segunda-feira, 24 de maio de 2004

Esta semana promete ser de muita expectativa e apreensão na Venzuela, considerando que a recoleta de assinaturas para ratificar o referendo inicia na próxima sexta-feira, dia 28 de maio. Isto, por si só já é stressante para o povo venezuelano, uma vez que a coleta de assinaturas foi feita em fevereiro mas o tirano Chávez arranjou um jeito de desqualificar todo o volume arrecadado que ultrapassava o número exigido. Lembro que na ocasião houve muita violência e mortes, promovida sobretudo pela Guarda Nacional, hoje transformada em “milícias bolivarianas”, onde há uma enorme quantidade de espiões castristas infitrados, comandando e dando ordens.



Há no informativo de hoje duas notas muito significativas: uma, vindo de um chanceler cubano que não explicita mas deixa nas entrelinhas que a Venezuela deve mirar-se no exemplo dos CDRs cubanos. É apenas uma notinha mesmo, pois a matéria completa será divulgada pelo Mídia Sem Máscara provavelmente amanhã; vai depender da pauta mas fiquem alertas. E a outra, é uma muito significativa afirmação do ditador Chávez, com relação a recoleta de assinaturas, quando ele sutilmente ameaça a oposição dizendo que “será pior para eles, pois quem vai ganhar sou eu mesmo”. Para bom entendedor e conhecendo bem o autor da afirmação, temo pelos bravos venezuelanos, pois o circo está completamente armado, podendo vir a correr muito sangue e no final, este abjeto criminoso de algum modo fraudar a recoleta para sair vitorioso;.se isso ocorrer mesmo, fica desmoralizada a oposição, pois será a segunda tentativa frustrada, o que poderá ser um banho de água gelada nas esperanças do povo de estancar uma ditadura castro-comunista já em franca ascenção.



E, finalmente, a matéria que abre o Notalatina de hoje é um corajoso desabafo do jornalista cubano-canadense Esteban Casañas Lostal, ao renunciar seu direito legítimo à cidadania cubana, após a mal disfarçada encenação ocorrida no fim da semana passada em Cuba, que foi noticiado aqui no Notalatina. É um desabafo que muito me tocou e que revela com nitidez o valor e a necessidade intrínseca que todo ser humano tem de liberdade. Os que se renderam ao apelo vil do monstro do Caribe não se deram conta de que este novo passaporte, de liberdade de ir e vir não tem nada; ou melhor, talvez saibam exatamente o preço que ele possui, uma vez que muitos deles já estão “em missão” noutros países, tanto é que o chanceler Pérez Roque foi muito claro quanto ao “convite”: os que eram contra a Revolução, nem que quisessem teriam seus passaportes liberados.



Bem, ficamos por aqui. Amanhã tem mais.



RENUNCIO À MINHA CIDADANIA



Esteban Casañas Lostal



Não foi hoje que tomei esta decisão; foi há muitos anos que me privei dela, porém hoje, quando se realiza esse teatro de marionetes cujo título é: “Terceira conferência a nação e a emigração”, o faço em caráter oficial. Renuncio oficialmente a ser “cidadão cubano”; não me importa ter um passaporte que me desacredite como ser humano no mundo. Não quero portar um livrinho que me crucifique como possível emigrante ante embaixadas estrangeiras. É dolorosa essa carga, quando na realidade desejo visitar a um familiar no estrangeiro, a minha mãe a ponto de falecer, a um filho por operar, ou simplesmente passear e carregar um pouco as baterias, as necessárias para sobreviver uns quantos meses e voltar a sair. Sair e voltar, voltar com um chouriço de segunda categoria, carregado de roupas como um armário e com bilhetes nas plantas dos pés, obrigado a mentir e especular, reverenciar e negociar, viver e explorar a dor dos meus, lutar.



