quarta-feira, 30 de junho de 2004

Eu tinha outras notas para editar hoje, mas este artigo da grande guerreira Eleonora Bruzual que me acabou de chegar, me fez mudar o rumo completamente, porque ela sintetiza tudo o que está ocorrendo hoje, dentro de Cuba e nas mentes de alguns cubanos que vivem fora da Ilha. Me identifico muito com seu jeito e seu estilo direto, objetivo, incisivo, de quem não tem “papas na língua”.



Nem todos os cubano-americanos são exilados ou anti-castristas e o pior, nem todos que se beneficiaram das riquezas do solo e acolhimento fraterno da democracia norte-americana sabem reconhecer isto e cospem no prato que se lhes foi ofertado, quando lá chegaram.



Então, resolvi publicar este indignado e corajoso artigo porque muitas vezes também ouvi, de meus compatriotas, que “eu não deveria me meter em um assunto que não me dizia respeito”, por não ser cubana, esquecendo-se estas pessoas que aqui não se trata de “pátria” ou “nacionalidade” mas de seres humanos maltratados, torturados, vilipendiados em sua honra e dignidade, iguais à mim e a eles também. Além disso, o horror que aquela bela ilha caribenha vive há malditos 45 anos, que a Venezuela de grandes guerreiros está prestes a experimentar se seus bravos filhos não forem à luta, experimentaremos nós também, pois a afinidade ideológica e os acordos firmados entre Brasil e Cuba, não deixam margem para dúvidas de que, se não houverem vozes dissonantes com este concerto macabro, se não houverem pessoas dispostas a arriscar sua pele em denunciar sem trégua os horrores do comunismo em Cuba, na Venezuela ou em qualquer parte do mundo, não terá valido a pena viver e envergar o título de CRISTÃO.



Sei que meus amigos cubanos, amigos que fui angariando ao longo deste caminho de luta sem trégua contra o castro-comunismo me entendem e me apoiam. Quem não compreender este alerta que há anos venho fazendo, como quem clama no deserto, malgrado o comportamento adotado por este governicho stalinista comprove muitas das denúncias que eu e outros “quixotes” fizemos, só posso lamentar a estreiteza de visão e a pequenez de seus corações.



Aos vociferantes do Aeroporto de Miami, lhes sugiro que inflem uma balsa e tomem o rumo ao Mar da Felicidade...



Publicado em 30 de junho de 2004, por Eleonora Bruzual



Leio os eventos acontecidos esta semana no aeroporto de Miami e não posso mais que refletir sobre um fato: o melhor suporte de tiranos e déspotas é o egoísmo e a mediocridade de muitos que são suas vítimas, porém que na hora de ter que assumir posições firmes, que pressionem a esses déspotas, de imediato convertem-se em seus aliados e cúmplices.



Um titular descreve todo o “Caos no aeroporto de Miami ao cancelar-se dois vôos a Cuba”, essa Cuba onde um velho ridículo e impertinente, um tiranossauro insaciável mantém seqüestrado um povo que, qual mendicante, vive há quase meio século de esmolas, de chocantes caridades e do inconfessável pecadilho de muitos, de chegar a povonear-se frente ao faminto de seus “quatro quartos” conseguidos em liberdade, frente a uma massa que morre de solidão, que deve prostituir-se, que treme ante os esbirros, que cala e estende a mão, porque tudo lhe foi roubado pelo déspota: a dignidade, o orgulho, a raiva, a esperança.



Esses furibundos cubanos que gritavam e esperneavam de ira no aeroporto de Miami, seguro que bajuladores chegariam a Cuba, sorrindo melosos ante os esbirros da aduana, caladinhos e covardes porque, nos prédios de Castro o que grita paga, o que discorda morre ou vai preso, e para fazer isso, para correr esses riscos se necessita de valor, se necessita de honra, se necessita de galhardia, à qual sobra aos presos da dignidade, da consciência que enchem as masmorras do chulo jinetero. Esses que, metidos a valentões porque gritar em Miami não acarreta mais perigo do que o de ficar rouco, insultaram o congressista Lincoln Días-Balart, porque queriam chegar à Cuba, bordel do sátrapa amoral, para humilhados, covardes, caladinhos, deixar suas migalhas e sentirem-se poderosos ao saciar a fome de familiares e amigos, de vizinhos e conhecidos, esses que por egoísmo e falta de dignidade dos chorões do aeroporto de Miami, devem deixar na ilha cárcere condenados perpétuos...



