Dois assuntos importantíssimos sobre o envolvimento das FARC com a Venezuela são os temas de hoje do Notalatina, mas não posso deixar de comentar antes um fato gravíssimo que está acontecendo com o meu amigo Alejandro Peña Esclusa. Um mês antes de ser criminosamente preso por crimes que não cometeu - e JAMAIS cometeria -, Alejandro submeteu-se a uma cirurgia para retirar um tumor canceroso na próstata. A intervenção foi bem sucedida mas, como toda operação deste porte, requeria um acompanhamento médico que não foi feito por encontrar-se preso. No princípio deste mês, em decorrência da greve de fome dos estudantes que exigiam dentre outras coisas atendimento médico aos presos políticos, Alejandro foi encaminhado para realizar exames de rotina no necrotério de Bello Monte, denotando um extremo mau gosto e crueldade, conforme indica esta nota, e cujo resultado acusou novo tumor.
Ontem o Mídia Sem Máscara publicou uma entrevista dada por sua esposa Indira, no qual ela denuncia que Alejandro necessita com urgência de uma visita a seu médico para tratamento, pois, como sabemos, este não é do tipo mais agressivo e as chances de uma recuperação plena são extremamente grandes desde que tratado com a máxima urgência. Apesar da notícia já ter-se espalhado pela rede, não vi aqui no Brasil nenhuma manifestação exigindo a libertação de Alejandro para fazer este tratamento, por parte de políticos ou ONGs que defendem os “direitos humanos” de bandidos do mundo todo. Evidentemente o caso dele não inspira compaixão porque ele não é bandido mas este é um tema que devo tratar nos próximos dias, inclusive com uma sugestão de como podemos apoiá-lo.
Esta história me abalou muito, de maneira que as informações que publico hoje são duas traduções literais sobre a situação das FARC e teço alguns comentários sucintos. A primeira notícia dá conta de que um instituto britânico compilou todos os e-mails encontrados nos computadores de Raúl Reyes (RR) e vai dispor para a venda em CDs a partir do próximo dia 10 de maio. Ainda não sei como farei, mas quero comprar este material de qualquer maneira, uma vez que o Santos, depois que tornou-se presidente da Colômbia e o “mais novo melhor amigo” do amigo das FARC, tem segurado as informações contidas nos computadores de líderes batidos como o próprio RR, de “Tirofijo”, do “Mono Jojoy” e de mais não sei quantos guerrilheiros destacados do bando terrorista.
E a outra tradução nos conta um fato muito interessante. Há anos eu (e todos os militares colombianos) sei que o site de notícias ANNCOL é o porta-voz oficial das FARC, uma vez que o site oficial do bando terrorista passa mais tempo fora do ar do que em atividade. E eis que um dos seus diretores, Joaquín Pérez Becerra, cognome “Alberto”, foi capturado sábado passado na Venezuela e Santos (e toda a imprensa chapa branca, que o bajula vergonhosamente), que afirmou no princípio do mês na Espanha de que na Venezuela não tem mais nenhum terrorista das FARC, desmanchou-se em elogios a Chávez por tê-lo prendido e concordado em extraditá-lo para a Colômbia.
Ocorre que neste episódio há dois pontos fundamentais para este pronto atendimento do ditador venezuelano: 1. Chávez aguarda que Santos extradite Walid Makled à Venezuela para que ele o silencie, encobrindo definitivamente seus incontáveis crimes em conluio com as FARC; e 2. porque a inteligência colombiana estava no encalço do “embaixador” das FARC na Europa e trabalhava conjuntamente com as polícias européias, e que possuía um alerta vermelho dado pela Interpol. Depois de embarcado na Alemanha a polícia deste país informou à Colômbia e à Venezuela de que o terrorista seguia para Caracas. Como não havia nenhum pouso antes de chegar a Caracas, o marginal não pôde escapar, não restando outro remédio a Chávez senão confirmar - e prender - sua chegada ao aeroporto de Maiquetía.
Três advogados venezuelanos já entraram com pedido de habeas corpus nesta segunda-feira em favor do bandido, que muito provavelmente receberá, pois um deles alegou que tal recurso procura garantir “o direito à defesa, o direito à comunicação e o direito a ter seus advogados”, acrescentando que “Alberto” não havia se comunicado ainda com seus familiares (que na verdade era Iván Márquez que vive na Venezuela) e que era um “cidadão sueco”. O mesmo tratamento humano e prestimoso não deram a Alejandro, malgrado todos os esforços de seus advogados.
Essa história ainda vai ter desdobramentos e muito provavelmente “Alberto” não vai ser extraditado, pois Chávez não vai abandonar “os seus” e depois vai alegar que foi a justiça que não permitiu a saída do terrorista do país. É a velha estratégia das tesouras: com uma mão finge que honra o compromisso feito a Santos de combater o terrorismo, e com a outra “dá um jeitinho” de salvar a pele do terrorista. Nós já não estamos fartos de ver coisas semelhantes por aqui? No discurso os comunistas prometem tudo o que o interlocutor quer ouvir, enquanto que na prática seguem fazendo exatamente o que seus planos determinam. E Santos, que de idiota não tem nada, finge que acredita enquanto discursa para o mundo que “seu governo é da paz” com todos os vizinhos. Se alguém passou pela Casa de Nariño domingo passado, provavelmente deve ter visto Santos alegremente procurando nos belos jardins do Palácio, os ovinhos de Páscoa que o coelho escondeu... Fiquem com Deus e até a próxima!
