo. Para defender esta posição, Chávez militarizou o governo civil.



Como viajei para a Venezuela para participar de uma conferência sobre globalização, me interessei pelo caso de Capriles e quis visitá-lo. Em um país católico onde muito se respeita a Igreja, em parte por sua heróica oposição a Chávez, pode ter sido meu hábito de sacerdote o que me abriu as portas. Nas profundezas do Helicoide encontrei um agradável, inteligente e afável jovem que irradia fortaleza interna.



Neste dias Carriles deixou crescer a barba como símbolo de seu protesto por estar preso. Ele é o congressista mais jovem eleito na Venezuela e sua experiência política que inclui a presidência da Câmara dos Deputados, começou antes da chegada do imitador de Fidel Castro. Capriles participou da fundação de um partido novo: “Primera Justicia”. Descreve-se a si mesmo como um moderado e faz chistes porque seus companehiros às vezes o acusam de ser demasiado progressista.



Nem Capriles, que tem dois títulos em Direito, nem seus advogados entendem a ordem de prisão. As autoridades sustentam que ele participou de uma conspiração para assassinar Fidel Castro. O incidente foi filmado, porém só mostra o prefeito tratando de acalmar uma agitada aglomeração que rodeava a embaixada de Cuba, situada em seu distrito, que protestava contra a influência cubana na Venezuela. O embaixador cubano aparece agradecendo a intervenção do prefeito, porém o protesto mesmo é a principal “evidência” contra ele.



Sentado em uma pequena sala de visitas, sobre um assento que tiraram de algum automóvel, um dos meus acompanhantes examina as paredes e Capriles ri e diz: “Sim, há microfones por todas as partes”. Isto não surpreende em um edifício dos anos 50, construído pelo ditador Marcos Pérez Jiménez e que agora é o quartel da polícia secreta.



Chávez refere-se a Capriles como um oligarca radical que “trabalha para o império”. Tal retórica é seu estilo nestes dias. Fora do cárcere escutamos a voz de Chavez, retumbante na rádio. Do mesmo modo que seu ídolo Castro, em discursos maratônicos ataca a referendum e insiste que a batalha não é contra a “oligarquia branca” na Venezuela, senão contra um inimigo único: George W. Bush. E então, explodem aplausos.



Se Chávez pensa que Capriles vai retroceder está equivocado: o preso mantém seu otimismo tanto a respeito de seu caso como em relação a seu país. Quando lhe perguntei o que lhe mantém o ânimo, Capriles, cuja avó era judia, acaricia o rosário que carrega em seu pescoço e diz: “sou a terceira geração de imigrantes. Minha avó passou 26 meses no gheto de varsóvia sob os nazis. Eu só estou aqui há 33 dias; em comparação a ela, não é nada”. O problema, diz, é o poder judiciáro. Sem um poder judicário e independente não pode haver liberdade, nem democracia estável. A Human Rights Watch acaba de publicar um informe de 24 páginas denunciando o plano de duplicar o número de juízes do Tribunal Supremo de Justiça, antecipando a perda do referendum por parte do governo.



Esta é minha terceira visita à Venezuela e a primeira sob Chávez. A mudança é notável. Há mais violência nas ruas e a atmosfera está recarregada, com bairros que têm seus próprios guardas. Os noticiários de televisão do governo passam fitas cômicas cubanas sobre o que sucede aos que traem a revolução. Como sucedeu na Nicarágua, as campanhas de alfabetização dos “assessores” cubanos estão totalmente politizadas.



Em minhas conversas com diferentes venezuelanos – sacerdotes, porteiros, trabalhadores e jornalistas -, todos apontam o Referendum Revocatório de 15 de agosto. As pessoas pressentem que Chávez fará qualquer coisa para manter-se no poder, inclusive declarar um estado de emergência para evitá-lo. Outra preocupação são as máquinas de votação: a empresa que tem o contrato pertence ao governo de Chávez.



Um venerável ex-ministro, que participou do primeiro governo democrático, me disse que a maior preocupação é a fraude no referendum. A menos que os organismos internacionais estejam muito atentos, é provável que Chávez roube o resultado e os chavistas já estão falando em proibir a participação de observadores estrangeiros. De muitas maneiras, o caso Capriles simboliza tanto a tristeza como a esperança dos venezuelanos. A tristeza é que os melhores e mais brilhantes da nação estejam nessa situação; a esperança, é que ainda há gente como Henrique Capriles que é otimsta sobre o futuro do país.



Fonte: News – Noticias - www.VenezuelaNet.org



Traduções: G. Salgueiro



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