Muitos cubanos talvez me escutem e se perguntem: e esta venezuelana, por que se mete conosco? Esta venezuelana, por que opina sobre algo que só compete aos cubanos? E eu contesto: esta venezuelana fala, horrorizada em ver como muitas vezes os tiranos, os verdugos, não necessitam de seus lambe-botas, não necessitam de seus policiais e seus mecanismos de repressão ou de inteligência e propaganda; só têm que tocar a avareza, a estupidez, o egoísmo de uns poucos e, de imediato geram-se distúrbios, os motins que serão o “Pomo da discórdia” para as necessidades destes delinqüentes.



Serão motivo de prazer para o senecto chulo jinetero que hoje se baba ao constatar que realmente deu vida ao “Homem novo cubano”, esse que esta semana, no aeroporto de Miami, gritava forte, seguro de que a democracia de um país livre se lhe permite isso: “Queremos viajar! Queremos ir a Cuba!” E calavam o resto... Queremos ir para humilhar os famintos com nossos dólares! Queremos ser parte dessa festa perversa que em Cuba se monta para todo aquele que possa pagar em dólares, a trágica verdade de uma revolução maldita, fazedora de prostitutas, revolução que esmaga o homem digno e gera canalhas!



Esses aliados gratuitos, esses zumbis úteis ao tirano se enfurecem porque viram maltratada sua esperança de viajar antes que entrasse em vigor o pacote de medidas que cercaram a alforja do chulo, o prostituto mais velho, o verdugo histórico que devora tudo, até a vergonha dos que bem lhe servem.



Leio que um tal Pedro Pérez, de 70 anos, queria viajar a Cuba para ver seus dois irmãos. Todavia, quando chegou ao aeroporto foi informado de que seu vôo havia sido cancelado. Pérez viajou desde Nova Jersey para tomar o avião para a ilha, e decidiu esperar para ver se podia tomar outro vôo. É Pedro Pérez que exclama: “Penso ir, se nos deixam. Caminhando não posso ir”... Eu, desde a Venezuela, onde luto diariamente para impedir que se reedite em minha pátria a tragédia do mártir povo cubano, lhe sugiro que infle a balsa e tome o rumo deste “Mar da Felicidade” que em suas profundidades guarda cadáveres e esperanças truncadas de milhares de cubanos que pretenderam sem sorte ganhar a liberdade que agora desfrutam os chorões do aeroporto de Miami, para gritar, insultar e desesperar-se para ir bem servir a quem lhes pisou a dignidade e a coragem... Pedro Pérez, se és tão valentão para insultar, sê também para lançar-te ao mar em uma balsa e desandar o andado... Desanda tu hoje de homem livre e volta até onde está quem te fez escravo!



Leio o que sucedeu nesse aeroporto de Miami e uma vergonha distante me apanha... Penso nesse pobre mequetrefe que gritava aos funcionários do governo ali presentes: “Hoje é 29! Tenho direito de viajar hoje!...” e minha mente corre longe... chega até Cuba e imagino Martha Beatriz Roque Cabello, Oscar Elías Biiscet, Raúl Rivero, esses 75 valentes, esses 75 cubanos que representam a dignidade e a coragem que não possuem os que se desesperavam de vontade de chegar para servir ao chulo jinetero Fidel Castro, esses milhares de cubanos que morrem de esquecimento, de solidão, de silêncios porém que possuem a grandeza do valor e da coragem, e que imagino dizendo: Hoje é 30 de junho, o “30 de junho” número 45 do calvário eterno desta revolução maldita! Hoje é outro dia a mais que se soma aos milhares que em quase meio século tem transcorrido e cobrado vidas, sonhos, esperanças de um povo que não merece nem o verdugo amoral e transgressor que o oprime, nem essa espantosa mostra do “Homem novo” que Castro formou e que neste 29 de junho, no aeroporto de Miami, serviu leal e efetivamente a seus desejos e a seus planos.



Se algum desses que gritaram, chiaram, ameaçaram no aeroporto de Miami e por isso se juram valentíssimos, esta mulher venezuelana lhes diz que lhes desprezo e lhes tenho uma profunda lástima. Com vocês, Cuba não recuperará jamais a liberdade! Com vocês, o sátrapa assassino se refastela! Ah! Se aceitarem meu conselho e se forem em balsa, por favor saúdem a Elián! Talvez decidam ir para ver e satisfazer mais ainda sua morbidez!



Por isso tenhamos muito claro, venezuelanos: há que dizer SIM! neste encontro para expressar nosso voto, porque a VENEZUELA SAIRÁ SIM DESTE PESADELO! A Venezuela não será a segunda Cuba, onde se tem que viver das migalhas que um verdugo lança. Nos vejamos no doloroso espelho cubano!



NetforCuba International - http://www.netforcuba.org



Tradução: G. Salgueiro



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