Ontem o Notalatina deu a conhecer o resultado da entrevista coletiva oferecida pela INTERPOL, em Bogotá, sobre a análise realizada nas oito provas instrumentais de caráter informático, inclusive com os originais deste relatório em formato pdf, em espanhol. Hoje voltamos a abordar este tema por imperiosa necessidade, uma vez que, confirmada a autenticidade do material encontrado nos computadores e discos-rígidos de Raúl Reyes, o pelotão de choque do bolivarianismo chavista imediatamente entrou em ação.
Não sei, nem fui informada se houve algum correspondente brasileiro presente a esta coletiva de imprensa mas tomei conhecimento de um fato patético, embora de certo modo esperado, ocorrido com o meu amigo venezuelano Alejandro Peña Esclusa, que estava presente a esta coletiva como correspondente da Venezuela e da Colômbia pelo diário argentino “La Nueva Provincia”.
Alejandro, que já é perseguido politicamente por Chávez, tornou-se ontem uma figura incômoda demais para o governo de seu país, ao perguntar ao Secretário-Geral da INTERPOL, Ronald Kenneth Noble, “quais seriam os procedimentos para que se faça justiça fora da Colômbia, onde as autoridades da Colômbia não têm jurisdição?”. Ora, ele desejava saber sobre procedimentos técnicos sem citar nenhum país nem pessoa em particular mas a carapuça caiu como uma luva, pois Chávez e seus cúmplices SABEM que seu destino já está traçado a partir da revelação feita ontem pela insuspeita INTERPOL. Imediatamente o site “Aporrea”, que é uma espécie de sucursal da ABN (Agencia Bolivariana de Noticias – porta-voz do Governo), remexeu na lata de lixo de suas velhas calúnias e jogou no ar, mais uma vez, a falsidade já desmentida zilhões de vezes sobre o “passado negro fascista” de Alejandro.
Num artigo intitulado “Peña Esclusa, vinculado a setores do fascismo, suposto “jornalista” do diário La Nueva Provincia da Argentina”, eles questionam o direito de Alejandro estar acompanhando a entrevista e fazendo perguntas como jornalista credenciado, alegando que sua profissão é “engenheiro mecânico” e, não satisfeitos com esta denúncia de “tão grave crime”, voltam a acusá-lo de ter promovido um atentado contra o Papa João Paulo II quando este visitou a Venezuela, de ser “um dos principais líderes da ‘seita’ TFP” (Tradição Família e Propriedade), além de “manter nexos com partidos de direita” (Oh, céus, que coisa tão criminosa!).
Como esta gente é estúpida! Vejam como a mentira grosseira não se sustenta: em primeiro lugar, a “seita” TFP é católica, respeita o Papa e segue rigorosamente a doutrina da Igreja Católica; os homens que dela fazem parte não são casados e levam vida celibatária, como padres e monges. Como então poderia Alejandro, que é casado (e muito bem casado, diga-se de pasagem!), católico praticante e fiel aos Mandamentos da Igreja, ser ao mesmo tempo “um dos principais líderes da TFP” e ter planejado o assassinato de João Paulo II? Na nota que divulgo no final desta edição o próprio Alejandro dá a resposta a esta calúnia primária, da qual os comunistas são mestres.
Por outro lado, os chavistas estão arrancando os cabelos, tentando grotescaamente desqualificar a INTERPOL e o Governo do presidente Uribe, negando até que Raúl Reyes tinha computadores, e que esses confiscados e analisados eram mesmo dele. Vejam as sandices que disse uma tal Vanessa Davis, jornalista e membro do Diretório Nacional do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV – partido de Chávez): “Não há nenhum argumento a favor de que esse computador existe”. (...) “Existe a montagem do vídeo e sabendo todas as coisas que se podem fazer agora com o avanço tecnológico, não existe nenhuma prova para mim de que esses documentos existem”. Para a iluminada e vidente “revolucionária” (sic), tudo não passou de armação de Uribe e Bush, exatamente como foi feito no Iraque para se apossar do petróleo venezuelano. Não é um primor de lógica?
Mas quero chamar a atenção, também, para o descaso com que a mídia, os “comentaristas políticos” e os partidos políticos brasileiros trataram um dos acontecimentos mais importantes dos últimos tempos no continente latino-americano, que foi a revelação da fidedignidade e autenticidade do material encontrado nos computadores apreendidos no acampamento das FARC. Pesquisei nos jornais, nos sites de esquerda, sobretudo do PT e não há o mais mínimo comentário, o que significa que eles também sabem a importância capital desta revelação e, por isso mesmo, o povão não tem o direito de saber! Finge-se que foi uma coisinha menor, acontecido num paiseco vizinho e por isso só deve interessar a eles.
