terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O destino da Venezuela nas mãos de Cuba e Rússia

Foto de Chávez tirada por algum enfermeiro ou médico através de um celular, daí a baixa resolução. Observa-se a verruga no alto da testa, a bata hospitalar e o traqueóstomo. Esta sim, parece ser o Chávez real e atual.

E Chávez voltou para morrer em casa. É justo e é digno. Curiosamente, conforme me chamou a atenção um amigo, partiram de Havana no mesmo dia, Chávez e a blogueira Yoani Sánchez. Ele chegou de madrugada, secretamente, em um avião previamente preparado para o transporte, tendo como acompanhantes Maduro - é claro! - e a equipe de médicos e enfermeiros que o assistiam no CIMEQ. Ela também chegou de madrugada ao Recife, e depois disso a imprensa do mundo inteiro não fala de outra coisa. Hoje pela manhã recebi um telefonema de uma jornalista de Miami querendo saber se eu tinha ido entrevistá-la, como falar com ela ou com o produtor do filme. Expliquei-lhe que não fui ao aeroporto pelo avançado da hora, que ela havia chegado e partido em seguida para Salvador que distava muito da minha cidade, e que não conhecia o diretor do tal documentário em que ela participou.

Coincidência ou não, dessas duas saídas “ilustres” de Havana, a segunda abafou convenientemente a primeira.  A mídia inteira tem divulgado que Chávez foi levado para o 9º andar do Hospital Militar, mas uma equipe do jornal Últimas Noticias esteve lá tentando colher alguma informação e ninguém soube informar nada. Nem a guarda presidencial, nem faxineiros, tampouco o corpo de enfermagem. Maduro havia pedido à multidão que se aglomerava em frente ao hospital que não fizesse algazarra que no devido tempo eles iriam ter notícias, dispersando assim a militância histérica.

Entretanto, como tudo neste caso - e como ocorre com todo chefão comunista, sobretudo se está sob o controle dos Castro -, o verdadeiro paradeiro de Chávez não é o anunciado. Nelson Bocaranda informa em sua coluna de hoje que Chávez “viajou sob sedação e ao chegar à Venezuela, foi levado em ambulância a uma instalação especialmente preparada no Fuerte Tiuna. Lembremos que já antes de 2011 ele esteve recolhido nessa guarnição militar na residência que antes havia sido do ministro da Defesa e que foi convertida em uma segunda casa presidencial”.

Bem, e por que estou falando disso? Porque enquanto ele esteve em Cuba e o governo do país foi usurpado, com a conivência de todos os países aliados pertencentes ao Foro de São Paulo, Maduro e Cabello começaram a dilapidação do país. Segundo uma denúncia do deputado oposicionista por Carabobo, Carlos Eduardo Berrizbeitia, Secretário Geral Nacional do Projeto Venezuela, o governo tenta conseguir o voto 99 na Assembléia Nacional, necessário para habilitar os irmãos Castro no governo. Segundo o deputado, “quem decide os destinos do país são Fidel e Raúl Castro, através de altos funcionários do governo venezuelano, mas necessitam um marco legal, avalizado pelas instituições que lhes permitirá legislar e governar a Venezuela desde Havana”.

Berrizbeitia afirma ainda que, através da coação os deputados oficialistas estão tentando desesperadamente conseguir o voto 99 para aprovar uma Lei Habilitante dando plenos poderes aos Castro. Essas leis habilitantes correspondem mais ou menos às nossas “medidas provisórias”, só que permanentes, cuja criação se deu após Chávez perder o referendo de 2008 que permitiria sua re-eleição indefinida. E fazendo uso dessa prerrogativa foi que ele passou por cima da vontade popular e se deu esse direito legalmente. Reza o Artigo 203 da Constituição Nacional:

“...São Leis Habilitantes as sancionadas pela Assembléia Nacional pelas três quintas partes de seus integrantes, a fim de estabelecer as diretrizes, propósitos e o marco das matérias que se delegam ao Presidente da República, com grau e valor de lei. As Leis habilitantes devem fixar o prazo de seu exercício”.

No dia 1º de novembro Chávez havia ordenado preparar uma “cobertura” especial para um militar cubano de alto grau, que desempenharia funções de “Assessor Adjunto” no Ministério do Poder Popular para a Defesa (MPPD). Sabe-se que Chávez costumava festejar os aniversários desses amigos cubanos com grande pompa, dentre os quais se incluem 14 deles que realizam tarefas de “assessoramento”, tanto no MPPD, como no Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional, o temível SEBIN, assim como no Gabinete Presidencial.

