segunda-feira, 21 de outubro de 2002

O dia hoje está cheio de notícias que nos deixam a todos apreensivos: a greve geral conclamada pelos opositores do presidente Hugo Chávez, a situação em Medellín, na Colômbia, ainda tensa com os ataques sistemáticos das FARC e aqui no Brasil, a expectativa com relação ao próximo domingo, do qual já começamos a contagem regressiva. Isso, sem falar em Cuba, que todo dia me chegam notícias escabrosas das violações aos mais elementares direitos humanos.



Com tantas notícias assim, resolvi divulgar uma matéria do jornal El Nuevo Herald, que dá conta do perigo que vem dos céus da Colômbia. A meu ver, é uma questão grave e que não deve ser desprezada, sobretudo quando sabemos das alianças fraternas que o PT mantém com esses criminosos, apesar do esforço que fazem não só em negar, como proibir que alguém mencione o que todo mundo já sabe. O que eu acho curioso é esssa contradição: se eles apoiam (e consta lá, no site do Foro de São Paulo para quem quiser ver) as FARC, acreditando que são pessoas decentes e honestas apenas com sede (e direitos!) de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, por que repreendem os que ousam perguntar sobre essa ligação tão íntima e solidária? Ou eles mentem para o eleitorado, ou traem seus parceiros negando seus laços. Eu só queria entender...



PERIGO DE TERROR AÉREO NA COLÔMBIA



Gonzalo Guillen



Enquanto os colombianos começam a perceber pela primeira vez a realidade da guerra urbana aberta, outra fase nova do conflito armado abre passagem com sinais de perigo iminente: o terrorismo por via aérea mediante o emprego de esquadras de helicópteros e aviões que têm constituídas as FARC e seus inimigos, os paramilitares de extrema direita, revelaram a El Nuevo Herald fontes da Força Aérea Colombiana (FAC) e analistas de inteligência militar europeus.



”Pelas informações recopiladas, há indícios que assinalam que as FARC da Colômbia estão com capacidade de utilizar as aeronaves que têm em seu poder, para futuros ataques contra instalações militares ou governamentais que representem um objetivo tático ou estratégico de importância”, advertiu Antonio Ferrara, diretor da companhia espanhola Análisis e Inteligência, que assessora em temas de alta segurança 40 companhias privadas ao redor do mundo e forças militares de várias nações.



O inspetor da FAC e ex-comandante de operações dessa arma, general Gonzalo Morales, explicou a El Nuevo Herald que as FARC têm em seu poder ao menos quatro helicópteros de capacidade média, que furtaram na Colômbia e países limítrofes, assim como um número indeterminado de aviões bimotores e monomotores, alguns dos quais funcionam amparados por empresas de fachada, dedicadas ao transporte aéreo privado. Um esquema que foi idealizado pelos cartéis do narcotráfico.



De acordo com Morales, mais de 80 por cento da geografia nacional é controlada por radares aeronáuticos e estratégicos terrestres, que permitem vigiar o espaço aéreo em forma horizontal. Entretanto, a Colômbia carece de naves-radar para fazer inspeções verticais, e essa circunstância é aproveitada pelos irregulares para fazer voar suas naves a alturas baixas, fora do alcance dos sistemas de observação existentes.



A firma Análisis e Inteligência concorda com o general Morales: “As FARC podem ter uns quatro helicópteros, a maioria da classe Bell 212. Não temos a menor dúvida de que pelo menos dois Bell encontram-se artilhados”.



”Também conseguimos confirmar que este grupo tem em seu poder uma série de aviõezinhos bimotor e monomotor que são utilizados em tarefas de logística, abastecimento de diversas frentes (de guerra) e deslocamento de comandantes desta organização. Além disso, estas aeronaves poderiam ser convertidas em bombardeiros em curto tempo ou poderiam utilizar como bombas (ar-terra) os botijões de gás doméstico recheados com explosivos que os rebeldes empregam em suas ações terrestres, com efeitos notavelmente destrutivos”, acrescentou Morales.



