Cuba se crê “o umbigo do mundo”, segundo expressão usada pelos próprios cubanos, quando querem referir-se à arrogância e prepotência do “Líder Máximo”. Pois foi exatamente isto que ele tentou fazer em relação à "Cúpula de Guadalajara”, quando emitiu uma carta desastrosa ao povo mexicano; resultado, o tiro acabou lhe saindo pela culatra e seu chanceler preferido, Felipe Pérez Roque saiu todo chamuscado. Se calhar, Pérez Roque vai ter que fazer uma auto-crítica em praça pública, por não ter conseguido sensibilizar os outros 57 países que com ele dividiam os trabalhos da tal cúpula.
Honestamente, fiquei muito feliz que isso tivesse ocorrido porque não estava, como nunca esteve em jogo, a melhoria da qualidade de vida e respeito ao “povo” cubano, aquele que enfrenta as “guaguas” para ir ao trabalho diariamente, muitas vezes com fome e sem um banho, porque não há água para todos regularmente. Por este povo eu luto, sofro junto com eles e muitas vezes choro, ao ver tanta desumanidade sem que nós, pobres mortais sem grana nem poder, possamos fazer alguma coisa para mudar tamanha miséria e escravidão. A miséria do povo cubano só pode ser comparada à de outros povos que vivem sob a pressão de regime irmão, como China, Vietnã ou Coréia do Norte. Por mais que haja aqui pobreza, miséria ou mesmo fome, nós somos livres, podemos progredir, fazer alguma coisa para sobreviver; em Cuba não, porque TUDO é do Estado, até sua própria vida, por isso a deseperança e o índice de suicídios lá é tão alto...
Mas hoje também trazemos notícias da Venezuela e a prévia (ao menos as expectativas) do “reparo”. A mansidão e aceitação do tropero de Sabaneta em relação ao resultado levam-nos a ficar com a pulga atrás das orelhas. Há qualquer coisa de estranha no ar mas só nos resta aguardar os acontecimentos.
A outra informação que damos hoje vem da Colômbia; assassinaram um dos chefes da Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), cujo codinome era “Doble cero”. O jornal Folha de São Paulo noticiou hoje, também, que o fundador das FARC – Manuel Marulanda “Tirofijo” - havia morrido em conseqüência de um câncer de próstata, referindo ter visto a notícia no jornal “El Nuevo Herald” mas eu procurei, inclusive no próprio site de tal grupo terrorista e nada encontrei. Se for verdade, breve confirmaremos e informamos aqui.
Bem, hoje o Notalatina está sendo editado um pouco tarde mas espero que os amigos ainda estejam acordados e dispostos a tomar conhecimento do que vai pela América Latina e Caribe. Amanhã falaremos outra vez dos absurdos cubanos. Aliás, quero informar que brevemente meu amigo Percival Puggina estará lançando seu livro sobre Cuba que nós teremos o maior prazer em divulgar e comentar neste blog. Até amanhã, então.
Cuba mais isolada após a Cúpula de Guadalajara
Da AFP em Guadalajara, reportou Elisa Santafe
Cuba ficou ainda mais isolada ante a comunidade latino-americana e a União Européia (UE), após lançar na III Cúpula da América Latina, Caribe e União Européia um duro ataque aos europeus mas que não conseguiu seus objetivos.
A Declaração da cúpula euro-latino-americana não incluiu finalmente uma condenação à lei norte-americana Helms-Burton, porque a delegação cubana e seu chanceler insistiram até o último momento em que além disso, se denunciassem as recentes medidas norte-americanas para reforçar o embargo à ilha, ao que os europeus se negaram.
A UE, que sempre condenou esta lei e desde o primeiro momento estava disposta a reiterá-la na cúpula, “foi bastante flexível e disposta a considerar as preocupações de Cuba”, defendeu Dermont Brangan, porta-voz a chancelaria da Irlanda, país que exerce a atual presidência européia.
Porém,
O chanceler cubano, Felipe Pérez Roque, teve uma “atitude bastante entropecedora e obstrucionista” e “dá lástima, porque é bloquear por bloquear” e “porque vai tudo em detrimento da população cubana, à qual dirigimos toda nossa simpatia”, estimou uma fonte européia.