Esses militares realizam esse tipo de trabalho na Venezuela, Bolívia e Equador. Seus nomes podem ser verificados AQUI, juntamente com o número de seus passaportes. Do mesmo modo, como parte de um projeto para re-estruturar os organismos de inteligência venezuelanos, intitulado “Projeto Escudo Cubano”, encontram-se no MPPD quatro membros do KGB bielorrusso: Mikhail Kostsiurau, Dzmitry Hrytsenia, Ihiar Siamashka e Ivan Rassokau, cujos números de passaporte constam da matéria.

O adido militar venezuelano na Bielorrússia, General de Brigada Luis Eduardo Médori Viamonte, é um assíduo visitante do quartel da inteligência bielorrussa, a cargo do Major-General Vadin Zaitsev, com quem realiza incontáveis escapadas tanto para Teerã como para a Turquia, para retirar e realizar transferências de dinheiro bolivariano, segundo se tomou conhecimento através das seguintes contas: #8400020000177 do Belarusbank, #27-48076967 do Banco Nacional de Dubai e uma no Garantikbank de Ankara. Há na Escola Militar de Cadetes da Bielorrússia militares venezuelanos fazendo curso de aperfeiçoamento em sistema de mísseis, manejo de artilharia anti-aérea e inteligência de sinais. Enquanto isso, os donos desses dinheiros, os cidadãos venezuelanos, afundados na miséria, na violência desmedida e no total desabastecimento, conforme já comentei em outra edição.

O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) afirmou que está pronto para juramentar Chávez como presidente assim que os médicos dêem seu aval. Soube-se que eles pretendiam ir até o hospital e tomar o juramento a portas fechadas, o que se configura mais um fraude porque, sem testemunhas fora do eixo da Nomenklatura, não se pode afirmar com segurança que foi ele mesmo quem jurou. A esse respeito, o advogado constitucionalista Gerardo Blyde afirmou o seguinte em entrevista à Globovisión

“A juramentação não pode ser como afirmaram ontem os porta-vozes do PSUV, quando o mandatário esteja ‘bem e saudável’. Ele deve ser juramentado não só ante a presidência do TSJ, senão ao menos ante a metade mais um dos magistrados que devem constituir-se para a sessão de maneira formal”. Ele acrescentou ainda que, se o mandatário pode tomar decisões e expressá-las, está apto para se juramentar porque isto não depende das capacidades motoras mas de poder tomar decisões válidas.

Bem, com isso ele deixou Maduro, Cabello, Villegas, a presidente do TSJ e Cilia Flores em apuros, uma vez que desde o leito de UTI, Chávez enviou mensagem de Natal aos militares, nomeou Elías Jaua como chanceler, enviou extensa mensagem à Cúpula da CELAC, e mais recentemente, no mesmo dia em que regressava de Havana, teve tempo e disposição para enviar uma mensagem de felicitações ao presidente do Equador, Rafael Correa, pela sua vitória na re-re-eleição. 

E ao chegar na Venezuela, teria escrito Chávez em sua conta de Twitter: “Chegamos de novo à Pátria venezuelana. Obrigado, meu Deus! Obrigado, Povo amado! Aqui continuaremos o tratamento”. Por mais chocante que pareça, coloquei a foto que recebi hoje de um contato venezuelano e que, embora não haja 100% de confirmação, tudo leva a crer que é mesmo dele, para que se possa analisar se uma pessoa nesse estado é capaz de ter escrito tudo o que escreveu, tomou decisões, fez nomeações e mais que isso: está em condições físicas e mentais de tomar posse e continuar governando.

É um verdadeiro escárnio, um desapego total à verdade e um desrespeito incomensurável ao povo venezuelano que se minta tanto, se roube tanto e se venda o país - que é de TODOS os venezuelanos - a abutres comunistas cuja vida humana não passa de um objeto de uso pessoal que é descartada como um papel higiênico usado. E conforme eu anunciei antes, o retardamento em declarar a impossibilidade de Chávez ser empossado, passando o governo provisório a Cabello e chamando a eleições em trinta dias, era para dar tempo ao usurpador chofer de ônibus de fazer sua campanha, de modo a garantir a vitória nas eleições. Bingo! Numa pesquisa de opinião feita ontem Maduro ganharia com folga, sobretudo porque a oposição está dividida, fragmentada e sem um líder visível, depois da traição descarada de Henrique Capriles. Sinto profunda lástima por tudo isso que estão passando os bons venezuelanos, tantos amigos queridos, do fundo do coração. Fiquem com Deus e até a próxima!

Comentários e traduções: G. Salgueiro