domingo, 3 de dezembro de 2006



Conforme o Notalatina anunciou em sua última Edição Extraordinária, estamos em estado de Alerta Vermelho com a crítica situação da Venezuela, a poucas horas das eleições presidenciais. Neste boletim extra de hoje não quero comentar muito mas apenas traduzir uma matéria que recebi ontem e que só vem confirmar o que já venho denunciando neste blog: o desespero de Chávez com a possibilidade de ser defenestrado amanhã é nítido e, para isso, ele vem preparando sua milícias há tempo.


O que vocês vão ler é a confirmação, pela boca dos bandos terroristas “Carapaica” e “Tupamaros” (estes são apenas alguns de muitos outros que têm apoio oficial), que desde o início da era Chávez vêm aterrorizando o país e matando por puro prazer. São, conforme instruções do mega-assassino Guevara, verdadeiras “máquinas de matar”. Que Deus proteja aquele bravo povo que só deseja ordem, segurança, liberdade, paz e progresso em seu país. Fiquem com Deus e até a qualquer momento.


Comentários e tradução: G. Salgueiro

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Os ultra de Chávez: “Se for preciso fuzilar, se fuzila”


Junto ao palácio presidencial de Miraflores, em pleno centro de Caracas, aguardam com suas pistolas e seus fuzis Kalashnikov os guerrilheiros do chavismo. São civis, provavelmente armados pelo movimento bolivariano no poder e com longa tradição de violência na Venezuela.


“Somos o Movimento Revolucionario de Liberación Carapaica. E eu, o Comanadante Murachí”. Treze guerrilheiros armados até os dentes exibem seu poderio no coração de Caracas. E com os dentes muito afiados: metralhadoras, bazucas, fuzis de assalto, pistolas e granadas. São o braço armado do chavismo, o músculo mais radical do presidente Hugo Chávez, que tem seu feudo eleitoral nos bairros centrais e nos ranchitos, as favelas da enlouquecida Caracas. Estão dispostos a dar sua vida pela Revolução Bolivariana. Hoje puseram o capuz (feito aqueles dos ninjas) que os tornou tão famosos quanto temidos. Querem ditar sua doutrina de cara com as eleições de 3 de dezembro na Venezuela.


Após duas semanas de negociações, os guerrilheiros de Chávez compareceram ante as câmeras de Interviu, mesmo que não se possa vê-los. Várias bandeiras e a escurdão do andar escolhido, escondem sua localização. Tudo sob controle em seu território: bairro 23 de Janeiro, Caracas, bastião da Revolução.


“Chávez deve superar os 10 milhões de votos para anular as pretenções de derrotar seu governo”. O comandante ajusta os óculos que sobressaem da abertura de seu capuz. Soa a canção “Comandante”, a que Carlos Puebla compôs em honra de Che Guevara, a qual se ouve tantas vezes nos cafés turísticos de Havana. Murachí soltou o verbo. Os Carapaicas já têm pronto seu plano B, ante a “sabotagem eleitoral” que poderiam estar preparando, segundo o jargão chavista, os ultra-direitistas, os traidores, a CIA e o Mossad: “Distribuimos instruções para a defesa cívica. Há setores militares e políticos que utilizam o povo. Tomaremos o oeste de Caracas e nos entrincheiraremos junto ao povo e se aparecer um tanque da Guarda Nacional, não poderemos saber de que lado está. Teremos que atirar”.


Carapaicas, chirinos, Frente de Resistência Popular Tupamaro, os Montaraz... São trinta organizações e 2.000 homens armados que formam as milícias urbanas do bairro 23 de Janeiro. A Polícia Metropolitana e a Guarda Nacional já conhecem seu poderio guerreiro, demonstrado em datas-chave da nova Venezuela, desde o frustrado golpe de 11 de abril de 2002 até as grandes marchas, ou manifestações de rua. O germe rebelde cresce neste bairro desde há décadas. Sua aparição formal remonta a 1989, quando o caracaço contra Carlos Andrés Pérez converteu-se em um ensaio de revolta revolucionária. O falido golpe posterior de Chávez consolidou a milícia urbana, que nunca deixou as armas.


Só no 23 de Janeiro se pode entender a existência destas milícias. Trinta e oito super blocos de até 450 apartamentos e 42 edifícios menores se levantam imponentes, como dinossauros de cimento, a poucos metros do palácio presidencial de Miraflores. Foi o ditador Marcos Pérez Jiménez que idealizou tamanha aventura urbanística. A queda do ditador provocou a tomada dos apartamentos que foi “batizado” com a data do derrocamento. Assim começava a história rebelde de 23 de Janeiro, zona subversiva de 110.000 almas sempre opostas aos governos da denominada IV República. Assaltos, repressão, torturas... Impossível aplacar com a violência oficial um bairro que em 1971 acolheu um cadete da Academia Militar. Chamava-se Hugo Chávez. Em suas ruas cresceu sua ideologia, enquanto buscava amores com as melodias rebeldes do cantor esquerdista Alí Primera. Desde então, há anos, o bairro canta sua própria canção: “Há fogo no 23, no 23...”.


O cordão umbilical entre Chávez e o 23 tem-se esticado até hoje. Após fracassar seu golpe de 92, o líder revolucionário se entrincheirou em um quartel do bairro antes de render-se. Quando, uma década depois houve outro golpe, porém ao contrário, com Chávez na cadeira presidencial, o bairro inteiro liderado por seus tupamaros se lançou nas ruas para recuperar o poder perdido.


