terça-feira, 15 de janeiro de 2008





Quando comecei a participar de grupos de debates pela rede, em 2001, fiquei maravilhada com aquele sistema que permitia enviar informações para um número enorme de pessoas ao mesmo tempo, em um único e-mail. Já naquela ocasião eu falava das FARC, do ELN e do Foro de São Paulo mas ninguém prestava atenção ou acreditava no grau de malignidade que eles representavam, não só para a Colômbia mas para todo o continente sul-americano, porque este não era um assunto tratado pelos principais jornais do país. Houve até um militar que afirmou que as FARC “não ofereciam risco a ninguém”, pois não passavam de “guerrilheiros de fundo de quintal”...

Do ano passado para cá, entretanto, por causa do circo montado em relação a três seqüestradas famosas (a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt – com dupla nacionalidade -, sua vice Clara Rojas e a deputada Consuelo González de Perdomo), os jornais da taba brasilis começaram a dar uma ou outra notícia de como andavam as negociações mas nenhum deles teve a preocupação de enfatizar os tantos e tão bárbaros crimes cometidos por estes terroristas. Fica claro, portanto, que o objetivo é dar suporte e atenção às “necessidades” das FARC, uma vez que de tudo o que vem sendo publicado evidencia-se nas entrelinhas a “bondade” e “caráter humanitário” deste bando, ao mesmo tempo em que condenam a “intransigência” de Uribe por negar-se a atender às suas ilegais reivindicações.

Depois do fracasso de dezembro não faltaram condenações – algumas veladas, outras escancaradas – ao presidente Álvaro Uribe como se ele, por ter desmascarado a farsa e a mentira contumaz do bando terrorista, fosse o culpado pela suspensão da libertação das reféns. Ora, elas não foram entregues porque fora anunciado que o filho de Clara com um terrorista também fazia parte do pacote mas, como a criança não estava mais em poder dos terroristas, para não perder a pose de “grandes humanistas” eles preferiram (e contaram com o respaldo dos dois mentores da trama, Chávez e a senadora Piedad Córdoba) alegar que “o governo da Colômbia continuava com os ataques arriscando a segurança das reféns”.

Na edição passada eu havia chamado a atenção para alguns detalhes suspeitos daquela situação e fui acompanhada por muita gente igualmente atenta de vários países daqui da América do Sul. O mais gritante deles era o aspecto saudável e bem cuidado das duas senhoras (vejam detalhe das unhas de Clara, pintadas de dourado, na foto da edição passada), em contraste com a foto de uma Ingrid completamente definhada, deprimida, maltratada, além da forma afetuosa e alegre com se despediram dos guerrilheiros, como se fossem bons e velhos amigos. Vejam aqui neste vídeo a diferença de comportamento e de aspecto físico de um ex-refém – Intendente de Polícia Jhon Frank Pinchao - que conseguiu fugir do cativeiro, ou ainda neste, quando ele relata sua traumática experiência durante 10 anos em poder das FARC. Teriam estado estas duas senhoras e ele no mesmo local, e subordinados aos mesmos carrascos?

Além desta aparência de quem esteve em um Spa 5 estrelas e não a mercê das intempéries da selva, tenho sérias interrogações a respeito de Clara Rojas. Em declarações feitas pela imprensa antes do espetáculo da entrega, dizia-se que Clara praticamente se ofereceu ao seqüestro, supostamente para defender a amiga Ingrid. Já em cativeiro, Clara e Ingrid desentendem-se e deixam de se falar, segundo afirmou Clara, pelo fracasso na tentativa de fuga. Posteriormente Clara engravida do guerrilheiro “Rigo” mas ninguém, nem ela mesma, fala como isto aconteceu: um romance entre os dois? Um estupro? Síndrome de Estocolmo? Por que ninguém comenta sobre isto? Clara estaria proibida de falar?