Renuncio a uma cidadania que me chega a molestar e que outros decidem por ela, que provoca conferências onde se discute se tenho direito a sair ou entrar em minha terra onde, até hoje, necessitava um visto não exigido a ninguém no estrangeiro e devia pagar por ele. Não quero essa cidadania outorgada pelos que me humilharam, lançaram ovos que hoje lhes falta para comer e amplificaram gritos de “escória”, “vermes”, “apátridas”, “traidores”, e que hoje são derivadas em “mercenários”, “máfia”.



Não desejo ser cidadão de um país onde não possa desfrutar com meu irmão de seus hotéis e praias, onde se me receba por meus bilhetes e me chame de “senhor”, enquanto a outros infelizes chamados “companheiros” se lhes privem de seus direitos “cidadãos”. Renuncio a ser cúmplice de uma infâmia histórica, em que outro que eu não elegi assista a uma conferência onde não possa expressar o que sinto, alguém eleito por eles e que não me representa. Não desejo ser cidadão de um país onde encarceram seus homens por dissentir do pensamento imposto, onde seus filhos se arrisquem a escapar em frágeis balsas em busca de liberdade, onde esse governo ordene afundá-los e o mundo guarde cúmplice silêncio.



Não quero ser cidadão de um país onde confudam minha mãe e irmã com uma “jinetera”, por mais culta que seja. Onde a aspiração de cada rapaz seja a de escapar a um preço tão alto como o de uma vida mesma, renuncio. Detesto ostentar o pasaporte de um país, cujo proprietário infecta ao ser identificado por sua cor ou escudo, como se fosse uma epidemia. Não desejo ser representado por seres que abracem peitos ou apertem mãos ensagüentadas com as vidas de seres nascidos de meu povo, renuncio.



Não me interessa ser cubano para aqueles que arruinaram minha terra, pouco me importa, pouco me beneficiou, por não dizer-lhes que me causou muitas dores de cabeça, al extremo de me fazer envergonhar-me de sê-lo, virtude para uns quantos, felicidades, porém eu renuncio à posse de um puto passaporte azul ou verde com um escudo que nada protege nem representa, me limpo... bem, já sabem.



Pouco me importa, cavalheiros! Sou pesado, intransigente, vertical, extremista, inclaudicável, arrogante, intolerante, anormal, desafiante, indiferente, eu sou o que sai dos tímpanos a todos os que hoje se reúnam nessa nova obra teatral, porém sou independente!



Me rio, senhores! Me urino de tanto rir com as notícias, não é para menos, que ainda que Menoyo represente a dissidência enquanto nos cárceres cubanos apodrecem almas de meu povo, contanto que a alguns “mercenários” lhes devolvam a cidadania. Huuuuumm! Mercenários? Cubanos? Lhes devolverão a cidadania? Quantos? Palhaços medrosos? E os cubanos que foram matar na Etiópia, Angola, Nicarágua, etc., eram mercenários? Oooh! Não! Missões “Internacionalistas”! Necessitam de desculpas; estão desesperados.



Renuncio senhores! Não me importa nem um pouco a cidadania cubana; me sinto orgulhoso da canadense que me devolveu a dignidade que à outra faltava, ninguém me pára, não me olham com olhos de emigrante, não me exigem vistos para viajar, tenho direitos, sabem o que é isso?, direito a reclamar, algo vedado para o portador de um passaporte azul ou verde com um escudo estravagante, um possível emigrante.



Renuncio a tudo, me considero sem direitos a viajar à minha terra, enquanto quatro canalhas se reúnam com as razões do meu desterro. Enquanto esses que assistem para escutar ordens sejam eleitos pelo governo e não representem minha voz ou meus pensamentos. E tem mais: me sinto orgulhoso desta renúncia agora que desejam oferecê-la a “supostos mercenários” em bandejas de prata.



Isso sim, senhores! Conservo a nacionalidade de Pepe Antonio; essa, ninguém me pode tirar, muito menos uns duzentos cabrões!



