domingo, 25 de setembro de 2005

Já fazem alguns meses que venho tentando escrever um artigo sobre a situação dos presos políticos cubanos, encarcerados nas prisões de Gunatánamo, porém fatos adversos me impediram de levar adiante esse propósito que tento agora com este breve mas grave informe.


O que me motivou a essa necessidade imperiosa (imperiosa, sim!), é que mais do que o simples fato de “noticiar”, era preciso denunciar com veemência o abismo entre a realidade e a fantasia sobre os afegãos detidos na base americana e os cubanos, da mesma Guantánamo.


Vejo, com freqüência, nos jornais do Brasil e do mundo passeatas, “manifestações espontâneas” (previamente organizadas), discursos inflamados e laudas e mais laudas escritas sobre a “cruel e desumana” situação dos presos afegãos, suspeitos de terrorismo detidos na base americana de Guantánamo, mas JAMAIS vi uma linha sequer, uma mísera notinha de rodapé, um apelo isolado na tv ou na rua pelos presos políticos cubanos encarcerados na mesma cidade, sob o jugo do tirano Assassino-em-chefe Fidel Castro. Muito pelo contrário, este monstro desalmado, embora em completo estado de decomposição, moral e humana, continua recebendo aplausos, rapapés, homenagens e comendas (inclusive e cada vez mais, no Brasil), talvez pelo alto grau de desumanidade incomparável nos últimos 46 anos da história da humanidade.


O Notalatina tentou, sem êxito, obter um estudo mais acurado da situação dos presos cubanos das penitenciárias de Guantánamo, porque a moça que possuía dados confiáveis e atualizados, uma dissidente dentro da Ilha, foi despejada da casa em que morava e não soubemos mais do seu paradeiro ou como tentar novo contato. Esta é a realidade cotidiana daqueles que não comungam com as barbáries do maldito regime e que vergonhosamente se omite do mundo inteiro.


A mídia, de um modo geral, nega ao público informações verdadeiras sobre o tratamento que os supostos terroristas afegãos recebem na base americana, sobretudo dos que foram julgados e libertados e que declararam a jornais do exterior terem recebido um tratamento digno, que o Mídia Sem Máscara foi o único a noticiar. Cobra-se – aos berros - do presidente Bush o “respeito à Convenção de Genebra”, - neste caso, uma enorme falácia -, apostando na ignorância do público em geral, de que esses não são “presos políticos” e que, portanto, não há que basear-se nessa convenção para a condução do processo de julgamento dos possíveis atos dos supostos terroristas.


Entretanto, os presos políticos cubanos não são reclamados, lembrados, nem motivo de qualquer tipo de apelo às autoridades a não ser pela valorosa dissiência, interna e dos exilados espalhados pelo mundo. É como se houvesse um diabólico acordo tácito de que “cubano não é gente”, que essas pobres criaturas não merecem a piedade nem a intervenção de ninguém a seu favor e isto arrasta-se há malditos 46 anos impunemente!


O Notalatina denuncia hoje apenas um caso mas que é representativo dos tantos outros que ocorrem no silêncio cúmplice entre o regime e os oficiais encarregados das masmorras fétidas e manchadas do sangue de inocentes homens, vítimas da indecência do mundo que fecha os olhos aos tantos crimes deste monstro abjeto que atende pelo nome de Fidel Castro.


O caso referido é do preso político e de consciência Victor Rolando Arroyo Carmona e mais dois companheiros seus que, em solidariedade aos maus tratos de que Victor tem sido vítima, constantemente, resolveram entrar em greve de fome. A situação de Victor é a mais grave, expondo-o a risco de vida, se a tirania castrista não tomar uma providência imediata.


É hábito corriqueiro, nas mais de 200 prisões cubanas, tratarem os presos políticos como presos comuns, condenados por todo o tipo de delitos graves como assassinatos, estupros, tráfico e consumo de drogas, acrescendo-se aos primeiros algumas penalidades a mais como: prisão em solitária, sem janelas, iluminação ou ventilação de qualquer espécie; negar as visitas familiares que ocorrem a cada 4 meses; recusa ao fornecimento de medicação de uso continuado enviada pela família (a maioria deles padece de enfermidades graves como cardiopatias, hipertensão, úlceras, artrose, nefropatias, etc.); confiscar seus pertences, ou permitir que presos comuns os roubem sob as ordens e olhares complacentes dos oficiais da penitenciária; impedimento da comunicação via telefônica com a família, dentre uma infinidade de violações aos direitos essenciais de qualquer ser humano. Isto para não falar da péssima qualidade da comida (muitas vezes estragada – podre – e que provoca vômitos e diarréas sem direito a atendimento médico).