Ledo engano! O fingido desinteresse é mais revelador do que se tivesse havido comentários pipocando por todos os lados porque isto significa que estão todos com MUITO medo do que pode ser descoberto das alianças das FARC com o Brasil, com o PT e com o Foro de São Paulo. Tanto é assim, que na próxima semana, entre 22 e 25 de maio, acontecerá em Montevidéu o XIV Encontro do Foro de São Paulo precedido do Encontro do Grupo de Trabalho que é quem realiza a pauta das deliberações, e na divlugação dos membros desta organização criminosa foram retirados TODOS, absolutamente TODOS os bandos reconhecidamente terroristas como as FARC e o ELN colombianos, o MIR chileno e até mesmo o PSUV de Chávez. Confiram aqui como a organização está singela: “Lista de membros atualizada”.
Não lhes parece sintomático que tenham realizado agora uma nova lista de membros sem esses bandos terroristas e que, concomitantemente, o site das FARC encontre-se “indisponível”? Não podendo admitir o óbvio, eles põem o lixo para baixo do tapete e passam a se ocupar e ocupar as páginas de jornais, sites e tv com coisas de menor importância para que público continue na ignorância, como continua até hoje sobre “o quê” é o Foro de São Paulo.
É por coisas assim que saí em defesa de Alejandro Peña Esclusa, não porque ele seja meu amigo, ao contrário, foram seus valores morais e de integridade de caráter que nos aproximaram e proporcionaram esta sólida amizade, admiração e respeito mútuo que mantemos, além de uma harmoniosa parceria de trabalho no continente sul-americano. Leiam abaixo a nota escrita por ele, publicado em Noticias 24, mas antes leiam também a nota que a jornalista e amiga comum nossa, a venezuelana Martha Colmenares publicou a respeito deste fato insólito, em “Por que foi surpresa Peña Esclusa na conferência de imprensa?”
Fiquem com Deus e até a próxima!
Peña Esclusa explica porquê “apareceu” na coletiva de imprensa da Interpol
Bogotá, 16 de maio – A reação desesperada do chavismo frente à simples pergunta que fiz na coletiva de imprensa da INTERPOL, realizada ontem nesta cidade, demonstra o que toda a Venezuela já sabe: que Chávez é homem das FARC. Os fatos são os seguintes:
Desde 2007 sou correspondente na Venezuela e na Colômbia do diário argentino “La Nueva Provincia”, fundado há mais de cem anos. Isto não deveria causar surpresa, porque – apesar de ser engenheiro – sou colunista de jornais nacionais e internacionais desde mais de vinte años. Além disso, escrevi cinco livros, dois dos quais foram traduzidos em outros idiomas. É certo que me dedico à política, do mesmo modo que muitos chavistas que conduzem programas de opinião, inclusive o próprio Chávez.
Minha aparição na coletiva de imprensa da INTERPOL nem é suspeita nem estranha. A informação contida no computador de Raúl Reyes vem confirmar o que venho dizendo publicamente desde o ano de 1995: que Chávez é homem das FARC. Assim que meu interesse no tema está plenamente justificado.
Jamais pertenci à TFP [Nota de N24: refere-se ao grupo “Tradição, Família e Propriedade”], como alega o Governo. Mais que descabida, é risível a acusação que o oficialismo me faz de haver atentado contra o Papa João Paulo II. Se isto fosse correto, o Cardeal Renato Martino, Prefeito da Comissão de Justiça e Paz, não me teria recebido no ano passado no Vaticano; nem teria escrito um livro intitulado “O Continente da Esperança”, em honra a João Paulo II. Eu seria um pária, como o é Alí Ahmed Agca.
Tampouco comungo – nem jamais comunguei – com o fascismo, tampouco respaldo ditaduras, nem de esquerda – como a de Chávez e Fidel Castro – nem de direita. Porém, como o governo não encontrou nem uma mancha escura em meu passado, não lhe resta outro remédio que caluniar-me, inventando os contos mais inverossímeis. O importante na coletiva de imprensa de ontem não foi mencionado, mas as declarações do Chefe da INTERPOL demonstram sem sombra de dúvidas a vinculação do oficialismo com o narco-terrorismo colombiano.
O escândalo contra mim, desatado atravésdos canais oficiais, é uma simples cortina de fumaça para encobrir o óbvio: criminosos vinculados ao narco-terrorismo não podem continuar exercendo cargos públicos, não importa quão altos sejam seus cargos. Estão assustados e pagam comigo, porém isso não os livrará do castigo que lhes espera.
Alejandro Peña Esclusa
Presidente de Fuerza Solidaria.
Traduções e comentários: G. Salgueiro
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