Posso estar vendo chifre em cabeça de cavalo mas vejam esta declaração de Clara, relatando a saída do acampamento: A despedida foi aterradora. Eu saí com o coração na mão. Soubemos que iam nos liberar entre 18 e 20 de dezembro. A partir daí, começaram a nos deslocar. Levamos 20 dias andando pela selva. Em várias ocasiões chegamos a nos assustar porque sentíamos de perto os helicópteros do Exército. Até o dia em que nos deixaram nas mãos de um grupo que jamais tínhamos visto e que foi o encarregado de nos entregar à missão humanitária”. Vejam bem, foram 20 dias andando pela selva, sem conforto nenhum, nem alimentação adequada, nada. Depois disso, deixam-nas com pessoas estranhas mas em que data isto ocorreu? Quantos dias se passaram até a espetaculosa entrega? Não seriam porventura soldados venezuelanos, essas pessoas estranhas que as recolheram? Quem viu as cenas percebeu que os soldados NÃO traziam a braçadeira com a bandeira da Colômbia, como usam os terroristas das FARC. Essa história está muito mal contada...

Há ainda o fato (não salientado pela imprensa tupinikin, óbvio!) de Chávez ter designado especificamente Ramón Rodríguez Chacín, com vínculos antigos tanto com as FARC como com o ELN para intermediar o local da entrega. Na despedida dele dos terroristas e o telefonema trocado com alguém dos narco, provavelmente Iván Márquez, que pode-se ver neste vídeo emitido pela TeleSur, dizia Chacín ao seu interlocutor: “É... em nome do presidente Chávez... estamos muito pendentes de sua luta. Mantenham esse espírito, mantenham essa força e contem conosco”. E os guerrilheiros das FARC respondem: “Bem... Para servi-los. Felicidades. Feliz ano”.

Num Comunicado emitido dia 10 de janeiro, através do Secretariado do Estado-Maior Central, as FARC iniciam agradecendo a ajuda de Chávez e Piedad Córdoba dizendo: “Honrando a palavra e o compromisso...” e eu pergunto: que honra pode ter alguém que recruta meninos e meninas a partir dos 8 anos de idade, afastando-os de suas famílias para em máquinas de matar em seu maldito exército de assassinos? Que palavra pode ter alguém que, mesmo afirmando que faria uma “troca humanitária”, depois de ter um dos seus “chanceleres” – Rodrigo Granda – libertados assassina cruelmente 11 deputados reféns, espalha seus corpos em várias fossas e depois alega que eles morreram em combate? Os reféns também pegam em armas para “combater”?

Prosseguindo com sua torpeza, dizem que esta “liberação humanitária e unilateral” foi efetuada porque eles desejam a paz. Ora, vejam aqui o tipo de paz que esses monstros desejam para a Colômbia. Vejam a “alegria” desse povoado com a chegada dos “insurgentes”! A paz que eles desejam é a paz dos cemitérios! É a paz das pombas de Stalin! É a paz dos inúmeros mutilados que se calam por medo e arrastam em silêncio o peso de suas vidas aniquiladas! Não se pode mais permitir que esta sub-raça inverta os papéis e se coloquem como vítimas de um governo democrático e legitimamente constituído que apenas os enfrenta, pois não foi Uribe quem começou este horror; foram eles, as FARC, que existem há 48 malditos anos que criaram toda esta barbárie e carnificina, pois Uribe está no governo há menos de 10 anos e é, ele próprio, uma vítima deste terror que assassinou seu pai.

Finalmente dizem: “Na realidade, somos uma força beligerante à espera de reconhecimento pelos governos do mundo. Este passo aplanaria o tortuoso caminho do povo da Colômbia em busca da paz. Nossa luta é legítima. Se sustenta no direito universal que assiste a todos os povos do mundo a levantar-se contra a opressão. Nosso pai, o libertador Simón Bolívar, nos ensina que, quando o poder é opressor a virtude tem o direito a aniquilá-lo, e que o homem virtuoso se levanta contra a autoridade opressora e insuportável para substituir por outra respeitada e amável. E este é, precisamente, o empenho das FARC”.

Vocês entenderam bem? Uribe é o “poder opressor” e eles são os “homens virtuosos”, por isso têm o direito universal de aniquilar o governo e o povo, não combatendo-o através do diálogo e do bom exemplo mas da força bruta contra seres inocentes. Além disso, eles se colocam como a força “respeitada e amável”, a que deseja a paz mas, o que dizer destas imagens? É por acaso Uribe quem impõe tanta dor e sofrimento a essas pessoas? Foi Uribe quem seqüestrou, assassinou e deixou soldados definitivamente deformados ou foram estes monstros abomináveis que só conhecem o ódio, a inveja, que só semeiam o mal?