No super bloco de Sierra Maestra, batizado pelo próprio Fidel Castro em sua visita a Caracas após tomar Havana, todo mundo vota em Chávez. É o centro de ação da Frente de Resistência Tupamaro. Com Joaquín Guerra, um de seus militantes, o verbo se endurece: “Não acreditamos na revolução democrática. Nós apostamos na Revolução, com letra maiúscula, e se for preciso fuzilar, se fuzila”. As ruas se abrem à sua passagem e de seus companheiros. Gaguillo é outro deles. Os Tupamaros ganharam o respeito de seus vizinhos após anos de batalha contra narcos, malandros e os próprios policiais, que só acodem ao 23 de Janeiro em contatos excepcionais. “Os achamos corruptos. Muitas vezes os policiais são os próprios malandros”, clamam em uníssono os Tupamaros. Entre eles se comunicam por rádio para não ceder o controle de seu bairro, que tanta luta, combate e mártires tem custado. Como Omar Pinto (assassinado pela gang), Sergio Rodríguez (morto pela Polícia) e William Villamizar (falecido em combate na Colômbia, quando fazia parte das FARC), imortalizados em um mural de uma das paredes da Sierra Maestra.


E não são os únicos. Os mais recentes heróis do bairro são Diego Santana e Warner López, militantes do bando “La Piedrita”, assassinados em junho quando assistiam um jogo de futebol de salão. “Só tinham 18 anos. Foram metralhados pelos sicários de Pinto” (líder de um partido Tupamaros contrário aos coletivos de 23 de Janeiro), lamenta-se Nelson Santos, criador de muitos murais que gritam nas ruas do bairro.


- Essas mortes ficarão impunes? [Pergunta o repórter].


Estamos esperando.


Entretanto, sua lembrança já está impressa, junto ao Che, em uma parede. O bairro reivindica seus símbolos em forma de murais; setenta deles nasceram dos pincéis de Nelson.


No 23 de janeiro não se exalta só os ícones da Revolução. Desconhecidos como José Leonardo Chirinos também tem seus seguidores. Este escravo zambo (afro-índio) viajou ao Haiti durante o levante dos escravos negros do XIX e depois estendeu a revolução ao continente americano. Séculos depois, cem militantes o homenageiam com o rosto coberto por seus paninhos vermelho e branco. Luis Baute, de 19 anos, é um de seus líderes. São os milicianos mais jovens. A maioria passou meses nas fábricas de pensamento de Cuba. “Nosso trabalho é social, cultural e político. Damos segurança e também lutamos contra a vadiagem e as drogas. Absorvemos alguns chavos [jovens] e os incorporamos em nossos programas sociais. E se os narcos sobatam nossas atividades, nos defendemos. Porém, não perdemos de vista quem é nosso verdadeiro inimigo: o Império!”.


Baute, Cristian, Keny, Eduardo, José, Yesenia (a única moça) e os outros chirinos posam para a última foto enquanto entoam seu hino, que termina com outro clássico: o velho slogan castrista “Pátria ou morte. Venceremos!”. Estas pátrias de hinos não duvidam em tragar seus filhos mais jovens.


Ninguém chama Lisandro Pérez por seu nome verdadeiro. Para todos é Mao [na foto com camisa da campanha de Chávez], pseudônimo herdado de sua luta tupamara. Hoje é o chefe civil do 23 de Janeiro, a máxima autoridade em um bairro onde a polícia foi expulsa a patadas. “Reivindico o pensamento de Mao. Nossa luta é frontal, não damos trégua. Nós vamos ao combate, somos como os fundamentalistas islâmicos.


Mao mantém o modus operandi de seu passado Tupamaro: “Os traficantes de droga, auspiciados pela CIA, são nosso maior inimigo. Quando identificamos os vendedores, os exortamos para que deixem de vender. Se não o fazem, procedemos militarmente e os agarramos. E a comunidade que decida. Se lhes aplica um julgamento popular”.


O comandante Murachí finaliza a esperada alocução respondendo ao jornalista:


- Se Rosales ganhasse nas urnas em 3-D, que medidas vocês tomariam?


“Nós temos a capacidade de defender este país. Aqui já estão os paracos (para-militares colombianos). Tomaremos o oeste de Caracas para convertê-lo em terra liberada”. E outra vez soa o hino do bairro, a canção tantas vezes escutada; impossível esquecer-se dela: “Há fogo no 23, no 23...”.


Reportagem: Daniel Lozano. Foto: Lurdes R. Basoli. Interviu-Zeta (Espanha). Fonte: Noticias 24


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E eu já estava fechando a edição quando recebi esta última notícia sobre as ameaças propostas pelas milícias chavistas, que complementam a matéria acima e que traduzo parte dela. A notícia completa vocês podem ler aqui.

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As milícias chavistas ameaçam com violência


Caracas, 3 de dezembro – Há dias o miliciano Lisandro Pérez, Mao, e seus lugar-tenentes visitam os domicílios dos opositores contra-revolucionários para adverti-los de que não lhes ocorra se amotinar nas ruas quando o presidente ganhar as eleições. “E, certamente, que ele vai ganhar este domingo. Aqui ninguém nos derruba o processo”, assegura Pérez, fundador da Frente de Resistência Popular Tupamaro.


Do mesmo modo que o 23 de Janeiro, grupos de choque do governamental Movimento Quinta República (MVR), espreitam em todo o território nacional as sedes opositoras, que falam de uma fraude eleitoral que ainda não está acabada. As milícias atuarão se receberem a ordem de fazê-lo.

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