No lado latino-americano, muitos chanceleres sentiram-se “incomodados” ante a insistência de Pérez Roque e o tempo perdido com este debate, e fizeram-no saber, segundo uma fonte da chancelaria chilena, que estimou que o governante cubano, Fidel Castro, “se equivocou” quando na véspera da cúpula acusou a UE de ser “cúmplice com os crimes e agressões dos Estados Unidos” contra a ilha.
Com esta atuação “Cuba foi a única que perdeu”, uma vez que não se tem todos os dias os chanceleres de mais de 50 países reunidos”, lamentou.
Segundo um funcionário europeu presente nos debates, a atitude de Cuba “não foi correta”; foi “excessiva e não adaptada a este diálogo” euro-latino-americano.
“Cuba não é o único país da cúpula; há 58 e é uma pena que uma cúpula de 58 países esteja totalmente dominada pelo comportamento de Cuba. Há outras coisas das quais falar com a América Latina e o Caribe”, deplorou.
O presidente da Comissão Européia, Romano Prodi, assegurou na véspera que a UE “não quer isolar Cuba” e que “não está no interesse de Cuba enfrentar a União Européia e isolar-se da comunidade internacional”.
Ante esta última batalha de Cuba, a UE mantém sua postura do último ano: “Antes que possa haver progressos na relação” entre ambas as partes, “necessitamos que haja melhoras no terreno”, disse Prodi na sexta-feira.
Após dois anos de aproximação, as relações entre a UE e Cuba estão praticamente bloqueadas há um ano, quando a UE decidiu repudiar as condenações dos 75 dissidentes e tomar, entre outras, a decisão de convidar os opositores às embaixadas européias em Havana.
As autoridades cubanas exigem que os europeus retirem esta medida para retomar as relações, enquanto que Bruxelas pede a libertação dos dissidentes, entre outras medidas, para melhorar a situação dos direitos humanos.
Cuba, além disso, rechaçou os fundos de cooperação europeus e retirou sua candidatura ao Acordo de Cotonú de cooperação entre a UE e o grupo de países da África, Caribe e Pacífico (ACP), ao qual pertence a ilha.
Além disso, no ano passado não se celebrou a reunião de diálogo político que mantinham as partes após o reatamento de suas relações a este nível, em 2001.
Os europeus devem renovar em junho sua posição comum sobre a ilha, onde pedem uma transição democrática desde 1996, e onde seguramente se mencionará a postura cubana em Guadalajara, segundo uma fonte européia.
Por sua parte, o novo governo espanhol, visto por Cuba como um possível sócio para melhorar as relações com Bruxelas, defende a postura da UE. Seu presidente, José Luis Rodríguez Zapatero, qualificou a opinião de Cuba de “minoritária” e disse que “lhe deve servir como elemento de reflexão”.
Fonte: lavozdecubalibre.com
Assassinam na Colômbia o líder dos paramilitares
Assina a matéria: Margarita Martinez da Associated Press
“Doble cero” (Duplo zero), fundador dos grupos paramilitares, aliado de Carlos Castaño e aberto critíco da infiltração do narco-tráfico na luta anti-guerrilheira – que o levou ao afastamento de sua cúpula – foi assassinado por matadores profissionais, disse ontem a polícia.
Carlos Mauricio García, seu nome real, saía de um supermercado com uma mulher quando foi atingido com cinco disparos na cabeça, na cidade caribenha de Santa Marta, na sexta-feira, após meses de perseguição por seus inimigos, disse a Polícia de Magdalena.
Em um de seus últimos correios eletrônicos à AP, em relação à provável morte de Castaño, chefe das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), afirmou que não temia falar porque seus inimigos, os narco-traficantes no interior do paramilitarismo, encabeçados aliás, por “Don Berna”, queriam matá-lo de qualquer maneira.
“O que poderia acontecer mais a mim, se me queriam matar mais vezes ou com mais intensidade, ou com uma arma maior?”, escreveu García, de 39 anos.
