domingo, 29 de dezembro de 2002

UM FORO DE FURA-GREVES



Eleonora Bruzual*



Caracas – Venezuela



Lula da Silva não enrugará o senho quando se lhe pergunte pelo “eixo” Castro-Chávez-Lula, pois já não faz falta. Honrará seu mestre e assessor internacional, Marco Aurélio Garcia que lhe ensinou que: ”A democracia é simplesmente uma farsa para tomar o poder”. Garcia, trotskista militante, compartilha do drama chileno, iniciando-se na década de 70, quando traficar armas, violar a soberania e ser parte de uma internacional invasora não era mais que o passo seguinte para ganhar umas eleições, pequeno detalhe que definiu como ”meramente um requisito”.



33 anos depois, este brasileiro divorciado da tradição de uma chancelaria emblemática, chama a si a destruição do Itamaraty e sua prática diplomática de antepor cautela e cuidado, sem esquecer nunca a importância da não ingerência estrangeira, chega em meu país, Venezuela, e põe em prática o que aprendeu em suas articulações com violentos, terroristas e desestabilizadores.



Garcia, criador do Foro de São Paulo por ordem expressa do tirano cubano, disse da imprensa e do jornalismo venezuelano: ”Os meios de comunicação estão absolutamente articulados em torno da oposição, com propaganda o tempo todo contra Chávez. Os telespectadores brasileiros não têm idéia do que é a utilização político-partidária da imprensa neste país”, deixando claro que também o homem e a mulher da nação brasileira desconhecem o que Castro impõe como políticas informativas, ou o que são as mídias em qualquer país sob o controle férreo comunista. Este comissário político nega-se a se reunir com a Coordenadora Democrática**, bloco que agrupa a maioria dos partidos e instiuições opositoras, porém preocupa-se em começar a “Pagar” as dívidas contraídas por ele e o Presidente Lula, com um doente de poder que já possui seu prontuário de crimes de lesa humanidade, e um grosso dossiê de delitos contra o tesouro nacional.



Marco Aurélio Garcia, em nome do Presidente Luis Inácio Lula da Silva, ofendeu a dignidade da maioria dos venezuelanos que não aceitamos passivamente nem a conversão de nossa nação em uma província cubana, nem tampouco em uma sucursal do Foro de São Paulo. Ofende ler que o Sr. Lula diga: ”todo mundo tem direito de fazer uma greve; nós (o PT) no Brasil já fizemos muitas greves, porém esse não é o único aspecto do problema venezuelano: o tema aqui é que há um setor da oposição que trabalha com uma única e só possibilidade que é deitar abaixo um governo constitucional”.



Não, Presidente Lula, não Marco Aurélio Garcia, comissário político! Esse navio “Explorer Amazon” da Petrobras, que enviaram a meu país, carregado de 520.000 barrís de gasolina, lhes converteu em algo que nós, herdeiros da galhardia de Simón Bolívar, desprezamos. Li que o Sr. disse: ”No princípio de minha vida política me perguntaram se eu era comunista. Respondi que era torneiro mecânico”. Com todo o respeito que o Sr. merece, Excelentíssimo Presidente, agora pode asseverar que além de comunista, o Sr. é um sindicalista muito sui gêneris, o Sr. é um Fura-greve.



(*) Jornalista, colunista dos jornais El Universal de Caracas e El Nuevo Herald. Editora da Web Magasine ”Mulheres do Terceiro Milênio” – www.mujereslegendarias.org.ve



(**) O Sr. Marco Aurélio Garcia disse ao presidente Lula que “falou também com a oposição, com sindicalistas (os principais estão na oposição)” e ainda disse que “a oposição não tem razão para reclamar. Eles não podem exigir, porque demos à oposição e ao governo o mesmo tratamento" (Folha de São Paulo, 27.12.2002). No entanto, não é isso que informam TODOS os venezuelanos que se encontram na oposição. Eles queixam-se, exatamente, de que este Sr. não os ouviu, em nenhum momento de sua visita, limitando-se a conversações com o mediador da ONU, César Gaviria e com Chávez. Obs. do Notalatina)



ALERTA PETROLEIRO



Uma vez mais os trabalhadores petroleiros demos uma mostra da unidade que nos permite manter-nos firmes em nossa decisão cidadã de continuar na Parada Cívica. O entusiasmo e solidez que os venezuelanos puderam observar na Assembléia de hoje, é a força que nos impulsiona aos que trabalhamos dentro da indústria petroleira nacional, para continuar firmes no exercício de nossos direitos cidadãos que nos brinda a Constituição Nacional.



O senhor Hugo Chávez Frías está utilizando os meios de comunicação do Estado para atuar contra os trabalhadores petroleiros e o país. Da mesma maneira pretende colocar todos os poderes públicos para que atuem contra os trabalhadores petroleiros, sem importar-se em passar por cima das leis nacionais e normas internacionais.