Instituto britânico revelará os documentos do computador de “Raúl Reyes”
Antonio Maria Delgado
O britânico Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) publicará no dia 10 de maio os documentos encontrados no computador do abatido porta-voz das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) que conteria informação-chave sobre os estreitos vínculos entre o governo venezuelano e o movimento guerrilheiro. Os milhares de documentos que entre outras coisas mostram os esforços do presidente venezuelano Hugo Chávez para oferecer respaldo financeiro, político e bélico à organização guerrilheira, estarão disponíveis dentro de CDs que serão vendidos ao público, informou IISS em sua página de Internet. O material encontrado dentro de um computador portátil foi entregue ao instituto pelo governo do então presidente Álvaro Uribe, depois que Raúl Reyes foi abatido em 2008 pelo Exército colombiano em um polêmico bombardeio a um acampamento guerrilheiro em território equatoriano. “São inumeráveis os documentos que há sobre a organização das FARC”, comentou José Obdulio Gaviria, um assessor próximo de Uribe. “O que conhecemos até agora é só a ponta do iceberg; logo se saberão os detalhes das relações das FARC com a Venezuela, Equador e com políticos colombianos e norte-americanos”.
Alguns dos pontos mais importante dados a conhecer até agora, são as tentativas do governo venezuelano de oferecer financiamento ao falecido líder da organização guerrilheira, Antonio Marín, também conhecido como “Tirofijo” e “Manuel Marulanda”. “A informação sobre a relação entre as FARC e o governo da Venezuela são desconcertantes”, comentou Gaviria, que disse ter tido acesso a alguns dos documentos mais sensíveis. “Por exemplo, a magnitude da ajuda que Chávez pretendia dar a Tirofijo era mais ou menos perto dos $ 200 milhões de dólares, e a fórmula que se discutia lá nos arquivos era uma triangulação para fazer a contribuição através de Petróleos de Venezuela (PDVSA). Isso vai ser muito importante para que o mundo veja”. Outros documentos contendo mensagens internas da organização guerrilheira revelam que Chávez tratou de dotar os rebeldes colombianos de armas.
Segundo alguns dos documentos que foram filtrados, o chefe da inteligência militar venezuelana, general Hugo Carvajal, e outros membros das forças armadas de Chávez, trataram de ajudar as FARC a obter diversos tipos de armas, inclusive mísseis anti-aéreos. Em um deles, Iván Márquez, o principal elo da guerrilha com o governo de Chávez, ressalta que Carvajal e outro general venezuelano vão conseguir-lhes 20 bazucas. Do mesmo modo discutiram “a possibilidade de aproveitar a compra de armas à Rússia por parte da Venezuela, para incluir alguns conteiners para as FARC”. Funcionários do governo Uribe haviam anunciado que cerca de 11.000 documentos foram encontrados em três computadores, dois discos externos e três cartões de memória durante a operação militar, na qual morreu Reyes junto com outras 24 pessoas. O governo venezuelano qualificou todas estas informações como uma farsa, dizendo que são parte de uma campanha de desprestígio empreendida pelo “império” contra a revolução socialista empreendida por Chávez.
Porém, o ex-embaixador da Venezuela ante as Nações Unidas, Diego Arria, disse não ter dúvidas sobre sua autenticidade. “Foram certificadas como autênticas pela INTERPOL e o então ministro da Defesa Juan Manuel Santos”, comentou Arria em referência ao quase um milhão de páginas contidas nos documentos. “O IISS é um think tank de grande prestígio e a decisão de entregar os documentos se produziu precisamente porque se procurava dar uma apresentação mundial impecavelmente independente”, acrescentou. Os documentos a ser divulgados em maio estarão acompanhados pelo informe “Os Arquivos das FARC, Venezuela, Equador e os Arquivos Secretos de Raúl Reyes”, elaborado pelos analistas do instituto, que passaram vários meses analisando os documentos. “Este dossiê estratégico fornece informação detalhada sobre o pensamento e evolução das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). É baseado em um estudo dos discos dos computadores pertencentes a Luis Edgar Devía Silva (cognome Raúl Reyes), chefe do Comitê Internacional das FARC, que foram capturados pelas Forças Armadas da Colômbia em uma operação em março de 2008”, ressaltou o IISS em sua página na Internet. Segundo o instituto, “o informe mostra como as FARC evoluíram desde um pequeno e estrategicamente irrelevante grupo, até um movimento insurgente, alimentado pelas receitas da produção de narcóticos, que esteve perto de pôr em perigo a sobrevivência do Estado colombiano”.