“Doble cero” denunciou que Castaño teria sido assassinado um mês antes, ao que tudo indica pela facção que agora lidera as AUC, às quais pertencem seu próprio irmão, Vicente Castaño e “Don Berna”.
O corpo de Castaño não apareceu e seus antigos aliados – em negociações de paz com o governo – afirmam que ele está vivo.
García denunciou que as AUC haviam vendido blocos inteiros, com homens e armas, por milhões de dólares a narco-traficantes, que os utilizavam para a proteção de seu negócio e não na luta anti-subversiva.
Ele qualificava de “farsa” os diálogos que os parlamentares realizam com o governo e disse que, com o provável assassinato de Castaño, eliminava-se um obstáculo para os narco-traficantes.
O governo, em meio a polêmicas internas e externas, realiza negociações de paz com as AUC, que poderiam levar à desmobilização destas forças, e que afirmam ter 20.000 combatentes.
Fonte: El Nuevo Herald
Oposição venezuelana anuncia que validou as assinaturas necessárias
A oposição venezuelana proclamou ontem que conseguiram-se as assinaturas suficientes para convocar o Referendo Revocatório contra o presidente Hugo Chávez.
“Conseguimos as assinaturas... temos absolutamente suficientes assinaturas que não as vão poder escamotear”, disse o dirigente opositor Enrique Mendoza, enquanto seus seguidores gritavam: “Vitória, vitória!”
“Em 8 de agosto haverá Referendo”, assegurou Mendoza na sede da Coordenadora Democrática (CD) que reúne a oposição a Chávez.
“Mais de 700.000 vontades tornaram possível este revocatório”, disse Mendoza e após seu anúncio soram fogos na zona leste de caracas, um bastião opositor.“A partir de hoje o Referendo Revocatório não pára ninguém”, insistiu. Mendoza assinalou que imediatamente anunciaram ao país a realização de uma grande marcha em Caracas, na qual “dois milhões de seres humanos virão de todas as partes do país”.
Para ativar o referendo contra o mandato de Chávez, a oposição deve conseguir a validação de 555.215 assinaturas, para completar assim as 2.46 milhões de rubricas exigidas. A oposição juntou as assinaturas em fins de 2003. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) validou 1.910.965 das apresentadas e colocou outras 1.192.914 em observação, pelo qual deviam ser “reparadas” ou confirmadas em três jornadas de verificação que foram concluídas ontem. No processo também podiam solicitar sua exclusão os assinantes arrependidos.
Previamente, o porta-voz opositor Américo Martín disse que “as metas estão amplamente superadas; sem fazer triunfalismos prévios, sem dar cifras estamos enormemente satisfeitos, enquanto o opositor Jesús Torrealba assegurou que a oposição tem “mais de dois milhões e meio de razões” ao referir-se à cifra requerida para ativar a consulta.
Após o anúncio de Mendoza, o CNE reiterou que estava proibido oferecer resultados até enquanto a entidade não emita seu primeiro boletim, previsto para terça-feira, e assinalou que as estações de televisão que transmitirem as declarações destes dirigentes poderão ser objeto de fechamento.
Por sua vez, vários dirigentes oficialistas também se atribuíram a vitória. “Graças ao povo... temos razão para celebrar”, disse em uma coletiva de imprensa José Albornoz, secretário geral do partido oficialista Patria Para Todos, no meio dos partidários que gritavam: “vitória, vitória, vitória popular”.
O presidente, por sua parte, reiterou ontem sua disposição a submeter-se a um referendo se a oposição validar o número de assinaturas necessárias para ativar a consulta, após uma reunião com o ex-presidente e Prêmio Nobel da Paz de 2002 Jimmy Carter, que encabeça a missão de observadores do Centro que leva seu nome.
“Se o CNE amanhã, ou depois de amanhã disser que a oposição chegou às assinaturas (necessárias), eu vou feliz ao referendo e convido a todo o país, tanto o governo quanto a oposição, que vamos felizes (à consulta)”, declarou Chávez a jornalistas.
“Eu não tenho medo nenhum do referendo, porque eu tenho minha força política e popular”, acrescentou.
Fonte: El Nuevo Herald
Traduções: G. Salgueiro
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