domingo, 8 de maio de 2011

Repressão em Cuba e falso dissidente

Muito se falou acerca da “abertura” ao capitalismo que o ditador hereditário Raúl Castro estava imprimindo à Ilha, alegando, os mais sonhadores porém desinformados, que finalmente o velho comunista havia se rendido e reconhecido o fracasso do socialismo. Nada mais enganoso. Eu sempre afirmei, desde que o velho abutre Fidel passou a “herança” para seu irmão, que não só as coisas não iam mudar como iriam piorar sensivelmente. E não me enganei até hoje, do mesmo modo que tenho tentado alertar para o perigo de se apoiar pseudo-dissidentes só porque, através de um bem elaborado trabalho de marketing, “alguns” foram alçados à categoria de “opositores perseguidos por lutar pela liberdade” em Cuba. Está tudo registrado aqui no blog e, quem quiser se dar ao trabalho de pesquisar, vai encontrar o que afirmo.
Na edição de hoje o Notalatina apresenta o informe mensal sobre a perseguição aos que verdadeiramente se expõem para lutar por um mínimo de dignidade humana e que, por isso, sofrem as piores represálias por parte deste regime genocida, tirano e despótico. As cifras são alarmantes. Para se ter uma idéia, só no mês de abril foram presas 271 pessoas, das quais ninguém (fora da ilha) sabe de sua existência ou clama por elas. Eu recebi no informe a lista nominal, mas não publico porque isto tornaria a edição muito longa. Entretanto, tive o cuidado de ler nome por nome e não encontrei ali nenhum dos famosos blogueiros, aqueles que a mídia nacional e internacional se rasga em defesa, alegando sua condição de “pobres perseguidos”.
Ainda nesta edição traduzo uma nota que recebi do informativo “La Voz de Cuba Libre”, do meu velho amigo José Luis Fernández, um incansável opositor da velha guarda cubana residente em Miami, acerca de um pseudo dissidente que até preso foi na repressão que ficou conhecida como a “Primavera Negra de Cuba”, ocorrida em março de 2003, onde 75 intelectuais entre jornalistas, médicos, economistas e bibliotecários foram presos com condenações que iam dos 15 anos a prisão perpétua, e que foi o primeiro a receber liberdade extra-penal. Seu nome é Héctor Palacios Ruiz, e só agora, 4 anos depois de sua libertação é que a legítima dissidência está se dando conta de que ele SEMPRE foi um agente do regime infiltrado no meio da dissidência.
Na foto que apresento ele está com outro “dissidente” suspeitíssimo, Oswaldo Payá Sardiñas que, tal como “la bloguera cariñosa” nunca sofreu a mais mínima repressão, ao contrário: contemplado com o prêmio Andrey Sakarov de Direitos Humanos, foi receber o prêmio na Europa e na volta foi regiamente aplaudido e recepcionado no aeroporto José Martí que ninguém me contou ou li em algum lugar: vi com meus próprios olhos numa cobertura feita pela CNN em Espanhol. E quem tem tantos privilégios assim, se não fizer parte da Nomenklatura? Casos de infiltrados que se faziam passar por dissidentes e que levaram até 20 anos para serem descobertos existem aos montes! Bem, deixo com a consciência de cada um as conclusões sobre o que tenho alertado. A mim só me cabe informar o que sei, com a paciência de aguardar que, quando aqui no Brasil estivermos passando pela mesma situação, como alertei sobre Chávez na Venezuela e só agora as pessoas estão percebendo, não venham me contar como se fosse uma “grande novidade”. Eu fiz a minha parte. Fiquem com Deus e até a próxima!

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Informe mensal de violações dos direitos humanos em Cuba - abril de 2011

Com 200 presídios em um território do tamanho do estado de Pernambuco, e com 1.119 presos políticos só no que vai deste ano,  Cuba não pode ter outro qualificativo senão  "Ilha-Cárcere"
Informe enviado por Trinchera Cubana.

