quinta-feira, 4 de abril de 2013

O Foro de São Paulo e a ingerência nas eleições presidenciais latino-americanas

O Foro de São Paulo e a ingerência nas eleições presidenciais latino-americanas

Walter Pomar, Secretário Executivo do Foro de São Paulo, preside reunião do Grupo de Trabalho para apoiar candidatura de Maduro como "herdeiro" de Chávez

Enquanto o mundo cristão realizava as celebrações da Semana Santa e Páscoa, o Grupo de Trabalho (GT) do Foro de São Paulo (FSP) organizava um encontro extraordinário para o dia 1º de abril, considerando que poucos dias depois faria um mês de declarada oficialmente a morte de Chávez. No início do mês de março de 2013, o Comitê Executivo do FSP reuniu-se no México onde ficou acordado que nos dias 25 e 26 daquele mês convocariam um encontro mundial de intelectuais, escritores, poetas e artistas em Caracas para homenagear Chávez. Foi no México também onde se decidiu que o XIX Encontro anual do FSP será dedicado a Chávez e ao apoio a Nicolás Maduro na eleição presidencial. 

Durante esse encontro no México, o presidente do Parlatino (Parlamento Latino-americano) e também presidente do PSUV, o venezuelano Rodrigo Cabezas, lembrou que o discurso de encerramento do XVIII do FSP, realizado em Caracas por Chávez, foi marcante. Foi naquele encontro que, sabendo que não teria condições de concorrer às eleições pelo seu já deteriorado estado de saúde, Chávez decidiu com os ditadores Castro que iria se candidatar e que Maduro seria seu sucessor. Para Cabezas, o discurso final de Chávez “marcou o Foro e também a Revolução Bolivariana, constituiu um exemplo então e mais agora que estamos frente a um processo que transborda as nações, pertence a um continente em constante mudança e transformação”. E acrescentou: “Por isso o Foro de Caracas é considerado pela esquerda como um ‘antes e um depois’, um renascer das forças de esquerda”.

O GT do FSP reúne-se quatro vezes ao ano, trimestralmente, onde são discutidos os pontos a ser abordados no próximo encontro anual, e dele participam apenas os delegados de alguns países-membros, em média de 12 a 15. Desta vez, entretanto, a reunião foi extraordinária e contou com a participação de delegados de 27 organizações, movimentos e partidos políticos comunistas de 18 nações da região porque eles tinham pressa em organizar o apoio à candidatura de Maduro e, aproveitando-se da imagem ainda fresca de Chávez, prestar-lhe homenagens que não passam de puro jogo de marketing. Daí tantos delegados, daí a urgência do encontro que violou os regulamentos do CNE, uma vez que as campanhas eleitorais foram autorizadas a começar no dia 2 de abril e o encontro deu-se no dia 1º.

Como parte das atividades deste evento, constou a aposição de uma placa no Quartel da Montanha - onde se encontra o esquife de Chávez - com a seguinte inscrição: “Hugo Chávez Frías, venezuelano, latino-americano e caribenho, líder da Revolução Bolivariana, porta-voz da unidade e da integração de Nossa América, íntimo irmão dos povos do mundo, socialista do século XXI”. A esse respeito, Walter Pomar (PT), Secretário Executivo do FSP, declarou que defende o legado integracionista de Chávez e que, para a continuação desse legado é fundamental que “Nicolás Maduro seja eleito presidente da Venezuela, assim como Dilma na eleição do próximo ano no Brasil, que o bloco kirchnerista continue governando na Argentina, que Evo Morales, Rafael Correa e Daniel Ortega sejam re-eleitos, porque são eles que mantêm a fortaleza do processo de integração”.

O GT do FSP aprovou a Declaração de Caracas (ainda não foi publicada, só citada) na qual “a esquerda socialista, nacionalista, progressista e revolucionária da América Latina e do Caribe declara o comandante Hugo Chávez herói da região”. Lula também foi convidado mas não compareceu, enviando um vídeo do mesmo modo como fez no XVIII Encontro ocorrido em Caracas, respaldando seu apoio à candidatura de Chávez. Mesmo alegando que não queria interferir nos assuntos internos da Venezuela, Lula não se ruboriza em fazer exatamente o que nega com palavras. Dentre outras coisas, disse ele: “Não quero interferir em assuntos internos da Venezuela, mas não posso deixar de dar meu testemunho sincero. Maduro presidente, é a Venezuela que Chávez sonhou”. Do mesmo modo como sempre fez no Brasil, Lula cuspiu nas leis eleitorais venezuelanas, meteu-se em assunto que não é de sua alçada e descaradamente fez campanha para Maduro. Vejam no vídeo abaixo:


