domingo, 27 de outubro de 2002

Hoje o Notalatina traz duas notícias de Cuba, a primeira das quais, desmente informação divulgada ontem, de Havana para o jornal Estadão, de que as pessoas não são obrigadas a votar, nem sofrem qualquer penalidade se não quiserem cumprir com esse “dever cívico”. Apesar de não haver na Constituição cubana a obrigatoriedade do voto, os fiéis servos do senhor, os CDR, têm que, dentre outras funções, delatar aqueles que não atendem ao chamado. É por isso que o índice de abstenção é tão pequeno (essa do dia 20 teve 95% de votantes).



A segunda notícia, mostra que, além da doutrinação marxista ministrada nas escolas, crianças em idade pré-escolar, recebem aulas de tiro. Isso mesmo, tiro de fuzil, para adestrar os futuros guerrilheiros; será que isso não é uma prática criminosa?



POLÍCIA POLÍTICA CASTIGA OPOSITOR POR NEGAR-SE A VOTAR



HAVANA, 21 de outubro (Reinaldo Cosano Alén) – Alberto Hernández Suárez, vice-presidente da União de Jovens Democráticos de Cuba, organização afiliada à Coalizão Democrática Cubana, foi acossado pela polícia política porque não votou nas eleições deste 20 de outubro.



Dois membros da Comissão Eleitoral de Candelaria, povoado onde reside Hernández, na provícia de Pinar del Río, se apresentaram na residência do ativista para que este fosse às urnas votar, porém ele negou-se a ir.



”Disse aos funcionários que eu não voto porque não tenho confiança, nem esperanças, que quem seja eleito tenha condições, nem possibilidades para solucionar os problemas do país”, expressou Hernández. “Além disso, não vou às eleições porque não estou de acordo com o sistema eleitoral, nem com um partido só decidindo os destinos de Cuba. Isto não é democracia”, precisou Hrenández.



Pouco depois, Hernández foi citado para que se apresentasse na delegacia de Candelaria, onde o detiveram desde as duas da tarde, até as cinco sendo interrogado por um oficial da polícia política.



”Fui interrogado pelo oficial da Segurança do Estado, Juan Carlos, a quem expus as mesmas razões dadas aos membros da Comissão Eleitoral. Então, este oficial mudou o tema para a farmácia independente que funciona em minha residência e me ameçou processar, se alguma pessoa fosse prejudicada por algum dos medicamentos que ali se distribui gratuitamente. Também me disse que ele sabia que eu tomo nota de cada paciente e médico que avie a receita, e que as arquivo, porém que ele (o oficial da polícia) sabia que eu ia me equivocar e seria condenado, que tivesse cuidado”, acrescentou Hernández.



A primeira farmácia independente é abastecida através de doações obtidas em Cuba, procedentes do exterior. Recentemente recebeu uma importante doação da ONG Operação Libório, que é dirigida em Porto Rico pelo senhor Enrique Blanco.



Desde sua inauguração e inclusive antes, as autoridades cubanas cuidam de entorpecer o trabalho humanitário desta farmácia, que tem tido um grande impacto entre os residentes em Candelaria e demais povoados circunvizinhos.



CRIANÇAS DO PRÉ-ESCOLAR RECEBEM TREINAMENTO OBRIGATÓRIO DE TIRO



GÜINES, 23 de outubro (José Izquierdo, Grupo Decoro) – Os meninos que cursam o pré-escolar (kindergarten) na escola primária Manuel Ascunce, situada em Güines, provícia de Havana, são obrigados por seus professores a efetuar duas práticas de tiro por semana, com fuzis de ar comprimido calibre 4.5 milímetros, projéteis comumente chamados “pellets”.



Segundo Marta Ida Orta Pazos, ativista do Centro Pro Liberdade e Democracia, os menores são levados duas vezes por semana em horário de aula a um campo de tiro que é coligada com a escola, onde os professores os obrigam ao menos durante uma hora a disparar os fuzis de pellets.



”É abusivo essas criaturas terem durante uma hora, sob o sol, que realizar ações que só lhes inculca pensamentos malignos, idéias diabólicas sobre uma guerra imaginária que nunca chegará”, acrescentou a senhora Orta Pazos.



Por sua vez, uma professora da Manuel Ascunce que solicitou o anonimato, assegurou que as práticas obrigatórias de tiro com fuzil partem de uma prova que é determinada pelo Ministério da Educação, para medir o nível de adaptação que os meninos têm com estas práticas, com o propósito de introduzí-las como uma matéria a mais, desde que o menino começa sua vida escolar.



A raiz da estratégia que o governo cubano chama “a guerra do povo todo” (conceito criado pelo Ministro das Forças Armadas, Raúl Castro), introduziu de modo obrigatório o estudo da matéria Preparação Político Militar em todas as escolas dos níveis secundário básico e pré-universitário.



Essas informações foram transmitidas por telefone, já que o governo de Cuba não permite ao cidadão cubano acesso privado a Internet.



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Fonte: www.cubanet.org



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