Prisões por motivos políticos em 2010: 1.499
Prisões por motivos políticos em 2011: 1.119 (apenas nos 4 primeiros meses do ano).
Janeiro - 181
Fevereiro - 440
Março - 227
Abril - 271
O regime castrista continua violando selvagemente os direitos humanos de todos os habitantes da ilha. Seu aparato repressivo, o Departamento de Segurança do Estado (DSE) - órgão encarregado de reprimir os dissidentes por uma política de governo -, exerce brutais pressões contra a sociedade cubana que pede pacificamente respeito às liberdades fundamentais.
Apesar de que o regime está sobrevivendo graças às divisas que os familiares e as organizações de dissidentes no exterior enviam, os que exercem o jornalismo independente na ilha continuam sendo violentamente perseguidos. Igualmente os que simplesmente se reúnem ou se atrevem a manifestar opiniões contrárias às do regime. Todos estão sofrendo acosso, confiscações, ameaças, detenções, golpes e encarceramentos. 
A polícia política passou do acosso, ameaças e detenções de curta duração, a golpes brutais e atos de repúdio executados por brigadas para-militares, mas dirigidas por oficiais do DSE.
De 15 a 19 de abril - ao celebrar-se o VI Congresso do Partido Comunista, Raúl Castro afirmou que a oposição não teria espaço nas ruas nem nas praças -, nesses dias a polícia política deteve dezenas de opositores e sitiou suas casas. Além de realizar mítines de repúdio, não lhes permitiu sair de suas casas, que permaneciam vigiadas, e impediam a entrada ou saída de qualquer pessoa. Do mesmo modo sucedeu no dia 30, a poucas horas de se comemorar o 1º de Maio, Dia Internacional dos Trabalhadores.
Houve mais de 500 chamadas de denúncias de prisões - desde diferentes partes e penitenciárias do país - de seus familiares e ativistas de direitos humanos.
Efetuou-se o despejo de 8 famílias em Havana. A deportação de centenas de cidadãos a suas cidades, por ter sido declarados ilegais na capital e cidade Mayabeque. A confiscação de artigos de primeira necessidade de pequenos comerciantes que trabalham por conta própria, e produtos do agro de camponeses e intermediários, apesar das supostas novas disposições em contrário.
Efetuou-se a inauguração do Sidatorio, uma penitenciária “especial” em Camagüey (com 124 réus doentes de AIDS, que em sua maioria entraram na prisão sem esta enfermidade). Este reclusório soma-se à Lista de Centros Penitenciários Estruturados por Cidade que passam de 200 em toda a Ilha. Antes do socialismo só havia 20 centros de detenção em nível nacional.
Em 8 prisões (Cerámica Roja, Kilo 8, Sidatorio em Camagüey, Boniatico em Santiago de Cuba, Las Mangas e El Tipico de Manzanillo em Granma, Combinado del Este em Havana e Kilo 5 em Pinar del Río), 32 réus se auto-agrediram exigindo melhores tratamentos dos carcereiros e atenção médica especializada. 14 réus iniciaram greve de fome exigindo direitos básicos, dos quais ainda continuam Alfredo Noa Estopiñan, Andy Frometa Cuenca, Roilan Rodríguez Tito, Julio Rafael Mesa Fariñas, William Cepero García e Jonathan Rigondiao Frometa, esta última uma mulher.
Em Kilo 8, Camagüey, 16 prisioneiros solicitaram uma inspeção do Relator Especial Contra a Tortura da ONU. Nessa penitenciária se enforcou um recluso e outro se ateou fogo para chamar a atenção da opinião pública pelas torturas e condições de confinamento aplicadas aos condenados a prisão perpétua. 
Existem áudios, documentos e vídeos de testemunhos narrados pelas próprias vítimas, alguns postos nas mãos de Organismos Internacionais que velam pelo respeito aos direitos humanos no mundo. Trinchera Cubana oferece uma lista parcial dos detidos durante o mês de abril de 2011, compilada de informações a respeito procedentes da Ilha. Como é óbvio, esta lista é uma pálida imagem da realidade, pois as detenções das forças repressivas ao longo e ao largo da ilha são impossíveis de se reportar em sua totalidade por muitas razões, dentre elas as possíveis terríveis conseqüências que podem acarretar informar ao mundo sobre as atividades criminosas da tirania comunista. Que sirva de exemplo, pois dos milhares de presos políticos cubanos, disseminados desde há décadas pelas 200 penitenciárias da ilha, só se fala dos “75 da Primavera Negra” de 2003.
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(La Voz de Cuba Libre questionou Héctor Palacios durante sua visita a Los Angeles, sobre como obteve o dinheiro para suas viagens a 7 cidades da Europa, Ilhas Canárias, Porto Rico e 4 cidades dos Estados Unidos imediatamente depois de sair em “liberdade extra-penal” de Cuba, e de seu regresso à ilha com uma suposta condenação pendente de 25 anos de prisão. Os que a “bandas e fanfarra” o trouxeram para que conhecesse as caras dos exilados que se opõem ao castrismo nos criticaram e nos acusaram de radicais. Na continuação, graças a Nuevo Acción de Aldo Rosado, podem ler de alguém que conheceu pessoalmente Héctor Palacios Ruiz durante seus tempo como Vice-Ministro do Governo do Partido Comunista de Cuba).

“Conheci Héctor Palacios (primeiro da esquerda para a direita, e no centro Oswaldo Payá) em 1973 e ele foi meu chefe no Ministério de Mineração em 1976. Conheço muito bem, sua ex-esposa Zenaida, também capitã do MINIT. Ele, Ten-Cel da Inteligência Militar, seu chefe era Manuel Céspedes Fernández, Coronel. Marambio (o chileno) e Héctor Palacios estiveram juntos em La Moneda no assassinato de Allende e na subversão cubana no Chile. Em 1976 Héctor Palácios foi Vide-Ministro de Recursos Humanos do Ministério da Indústria Básica. Lá seu chefe foi Joel Domenech, acompanhante de Raúl na entrevista com Nikita Kruschev em 1962 e depois alto Chefe da Inteligência Militar. 
Desconheço quando Palacios deixou de ser Vice-Ministro. Jamais Palacios, por sua forma egocêntrica, vaidoso e boa vida que sempre foi, mudou de atitude para deixar de ser um cachorro castrista. Em Cuba ele mandou que me dessem um FRIO à CI e se não fosse por um ramo de marabú que encontrei, dois pistoleiros que me seqüestraram em Colinas de Villareal me teriam matado sob as ordens de Héctor Palacios.
Em um programa “Rumbo Sur” com Pedro Encinosa, Jesús Permuy, Ulises Carbó e este que escreve, falamos por telefone com ele para o programa desde Cuba e os que estavam com ele cortaram a comunicação quando eu lhe disse que me desse razões para sua mudança de atitude, e me justificasse o trabalho divisionista e de escavador que ele estava levando a cabo. Faz mais de 7 anos. Só basta ver a foto de quando saiu da prisão; ele pesava 70 libras a mais que seu peso normal, e foi a primeira liberdade extra-penal que deram aos 75. O preso que tenha dieta especial e visitas livres é do DSE. Quando eu estive preso fiquei até um ano sem visita; entrei com 186 libras e saí com 129 libras, tuberculoso e cego.
Fernando Ed Prida”.
Comentários e traduções: G. Salgueiro