Fonte: El Nuevo Herald, Miami
A captura na Venezuela do “embaixador” das FARC é um golpe na “diplomacia” desse grupo
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Joaquín Pérez Becerra, vulgo "Alberto", diretor do site ANNCOL porta-voz das FARC na Suécia, era o "embaixador" das FARC na Europa |
Está previsto que Joaquín Pérez, direito responsável da página de ANNCOL, chegue à base anti-narcóticos em Bogotá nesta mesma tarde, proveniente de Caracas, Venezuela. “É necessário se reunir o quanto antes para definir assuntos logísticos urgentes”. Esta mensagem de “Iván Márquez”, um dos integrantes do Secretariado das FARC, tirou de Estocolmo rumo à Colômbia Joaquín Pérez Becerra, cognome “Alberto”, o denominado “embaixador”da guerrilha na Europa, em viagem de emergência.
Este homem, que veio à luz pública graças à informação encontrada nos computadores de Raúl Reyes em 2008, fazia parte do estado-maior do bloco internacional das FARC e havia ocupado, em vários temas, o lugar de “Rodrigo Granda”.
Com 30 anos de militância nas FARC, ele é o responsável direto pela página de notícias ANNCOL, hosting que está registrado em seu nome e, segundo a informação de inteligência, manejava as ajudas econômicas internacionais das FARC, assim como os contatos com grupos como o ETA e a compra de armamentos. Nascido em Cali e com cidadania sueca desde 1995, Joaquín Pérez, o “Alberto”, se estabeleceu em Estocolmo dois anos atrás com status de refugiado. Desde esse momento, por ordem do Secretariado, recebeu a missão de estender a comissão internacional das FARC na Itália, Alemanha, Espanha, Holanda, Bélgica, Noruega, Dinamarca, Suécia, Rússia e Líbano. Esta tarefa foi supervisionada por Rodrigo Granda até o momento de sua captura, em dezembro de 2004.
As provas
Com mais de 700 correios nos PC de Raúl Reyes e 50 até agora encontrados nos do “Mono Jojoy”, a Polícia construiu o processo criminal de “Alberto”, que tem ordem de captura na Colômbia, circular vermelha na Interpol e medida de garantia vigente pelos delitos de concerto para delinqüir com fins terroristas, administração de recursos relacionados com fins terroristas e rebelião. Nos correios se evidencia como o Secretariado sustentava economicamente “Alberto”, do mesmo modo que a “Lucas Gualdrón”, o outro assinalado de fazer parte da engrenagem internacional das FARC e que atualmente está na Suíça.
As reportagens das autoridades de emigração dão conta de que Joaquín Pérez pôde chegar aos acampamentos das FARC entrando pelos países vizinhos em 2003, 2004, 2005, 2006 e 2009, quando realizou sua última visita a “Iván Márquez”. Depois da morte de Reyes recebeu a missão de “repolitizar” as FARC na Europa.
Assim foi a captura
Os organismos de segurança da União Européia já tinham identificada a rotina de “Alberto”, que sempre viajava com sua companheira sentimental. Entretanto, sábado passado ele decidiu tomar um vôo em Estocolmo (Suécia), com escala em Frankfurt (Alemanha) sozinho. Saiu de lá às 9:30 da manhã e, graças aos mecanismo de cooperação internacionais, tanto as autoridades venezuelanas como colombianas souberam que chegaria ao aeroporto internacional de Maiquetía, em Caracas, às 3:20 da tarde, no vôo 524, proveniente da cidade alemã. A rapidez da Polícia da Venezuela não lhe deu tempo de reagir. Agora a Colômbia está agilizando a solicitação de extradição. Esta captura, que é um golpe na estrutura logística das FARC, converte-se em um gesto de valiosas proporções do governo de Hugo Chávez.
O que revelam os computadores de “Reyes” e “Jojoy”
6 de setembro de 2001 - (correio de Olga Marín a Raúl Reyes): Alberto Suécia diz que Ricardo (Granda) lhe havia aumentado o orçamento para 1.500 dólares mensais (...) Segundo isso, os três mil que pensei que eram para três meses foram para dois. Ricardo me perguntou no caso de Lucas (Galdrón) e sendo justo, é mais cara a vida na Suíça do que na Suécia e Alberto recebe 200 mais.
27 de junho de 2002 - (correio de Olga Marín a Raúl Reyes): Juan Antonio está sem dinheiro. Receberam-se as seguintes movimentações: Alberto dois mil dólares, Lucas dois mil e Terraza 2 mil.
1º de junho de 2004 - (correio de “Alberto” a Raúl Reyes): Informo-lhe que um colombiano residente aqui na Suécia há 15 anos decidiu ingressar na organização. Ele esteve colaborando com escritos em ANNCOL e na tradução. Chama-se Gildardo, é filósofo graduado na Universidade de Estocolmo. Ele viaja em 10 de janeiro a Caracas e estará pendente de qualquer decisão.
8 de abril de 2007 - (correio de “Alberto” a Reyes): Me falaram de um tipo que vende armas. Eles já lhe compraram 40 fuzis Fal. Me reuni com ele da web para assuntos de ANNCOL.
Fonte: El Tiempo de Bogotá
Comentários e traduções: G. Salgueiro