Três dias depois de se colocarem como pessoas “respeitáveis e amáveis”, como “homens virtuosos”, apesar de terem assassinado em cativeiro 1.200 pessoas e de seu comparsa Chávez ter pedido ao mundo que lhes retire o rótulo de terroristas, as FARC assaltaram e roubaram um grupo de 19 turistas, fazendo mais 6 novos reféns. O objetivo é o mesmo de sempre: extorsão, para continuar financiando o narco-tráfico e espalhando o horror no mundo. O que vão alegar agora para justificar mais este ato, vão pôr a culpa em Uribe ou no “império”?

Mas, graças a Deus, só mesmo os seus iguais como Chávez, Lula, MAG e os outros governantes pertencentes ao Foro de São Paulo vêem alguma dignidade nessa barbárie gratuita, porque os povos livres do mundo, sobretudo os colombianos, estão planejando uma grande marcha internacional em repúdio às FARC e pela liberação de todos os reféns seqüestrados na selva colombiana. Reproduzo abaixo documento que recebi hoje para provar que o mundo diz não ao terrorismo, não às FARC. Fiquem com Deus e até à próxima!

Comentários e traduções: G. Salgueiro

Mobilização Mundial contra as FARC

Uma grande marcha internacional está sendo organizada na Colômbia e no mundo inteiro no dia 4 de fevereiro deste ano. O povo colombiano e todos os que o apóiam vão conscientizar a opinião pública mundial sobre o horror que vive diariamente o povo colombiano por causa de um bando terrorista: as FARC. O objetivo é um só: que simples cidadãos manifestem ante o mundo inteiro a dor da Colômbia e dizer simplesmente:

NÃO MAIS FARC!
NÃO MAIS ataques às populações mais vulneráveis!
NÃO MAIS seqüestros!
NÃO MAIS massacres e assassinatos!
NÃO MAIS ações terroristas!

Haverá manifestações, marchas, encontros no próximo dia 4 de fevereiro na Colômbia e no mundo inteiro: Paris, Nova York, Londres, Madri, Buenos Aires, Miami, Sidney, Barcelona, Munique, Toronto, Filadélfia, Boston, Quito e ainda muito mais cidades.

COLÔMBIA: UM PAÍS QUE SOFRE HÁ MAIS DE 50 ANOS

O seqüestro é um dos atentados mais horrorosos que pode ser cometido. A Anistia Internacional, em seu comunicado de imprensa em 10 de janeiro de 2008, declarou que “O seqüestro representa uma violação flagrante do direito internacional humanitário e pode costituir um crime de guerra”. Clara Rojas em suas primeiras declarações depois de sua libertação, disse sobre as FARC: “eles mantêm pessoas seqüestradas”, o que constitui “um delito de lesa-humanidade”.

As cifras das FARC:
774 reféns seqüestrados atualmente na selva colombiana (números oficiais)
400 pessoas seqüestradas só em 2007
6.772 pessoas seqüestradas nesta última década


UMA INICIATIVA QUE NASCE EM FACEBOOK


Esta manifestação internacional nasceu na rede internet mundial Facebook. Em 4 de janeiro de 2008 foi criado um grupo em reação às mentiras das FARC sobre Emanuel, o filho de Clara Rojas: “Um milhão de vozes contra as FARC”. Em algumas horas, centenas de pessoas se inscreveram no grupo. Hoje, mais de 71.000 pessoas (cifra em constante evolução) aderiram a esta iniciativa e reclamam uma ação de tamanho internacional para dar ciência ao mundo inteiro da verdadeira cara das FARC, tal e como é vivido no cotidiano, desde há muitas décadas pelo povo colombiano. Este grupo não tem nenhuma filiação política e não está associado a nenhuma organização ou fundação, grupo governamental ou figura política. SOMENTE a indignação frente aos atentados perpetrados desde há demasiado tempo pelas FARC reúne todas as pessoas do mundo inteiro.
Site na internet: http://www.colombiasoyyo.org