Victor Rolando Arroyo é apenas um dentre os milhares de outros presos políticos que se encontram detidos, muitos há meses sem sequer terem sido julgados, e que hoje corre risco de vida no hospital de uma das masmorras de Guantánamo, mas ele não merece a consideração, o respeito, os apelos, as lágrimas nem tampouco os reclamos indignados do mundo canalha do politicamente correto e obscenamente conivente com os crimes do comunismo. Victor não merece a atenção do mundo porque ele anda na contra-mão da História. Porque ele é cristão, porque ele ama a liberdade e o respeito pela individualidade de cada um. Porque, acima de tudo, ele é inimigo deste regime tirânico e assassino que o mundo inteiro reverencia e se curva servilmente.


Deixo, pois, aos leitores, o julgamento sobre este fato calamitoso que o mundo desconhece sobre a realidade das prisões de Guantánamo cubanas e a base naval americana na mesma cidade. Na próxima edição volto a falar da Venezuela, um país a beira de transformar-se numa extensão oficial de Cuba.


Fiquem com Deus e até a próxima!

***


HOSPITALIZADO ARROYO CARMONA EM GRAVE ESTADO DE SAÚDE


Por: Pablo Rodríguez Carvajal de PayoLibre.


Hoje, 21 de setembro, aos 13 dias da greve de fome do prisioneiro político e de consciência Victor Rolando Arroyo Carmona, sua esposa Elsa González Padrón, cuidou de vê-lo no hospital provincial de Guantánamo, onde Victor encontra-se em muito más condições de saúde, mas não lhe foi permitido.


Os dois médicos que o atendem em tal hospital comunicaram à esposa do réu que este já está se desidratando, porém que nega-se a sair da greve, que eles (os médicos) tudo o que estão esperando é que perca a consciência para poder colocar-lhe soro.


Quando Elsa solicitou ver Victor Rolando, lhe disseram que não, que se melhorasse a deixavam vê-lo amanhã. Segundo refere Indira Pérez Arroyo, sobrinha de Arroyo Carmona e fonte desta informação, Elsa González denuncia a todos os que têm a ver com a situação em que se encontra Arroyo atualmente, e que são: a Procuradoria e Atenção à Cidadania de Guantánamo; a Procuradoria e Atenção à Cidadania em Pinar del Río e outras instâncias governamentais, inclusive às de Havana. Responsabiliza a todos pelo que possa suceder a Victor Rolando Arroyo Carmona.


“Elsa não vai mudar sua posição até enquanto não fale com seu esposo Victor. Não sabemos porquê [ele] está nessa situação; todos os capitães e tenentes com os quais Elsa falou, lhe têm dado uma versão diferente do que sucedeu”, declarou a sobrinha.


Félix Navarro Rodríguez, preso de consciência que se declara em greve de fome, em protesto pelos abusos cometidos contra Arroyo, completa hoje 9 dias, porém ainda não está no hospital. A família foi vê-lo na prisão, porém ele negou-se a vê-los, dado as condições em que se encontra. Ambos são parte do “Grupo dos 75”. São presos políticos que na primavera de 2003 receberam condenações que variam entre 6 e 28 anos de prisão, sendo apenas um sancionado a seis, e a maioria deles a condenações em torno de vinte.


Víctor Rolando Arroyo Carmona, sendo de Pinar del Río, provincia ocidental da Ilha, encontra-se cumprindo uma condenação de 26 no extremo oriental. Isto constitui uma violação das próprias leis do regime atual, enquanto que Félix Navarro Rodríguez, sendo de Matanzas, cumpre uma condenação de 25 anos na mesma prisão que Victor Rolando, a Prisão Provincial Combinado de Guantánamo.


Os familiares, assim como o Movimento Pró-Democracia em geral, sentem-se muito consternados, temendo um desenlace fatal, pelo qual pedem à opinião pública internacional que alce sua voz em prol daqueles presos políticos cubanos, inclusive José Daniel Ferrer García (este na prisão de Kilo 8, Camagüey), que encontra-se em greve de fome, por considerar esta como a única arma para lutar contra as injustiças de seus carcereiros.


COMUNICADO


O Centro de Saúde e Direitos Humanos “Juan Bruno Zayas”, faz um chamado à comunidade democrática internacional, a todas as instituições de saúde e organizações de Direitos Humanos, para que intercedam em favor dos presos de consciência Victor Rolando Arroyo Carmona, Félix Navarro e José Daniel Ferrer García.


Os três apresentam sérias afetações da saúde com riscos de sofrer conseqüências piores, por encontrarem-se em greve de fome que já se prolonga por cerca de vinte dias.


O “delito” cometido por eles, pelo qual cumprem longas e injustas condenações, foi o de exercer dignamente seus direitos como cidadãos.


Reclamam, com grande valentia, que as autoridades carcerárias respeitem os regulamentos estabelecidos para o tratamento aos reclusos nos cenrtos penitenciários.


Responsabilizamos o Governo Cubano, em especial o senhor Fidel Castro, pela crítica situação e o perigo de danos irreversíveis na saúde destes democratas.


Dr. Darsi Ferrer Ramírez, diretor do Centro.


Fonte: www.PayoLibre.com


Comentários e tradução: G. Salgueiro

Nenhum comentário: