A situação na Venezuela está cada dia mais crítica e tensa. A grande e pacífica passeata ocorrida na quinta-feira passada, dia 10, serviu como um termômetro para mostrar o grau de insatisfação da população com relação a seu dirigente, o presidente Hugo Chávez.
Ele sabe que está perdendo terreno dentro de sua própria casa e agora aposta muitas fichas na eleição brasileira, que, com o apoio de Cuba, lhe servirá de reforço e poderá devolver-lhe o poder, que está por um triz. Esse assunto tem sido tratado com sigilo absoluto, e vem sendo negado até aonde é possível, mas não é possível esconder que o candidato petista recebeu recentemente de presente (talvez um amuleto de boa-sorte), uma réplica da espada de Simón Bolívar, vindo do amigo venezuelano. Para quem entende de símbolos, esse presente tem um cunho muito especial...
Quem viu as imagens desse gigantesco movimento, deve ter visto, também, que haviam cartazes, faixas, escrito em camisas a frase: ”Al loco le falta poco”, numa demonstração clara da pressão que o povo está fazendo para a retirada de Chávez do governo.
Em matérias publicadas na Unión Radio, da Venezuela, as percepções dos acontecimentos entre o presidente da Alianza Bravo Pueblo, e o presidente Hugo Chávez são, obviamente, bem diferentes.
OPOSIÇÃO ADIANTARÁ DATA DA PARADA CÍVICA NACIONAL
Enquanto o presidente Hugo Chávez se importava com uma possível paralização indefinida em escalas nacionais, em seu programa de rádio, membros da Coordenação Democrática levaram a cabo uma reunião onde se decidiu adiantar a data da greve que a central trabalhadora havia convocado para o próximo dia 21 de outubro, com o objetivo de pressionar eleições antecipadas, onde se consultará a população venezuelana sobre quem deve conduzir a primeira magistratura.
O presidente da Alianza Bravo Pueblo, Antonio Ledezma, disse que a saída do presidente Hugo Chávez será imediata e democrática. Também deu a conhecer alguns dos pontos da declaração de princípios proposta por César Gaviria, representante da OEA, e sugere que o desarmamento dos grupos armados se faça na presença de observadores internacionais.
”A coordenação ratifica que está subscrita no espírito da Declaração de Princípios, a convocatória a uma consulta popular antecipada, com o objetivo de superar a grave crise de governabilidade. Quando falamos de eleição popular antecipada, estamos nos referindo a uma consulta na qual o protagonista deve ser todo o povo da Venezuela”, disse.
O dirigente de Visión Emergente, Cipriano Heredia, fez um chamado à população para que no dia da parada cívica não realize nenhum tipo de compras nos comércios que abram suas portas, e pediu aos venezuelanos que protejam a propriedade privada nesse dia, ainda não determinado.*
Por seu lado, o deputado por Primero Justicia, Julio Borges, informou que a próxima semana será proposto à Assembléia Nacional que se convoque um referendum consultivo. Borges intimou o presidente Chávez a rubricar pessoal e unicamente a declaração de princípios apresentada por Gaviria. Também fez um chamado à Força Armada Nacional, para que os acompanhem na consulta popular.
*Há na Venezuela muitos comerciantes de origem árabe, que mantêm contatos “estranhos” com patrícios da Arábia Saudita, bem como desembolsam grandes quantias de dinheiro para a manutenção das milícias bolivarianas. Comenta-se, ainda, que esses comerciantes são francamente anti-semitas e que declaram seu apoio a Arafat. (Notalatina)
O PRESIDENTE CHÁVEZ CONVOCA À MARCHA OFICIAL DE AMANHÃ, 13 DE OUTUBRO
Na edição nº 122 de seu programa “Alô presidente”, o primeiro mandatário nacional, Hugo Chávez, celebrou os seis meses dos fatos de abril, no qual, segundo ele, se mobilizaram oito milhões de pessoas a “varrer a tirania”. Convidou à marcha oficial da manhã de domingo que partirá do Poliedro de Caracas até a avenida Bolívar. “Nós sim, é que vamos transbordar de verdade essa avenida”, assegurou.
Hugo Chávez afirmou que “entre os dias 12 de abril, 13 de abril e 14 de abril deste ano, de modo espontâneo se mobilizaram na Venezuela, em todas as partes, desde pequenos grupos até grandes massas, não menos de oito milhões de venezuelanos, quer dizer, um terço da população aproximadamente, desde jovens até crianças, mulheres, homens, camponeses, estudantes, trabalhadores de todos os setores da vida nacional”.
Chávez comentou que esse foi um povo que veio, um povo que se fez presente e que foi capaz de varrer, pacificamente, assim como varreria a avó Rosa Inés, cantando canções, o pátio da casa velha; assim este povo, cantando canções, com coragem, pacificamente varreu a tirania, varreu as apetências de grupos minoritários”.
Fazendo clara referência ao curto interinato de Pedro Carmona Estanga durante a vacância do poder em 11 de abril deste mesmo ano, Hugo Chávez criticou que quando “se auto-juramentou o tirano”, se pretendeu dissolver a Assembléia Nacional e o Tribunal Supremo de Justiça.
O presidente Chávez desconsiderou a parada cívica nacional que aconteceu em 9 de abril, chamando de “uma parada falsa porque não pararam o país”.
Hugo Chávez indicou que “os dias 12 de abril e, sobretudo o 13, podemos tomar-lhes como bandeira, creio que podemos tomar-lhes como bandeira. Amanhã vamos celebrar o dia da consolidação da revolução bolivariana”. O primeiro mandatário nacional convidou os cidadãos a participarem da marcha que se levará a cabo na manhã de domingo, em apoio ao seu governo.
Apesar de Chávez ter reiterado várias vezes seu chamado para que as pessoas “se vão organizando” para participar e mobilizar-se à marcha oficial, disse que “o fato da espontaneidade” é o que vai imperar na manifestação.
Fonte: Unión Radio de Venezuela
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