O conflito da Indústria Petroleira ultrapassa as barreiras das instalações e negócios da PDVSA. O que suceda com a PDVSA, o viveremos todos os venezuelanos em cada uma de nossas casas, pois a PDVSA é a base da economia da Venezuela. Convidamos a todos os venezuelanos a refletirem acerca do que sucederia no país se deixemos que este governo consiga seu objetivo de manter seqüestrada a indústria petroleira.



Explique ao país, sr. Hugo Chávez, se o navio Pilín León descarregou o combustível em Maracaíbo, por que o desabastecimento nessa zona continua? Para normalizar a distribuição de gasolina no país seria necessário repôr uns 2 milhões e meio de barrís, a realidade é que o governo faz esforços para distribuir escassos 500 mil. Portanto, uma vez mais este governo mente aos venezuelanos, quando nos promete que o abastecimento de gasolina estará normalizado para o fim de semana e não é assim.



O governo de Hugo Chávez assegura que descarregará gasolina em Carnero. Advertimos que nesta usina foi descarregado a nafta catalítica, pelo qual continua o risco permanente de contaminar a gasolina e, em conseqüência danificar os veículos dos cidadãos.



O governo de Hugo Chávez assegura que a tripulação do Bárbara Palacios contribuiu voluntarimente à descarga do combustível. A realidade é que a tripulação deste navio foi vítima de agressões físicas e verbais, e ameaças intimidatórias. Inclusive, o governo ignorou uma ordem da Cruz Vermelha em relação a baixar a tripulação com urgência, para que recebesse atenção médica imediata.



O governo disse que o abastecimento de Yagua no estado de Carabobo manteve-se operativo durante todo a quarta-feira 25. Novamente o governo tenta enganar-nos com panos quentes. Como se explica, então, que ainda permaneçam as filas nas estações de serviços dos estados do centro do país?



Senhor Hugo Chávez Frías, aceite de uma vez por todas que até que no país não se normalize a segurança nos terminais, a operação normal dos navios e das refinarias, e que os postos de gasolina estejam distribuindo de maneira contínua, a realidade é que 4 de cada 5 veículos não disporão de combustível de maneira regular.



Aplaudimos a criação na Assembléia Nacional da Comissão de Apoio e Segmento à Mesa de Negociação e Acordos. A tomamos como um despertar de nossas instituições e esperamos que a criação desta comissão agilize as decisões desta mesa, na qual os venezuelanos temos todas as nossas esperanças para buscar uma saída eleitoral a esta crise.



Condenamos os reiterados assinalamentos do Executivo, especialmente através do canal do Governo, com relação a nossa suposta intenção de privatizar a PDVSA. Os trabalhadores petroleiros nos sentimos verdadeiramente orgulhosos de que a Petróleos da Venezuela seja uma empresa do Estado e que graças ao esforço de seus trabalhadores tenha chegado a ser a empresa eficiente que os venezuelanos e o mercado internacional reconhecem.



A campanha de descrédito empreendida pelo governo em relação aos custos e contribuição fiscal da PDVSA, só busca debilitar a credibilidade que os trabalhadores petroleiros temos ganhado contribuindo pontualmente nos diferentes governos, nos fundos que têm sustentado a economia do país. Todas as cifras da PDVSA têm sido auditadas permanentemente há quatro anos por este governo e todas têm sido aprovadas.



Ratificamos ao país que 95% da produção de petróleo bruto da Venezuela está fechada. Dos 3,2 milhões de barrís diários que o país produz normalmente, hoje se produzem escassamente 160 milhões. 90% da produção diária de gás está fechada. No país produzem-se em situações normais 9.400 milhões de pés cúbicos, e hoje só dispomos de 850 milhões de pés cúbicos para cobrir o setor doméstico, elétrico e outros serviços estratégicos.



Advertimos o país que as instalações da Petróleos da Venezuela já não estão sob nosso controle, e que sobre elas já não decidimos nem temos poder de direção. O controle sobre as instalações é absoluta responsabilidade de Alí Rodríguez Araque, Rafael Rmírez e Hugo Chávez. Em consequência, tudo o que ocorra em nossas instalações será de absoluta responsabilidade de quem hoje em dia exerce o comando da PDVSA, violentando todas as normas nacionais e internacionais em matéria de segurança, ambiente e legislação marítima.



Os trabalhadores petroleiros intensificaremos, conjuntamente com a sociedade civil as ações de rua, mediante a constituição de Assmbléias de Cidadãos, com a finalidade de assumir o exercício direto da democracia participativa e protagônica. Igualmente acordamos constituir uma Comissão de Ação Social para continuar canalizando as iniciativas dos trabalhadores petroleiros, orientadas a fortalecer nossa contribuição com as comunidades.



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