O Notalatina de hoje está repleto de denúncias graves, o que dá a medida de como está fervendo o caldeirão venezuelano. A guerra ainda não está declarada, entretanto, já se manifesta de forma insidiosa e gradual. Talvez por isso a resistência e perseverança da brava oposição, que congrega os mais diversos setores da sociedade, seja a cada dia mais firme e corajosa.
Chávez dá mostras do seu desespero, malgrado o forte apoio recebido por parte de países como o Brasil e Cuba. Cada dia inventa uma nova forma de reprimir o povo e o movimento contrário ao seu des-governo. Ontem ele deu um escândalo por causa das escolas que aderiram à greve geral; hoje o problema foi com as universidades. Na Universidade Central da Venezuela grupos chavistas atacaram violentamente com paus, pedras, gases lacrimogêneos e tiros, uma manifestação pacífica entre alunos, professores e funcionários em favor da greve, resultando em dois feridos à bala, um estudante e um professor. O reitor da universidade afirmou que foram vistos encapuzados portando armas de fogo, de onde provavelmente foram disparados os tiros.
Hoje foi também a posse do novo presidente do Equador, Lucio Gutiérrez. Presentes ao evento os presidentes do Brasil, da Venezuela, Bolívia, Colômbia, Chile, Peru e, como não podia deixar de comparecer, o ditador Fidel Castro. O discurso de posse foi semelhante ao do brasileiro Lula, dando a impressão de ter havido um certo acordo entre os países do Eixo do Mal, quando afirmou: “Não governarei nem para a esquerda, nem para a direita; ... Governarei para os equatorianos, sem as ataduras ideológicas do passado”. Será que o jeito esquerdista de governar agora virou uma franquia? E amanhã, Chávez estará em Nova York, onde se entrevistará com Koffi Annam e depois será recepcionado pelo embaixador do Marrocos.
Mas antes de passar para as notícias, que são muitas, coloco uma nota do escritor e exilado cubano na Espanha Carlos Alberto Montaner, que merece alguma reflexão: “Antes que o socialismo se apoderasse de Cuba, em 1959, a ilha caribenha quase DUPLICAVA a renda per capita do Brasil. Hoje o Brasil TRIPLICA a per capita de Cuba. Já não há grandes diferenças nos níveis de consumo dos cubanos. Quase todos, excetuando o UM POR CENTO que forma a privilegiada nomenklatura política, VIVEM NA MISÉRIA”.
Nota de esclarecimento: As notícias veiculadas nesta edição deveriam ter sido divulgadas no dia 15; por problemas operacionais, sai com dois dias de atraso. Notalatina.
DEPUTADO CASTILLO DENUNCIA O EXECUTIVO DE COJEDES: “GOVERNO ARMA A MILÍCIA BOLIVARIANA”
CARLOS MOLLEJAS – El Universal
O deputado do MAS, Pedro Castillo, revelou que o principal beneficiário das armas que governadorias como as de Cojedes e Vargas importam de maneira irregular ao país, são das “milícias bolivarinas”, uma organização que agrupa e coordena vários grupos para-militares afeitos ao Governo Nacional, como os Carapaicas.
O parlamentar acrescentou que um dos grupos pertencentes a estas milícias é a Força Bolivariana de Libertação, um grupo guerrilheiro colombo-venezuelano vinculado às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, o qual opera em território fronteiriço de nosso país.
Castillo disse que denunciou estes grupos em setembro passado na Assembléia Nacional, baseado nas informações que lhe concedeu um confidente que era membro da Força Bolivariana de Libertação, e lembrou que logo após sua exposição no parlamento, uma equipe do jornal Tal Cual confirmou a veracidade de suas palavras, ao entrevistar em Guadualito vários integrantes desse movimento político armado.
”Meu confidente, que já não pertence ao FBL, me disse que este grupo é beneficiário da maior parte de armas roubadas da Força Armada Venezuelana e a DISIP, desde 1998, se encarrega de roubar aviões e helicópteros venezuelanos para suprir a guerrilha colombiana. Também referiu que as Milícias Bolivarianas desenharam o que eles chamam de "Estratégia de Defesa da Revolução", plano de trabalho cujo ponto inicial é o apetrechamento, graças a colaboração de várias governadorias oficiais”.
Ilícito permitido
Sobre o roubo de 260 pistolas do governo de Cojedes, efetuado por sete individuos na quarta-feira passada na armazenadora América Park Service de Montesano, Vargas, Castillo disse que estas foram importadas da Croácia pela companhia Ruibal y Duran, empresa que já havia sido denunciada outras vezes, por trazer armas ao país de maneira ilegal.
Disse que Ruibal y Durán tirou essas pistolas da aduana aérea de Maiquetía, para a referida armazenadora, violando o Art. 80 do regulamento da Lei de Aduanas, o qual proíbe esta prática para armas e explosivos, graças a uma autorização assinada pelo Diretor da Direção de Armamento da Força Armada. ”Tenho em meu poder uma carta na qual o General Gustavo Rangel Briceño solicita à Gerente da aduana, Maria Casilda García que realize o transporte. Também tenho uma declaração na qual trabalhadores da empresa Aduanacrock reconhecem à polícia científica sobre este movimento ilegal”.