Montreal, Canadá



Fonte: lavozdecubalibre.com



Castro aconselha o poder a “não negociar”



No princípio, Rafael Hidalgo, conselheiro da Embaixada de Castro, negou-se a dar conselhos. “A Venezuela não necessita de conselhos; os diplomatas não estamos aqui para isso”, alegou. Todavia, lançou indiretas que foram captadas pelos assistentes: “Não subestimem o inimigo; unam-se à Coordenadora Simón Bolívar e leiam toda a informação que temos sobre os CDR (Comitê de Defesa da Revolução)”.



“O poder não é negociável”, expressou o representante castrista. Asseverou que eles nunca permitiram em Cuba, nem teriam permitido na Venezuela o ingresso no país de observadores da OEA ou do Centro Carter.



“Nós não perderíamos o tempo com isso; a OEA é um conciliábulo da colônia; não respeitam e Carter só entrariam em Cuba se fosse convidado”.



Chávez: Entregarei o poder a outro “revolucionário”



Fonte: El Nacional



O presidente Hugo Chávez está seguro de que entregará o poder a outro “revolucionário”, porque não crê que em agosto se realize o referendo que seus inimigos impulsionam para tirá-lo do cargo ao qual chegou por mandato das urnas, há mais de cinco anos.



O tenente-coronel reformado, que ganhou fama com um falido golpe de Estado em 1992 e que ganhou as eleições de 1998, também disse que está aumentando o “efetivo militar” porque a soberania de seu país está ameaçada, após a recente captura de uns 130 supostos paramilitares colombianos que, segundo ele, planejavam assassiná-lo.



“Eu creio que é pouco provável, mas é provável, porém pouco” que se faça o referendo, disse o mandatário à Reuters, em uma entrevista realizada ontem, na qual refutou as acusações de que esteja levando o país a uma ditadura.



O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) fixou o referendo para 8 de agosto, se se confirmarem em fins de maio, em um processo de ratificação de assinaturas, as mais de meio milhão de rubricas que ainda se requerem para ativar a petição.



Chávez também disse que “é pouco provável” que esse processo de “reparos” seja exitoso, e insistiu em que seus adversários cuidaram de ir ao referendo com uma “fraude gigantesca”.



“Eu tenho sérias dúvidas de que eles possam reparar, porém, bem... que o façam. De todo modo, se o fizerem, creio que é pior para eles”, já que ele é quem ganhará, sustentou.



Os que impulsionam o referendo dizem que entregaram 3.4 milhões de assinaturas para pedir a consulta, das quais o CNE validou 1.9 milhões das 2.4 milhões que se requerem.



Fonte: www.talcualdigital.com



Rodríguez: Reparos ocorrerão 100 por cento



O diretor da Junta Nacional Eleitoral (JNE) e principal reitor do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Jorge Rodríguez, disse que 100 por cento dos centros de reparos já estão instalados. Só alguns centros dos estados de Barinas, Sucre e Guárico apresentaram algumas dificuldades com as máquinas, porém assegurou que já foram solucionadas.



Acrescentou que a jornada começou às 6 da manhã, hora estabelecida pelo corpo eleitoral, em todos os centros localizados em 11 estados do território nacional, que esperam atender a 1 milhão de pessoas aproximadamente, para fazer seu reparo positivo ou negativo a 14 deputados da Assembléia Nacional (AN).



“Não houve nenhum problema. Tudo começou com normalidade. Os agentes de reparos estão trabalhando e também os operadores das máquinas”, disse.



Está previsto que, dado que a jornada se iniciou na hora marcada, a mesma deverá encerrar-se às 6 da tarde. Nesta mesma noite, o CNE receberá a totalização automatizada do dia de hoje de todos os deputados. Igual procedimento se repetirá durante todos os dias que durará a fase de ratificação de assinaturas.



Rodríguez assinalou que o Poder Eleitoral não decidiu ainda quando anunciará ao país os resultados finais dos reparos aos parlamentares, e que provavelmente o diretório decida contar os reparos de deputados conjuntamente com os reparos do revocatório presidencial, que será realizado desde a sexta-feira 28 até o domingo 30 de maio.



Fonte: www.talcualdigital.com



Traduções: Graça Salgueiro



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