 


Outra das deliberações desse encontro é a realização de atos em memória de Chávez no dia 5 de abril, quando se comemora um mês do seu anunciado falecimento, e apoio a Maduro em toda a América Latina e ao redor do mundo. Segundo informa o site do PT, “a mesma articulação política que reuniu organizações e personalidades no comitê “Brasil está com Chávez” retoma o trabalho para apoiar a candidatura de Maduro”. Me soa como uma afronta que se use o nome do país, que envolve todos os cidadãos, numa campanha onde apenas os partidários desta ideologia assassina apóiam os atos totalitários de regimes como os de Cuba, Coréia do Norte e da mesma Venezuela. Isto demonstra cabalmente que o PT é um Partido-Estado autoritário, onde o pensamento e as determinações deles são leis que não podem ser desacatadas. Esta gente não me representa, nem pode falar ou apoiar um terrorista usurpador em meu nome!

Este evento do dia 5 de abril é organizado pelo “Comitê de Campanha Brasil com Chávez está com Maduro” e é apoiado por: Foro de São Paulo, ALBA Movimentos, PT, PCdoB, PSOL, MST, CEBRAPAZ, Levante Popular da Juventude (aquele que agrediu velhos militares e pixou muros e calçadas de suas casas) e Consulta Popular. Neste encontro ilegal e extraordinário também se elaborou o programa do XIX Encontro que vai ser em São Paulo, entre 29 de julho e 4 de agosto cuja programação pode-se ver aqui.

Na edição do Notalatina do dia 25 de março, eu publiquei uma nota em que se denunciava que Nicolás Maduro não era venezuelano e sim colombiano de Cúcuta, mas deixei claro que não havia confirmação da veracidade de tal denúncia. Ontem o Canal RCN publicou uma reportagem provando que a mãe dele de fato é natural desta cidade colombiana, conforme eu havia publicado. Nesta reportagem há um vídeo onde se mostra a cédula eleitoral da senhora Teresa de Jesús Moros de Maduro, a qual não foi dado baixa, indicando que ela está viva com a idade de 83 anos. Entretanto, como não votou nas últimas eleições, o repórter concluiu, muito apressadamente e sem qualquer prova, que ela “não vive mais na Colômbia”. Ora, ela pode não ter ido votar por causa da idade avançada ou outro motivo qualquer! E o que mais chama a atenção é que, sendo os pais colombianos - dele não se tem notícia, apenas que estudou em Ocaña, Norte de Santander - como Nicolás Maduro é venezuelano? Onde vivem hoje os pais dele, alguém tem notícia? Ao que tudo indica, estamos diante de outro caso de falsidade - ou mistério - sobre a nacionalidade de um candidato à Presidência da República e que, como no caso Obama, ninguém se atreve a investigar e denunciar aos órgãos competentes porque todos os três poderes venezuelanos foram seqüestrados pelo chavismo que farão vistas grossas a esse possível crime.

Outro fato gravíssimo que os conspiradores do Foro de São Paulo não deixam o povo saber, para poder continuar cultuando esse pseudo-herói e usando sua imagem em benefício de seu falso sucessor, é que no dia 17 de outubro de 2012, depois de se submeter a exames em Havana e ser informado de que lhe restavam uns 60 dias de vida, Chávez transportou 13 toneladas de ouro das reservas do Banco Central venezuelano que foram transportados em um avião russo, que partiu do aeroporto de La Calota às 6 horas da manhã do dia 20 de outubro até o aeroporto de Rancho Boyero em Cuba. Além disso, ele tirou das reservas internacionais 20 bilhões de dólares americanos que foram depositadas no Banco Central de Cuba. Daí que as reservas da Venezuela dispõem de apenas 1.200 milhões e por isso as restrições de divisas para importar necessidades básicas como alimentos, medicamentos, reagentes para laboratórios e equipamentos médicos, gerando uma grave situação alimentar, provocando um desabastecimento severo no país, como temos visto a corrida por frango, farinha de trigo e de milho, papel higiênico, etc., e ameaça eclodir uma situação calamitosa de vastas proporções no país nos próximos meses.

É necessário que se conheça os planos do Foro de São Paulo para a Venezuela e todo o nosso continente, apoiando ditadores larápios que usurpam não só as funções dos três poderes, como as riquezas das nações como se fossem bens pessoais. Fiquem com Deus e até a próxima!

Comentários e traduções: G. Salgueiro