O parlamentar masista disse que o governo de Cojedes pagou efetivamente os 79 milhões de bolívares de impostos, por declarar o carregamento de 1.200 pistolas. Acrescentou que o transporte deste carregamento ao referido armazém permitiu que o governo de Cojedes as levasse depois para algum lugar, sem prestar contas de seu destino às autoridades aduaneiras. Em 30 de julho 600 destas armas foram transportadas para o Governo de Cojedes. Todavia, em 2 e 29 de agosto, 30 de setembro e 11 de dezembro, Pedro Durán, proprietário da Rubial y Durán e seu sócio Raúl Daza, levaram outras 300 com destino desconhecido. Vale salientar que ambos os cidadãos encontram-se hoje fora do país”.
O deputado disse que o roubo das 260 produziu-se porque dias antes ele pediu à Procuradoria a invasão do armazém. “Então, nisso, também denunciei o caso à polícia científica de Vargas, sem pensar que um de seus funcionários passaria os dados para a companhia Ruibal y Durán”. Castillo disse que outro dos ilícitos cometidos nessa importação de pistolas está no fato de que a permissão de importação concedida a Durán, pelo diretor anterior da Darfa, o General José Miguel Briceño, dizia que as armas eram para uso da polícia de Cojedes e comercialização, “duas atividades incompatíveis”.
CHÁVEZ DÁ GIGANTESCO PASSO PARA A GUERRA CIVIL AO DESARMAR A POLÍCIA DE CARACAS
O presidente venezuelano Hugo Chávez enviou tropas do Exército e a Guarda Nacional com a ordem de confiscar as armas pertencentes a Polícia Metropolitana de Caracas, depois de há cinco dias ameaçar em pôr às Forças Armadas em controle desse corpo de segurança. As tropas entraram manu militari durante o amanhecer da quarta-feira, em várias delegacias de polícia e confiscaram todas as armas, com exceção do revólver do delegado, calibre 38 e dos agentes da ordem. O comandante desse corpo, Comissário Henry Vivas, informou que também confiscaram equipamentos anti-motins, entre os quais se encontravam granadas de gases lacrimogênios e balas de borracha. ”Isto nos coloca em uma desvantagem muito grande com os delinquentes, pois em vez de desarmá-los, desarmam a polícia”.
Vivas acrescentou que a confiscação violou uma determinação do Tribunal Supremo de Justiça, que declarou em meados de dezembro, que era ilegal a intervenção da polícia e ordenou ao governo restitutuir em quize dias úteis o controle do corpo ao prefeito opositor Alfredo Peña.
O vice-presidente venezuelano e cérebro da maquinaria repressiva de Chávez, José Vicente Rangel, em um encontro com a imprensa estrangeira comentou que a ação governamental busca “pôr na cintura” a polícia e regularizar o uso de armas nesse corpo policial.
Esta escalada para a guerra civil no país irmão, poderá ser um boomerang que se volta contra o governo de Chávez, já que até agora as gigantescas manifestações da oposição têm sido de caráter pacífico. Porém, a indignação que poderá provocar nas massas esta atitude soberba por parte de Chávez e seus acólitos, bem poderá precipitar uma luta armada entre as duas facções em luta, que levaria a Venezuela a um banho de sangue que poder-se-ia ter evitado se o governo aceitasse o referendo proposto pela oposição, para celebrar umas eleições que Chávez sabe perfeitamente que não teria a menor possiblidade de ganhar.
Fonte: La Voz de Cuba Libre – www.lavozdecubalibre.com
TRIBUNAL MILITAR DÁ ORDEM DE CAPTURA CONTRA SEIS OFICIAIS SUBLEVADOS
Caracas – O Segundo Tribunal Militar deu ordem de captura contra seis oficiais declarados em desobediência na Praça França de Altamira, por acusações relacionadas com os eventos de 11 de abril. Ainda é desconhecido se a detenção será realizada de imediato em Altamira, lugar que serviu de trincheira aos militares sublevados desde 22 de outubro de 2002. Os militares sobre quem pesa a ordem de captura são: Coronel Julio Rodríguez Salas, os Capitães Alfredo e Ricardo Salazar Bohórquez, Sub-tenente Gilberto Landaeta, Tenente Alex Aguirre e o Coronel Giuseppe Vilieri.
Os oficiais em desobediência estavam sob regime de apresentação, devido as investigações de 11 de abril.
O Coronel Julio Rodríguez Salas (Ex.) foi quem redigiu a questionada renúncia do Presidente. Rodríguez Salas tem três ordens de captura contra si. Quanto aos irmãos Salazar Bohórquez, são acusados dos delitos de insubordinação, privação ilegítima da liberdade do primeiro mandatário, abuso de autoridade, porte ilegal de armas e ultraje ao centinela. Estes oficiais foram os encarregados de reter o Presidente no Forte Tiuna de Caracas.
O Tenente Alex Aguirre Sánchez teria denunciado o treinamento de pessoal civil nas instalações do Museu Histórico Militar. O Sub-tenente Gilberto Landaeta foi quem esteve às ordens do General Rigoberto Martínez Vidal, em abril, chefe do comando logístico do Exército.
Até a data foram declarados em desobediência 135 militares de diferentes graus e componentes na Praça frança de Altamira e tem-se acumulado mais de 2.000 horas da tomada desse lugar, convertido em bastião de uma parte da oposição.
Essa ordem de captura afeta ainda o coronel Yucep Yonh Piliery Carmona, os capitães Wismerk Martínez, Otto Gebauery e Carlos José Blondell, informou a Globovisión.
A ordem de captura foi emitida pelo Segundo Tribunal Militar, devido ao descumprimento destes militares com o regime de apresentação.
Fonte: El Universal