Os ataques de 11 de setembro de 2001 em Nova York e Washington, mostraram que o terrorismo por via aérea podia superar qualquer cálculo de segurança e, entretanto, as forças militares colombianas tiveram mais sorte que as norte-americanas ao ter conseguido recolher abundante informação prévia do que poderia ser um atentado em grande escala.



Por exemplo, em abril deste ano, bombardeiros das FAC destruíram em terra um aviãozinho Cessna 206 de bandeira venezuelana, carregada com explosivos enriquecidos que as FARC iam empregar para devastar as instalações da Brigada 18 do Exército, na cidade de Arauca, limítrofe com a Venezuela.



Foi a primeira vez na Colômbia que se soube de projetos criminosos aéreos iminentes e evitou-se o que podia ser “uma grande trajédia”, de acordo com o comandante da Segunda Divisão, general Martín Orlando Carreño.



No final de agosto passado, na mesma região de Arauca, o Exército reteve de uma bateria de cinco aeromodelos de um metro e meio de envergadura cada um, que estavam sendo carregados com explosivos para dirigí-los por controle remoto contra a Brigada 18.



Uma alta fonte de inteligência da FAC explicou a El Nuevo Herald que, entretanto, o emprego de aeromodelos explosivos está em etapa de experimentação e sabe-se que as FARC estão buscando sistemas de controle remoto com alcance de até três km. A Colômbia não conta com equipamentos “perturbadores de frequência” que poderiam neutralizá-los.



A mesma fonte revelou que em Bogotá a Polícia também encontrou um avião de aeromodelismo que ia ser dirigido do terraço de um edifício, para efetuar um ataque experimental com explosivos capazes de penetrar metais.



Durante este ano, os radares de controle de Bogotá detectaram três vôos clandestinos. Em um caso, caça-bombardeiros da FAC avistaram um bimotor que perdeu-se, voando para o sul da cidade, e nos outros dois acreditou-se que podia ter-se tratado somente de um vírus nos programas dos equipamentos de controle. Estas hipóteses, de acordo com a fonte de inteligência, não foram confirmadas.



Em dezembro de 2001, a Polícia confiscou em Bogotá um lança-foguete ar terra do tipo M-3, igual aos que utilizam os helicópteros estadunidenses de combate UH-1 Huey.



”Este lança-foguetes, com os conhecimentos adequados, pode ser instalado em qualquer das aeronaves que as FARC possuem, em especial no Bell 212 e junto com uma metralhadora Browing.50 converter um aparelho aéreo de uso civil no equivalente a uma nave artilhada, com capacidade para atacar qualquer alvo fixo ou móvel que se encontre em terra”, explicou Análisis e Inteligência.



A versão mais próxima a um equipamento deste tipo parece estar em poder dos paramilitares. Trata-se de um helicóptero, possivelmente um Bell 212. Está pintado com as cores e as insígnias da Polícia Nacional e é utilizado para apoiar tropas terrestres durante seus frequentes combates com as guerrilhas. Dele deram conta, entre outros, camponeses da região do vale do rio Cimitarra, no centro do país.



Carlos Castaño, chefe dos para-militares, sustenta que sua organização criminosa possui sete helicópteros, porém as autoridades consideram que não são mais do que quatro.



Em maio passado, a FAC destruiu perto da fronteira com o Panamá um Bell 212 artilhado dos paramilitares, e acredita-se que nessa facção ficou somente um com capacidade de fogo.



Os aviões médios das FARC e dos paramilitares voam constantemente transportando cocaína, principalmente para a América Central, e regressam carregados com armamentos e apetrechos que repartem em suas frentes de combate.



Um exemplo, entre muitos, pode ser um avião que em 13 de abril passado levou até Honduras 630 kg de cocaína e decolou de volta à Colômbia com uma provisão de 247 fuzis AK-47. Entretanto, despedaçou-se na zona de La Mosquitia e o arsenal ficou espalhado ao redor dos restos calcinados da aeronave.



Fonte: El Nuevo Herald



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