O Notalatina publica hoje uma carta inédita, escrita por um cubano residente na França ao embaixador de Cuba no Brasil, Sr. Jorge Lezcano Pérez, em favor do físico Juan López Linares. É interessante notar como tanta gente intercede por esse homem que só quer conhecer o filho, Juan Paolo, e as autoridades fazem ouvidos moucos aos seus rogos.
O Itamaraty, através do Ministro Celso Lafer, havia se comprometido em interceder no caso do Dr. Juan, mas logo pode-se ver com quem ele de fato tem compromisso. Essa semana ele esteve em Havana, ao lado do embaixador cubano, e levando na bagagem a pequena bagatela de U$ 25.000.000,00 para ajudar o tirano sanguinário a manter a escravidão na ilha e a financiar o terrorismo mundial. Bonito, não é? Enquanto isso, o Dr. Juan espera uma resposta que até hoje não veio.
CARTA ABERTA AO EMBAIXADOR DE CUBA NO BRASIL
Lic. Luis Tornés Aguililla
Laon - França
Senhor Jorge Lezcano Pérez
Embaixador de Cuba no Brasil
Senhor Embaixador,
Há quase trinta anos, eu tinha um companheiro de estudos na escola militar de Camagüey, que sempre traziam aos domingos no carro, porque ele era filho de um dirigente provincial, enquanto que nós, os filhos dos subalternos, tínhamos que nos ver com a "guagua"* na partilha Lênin.
Quem poderá reprovar um pai, por aquele pequeno benfício dado a seu filho? Ninguém! Os filhos são primeiro, o resto é poesia. O Estado que o sr. representa no Brasil não deixa que o Dr. Juan López Linares possa ir à Cuba visitar seu filhinho, sob o pretexto de que o Dr. Juan López Linares, cidadão cubano, tomou a liberdade de ficar definitivamente no Brasil, enquanto cumpria "missão".
Acontece que o Estado que o Sr. representa, para poder sobreviver politicamente, se viu na obrigação de torcer à sua maneira e conveniência, o conceito universal de Liberdade que, apesar de todos os revisionismos, da propaganda massiva e do terrorismo intelectual por parte do Estado em Cuba, vive secretamente ancorado na memória coletiva do povo. Basta recordar que a palavra gritada em 1994 pelos jovens no Malecón não foi outra, senão, Liberdade!
Parece irracional o atrevimento do Estado que o sr. representa, de impedir que o Dr. Juan López Linares se encontre com seu filho em Cuba, pois nada objetivo justifica tal negativa que, até novo aviso, interpretamos como um capricho cruel, retrógrado e senil, próprio dos tempos de Nero em Roma.
Sabemos que o atual estado de coisas em Cuba é uma questão de contexto e de tempo. Conhecemos perfeitamente as cumplicidades visíveis e advinhamos as cumplicidades dos "inimigos" vossos, com interesses a longo prazo e sabemos mais, sabemos que os srs. podem dar por seguro que nós, os cubanos "a pé", jamais esqueceremos a crueladade com que o Estado que o sr. representa no Brasil, tem tratado os cidadãos cubanos que, a duras penas, reclamamos simplesmente o essencial.
Senhor embaixador, não lhe pedirei que renuncie a seu cargo ou que peça asilo político no Brasil. Só lhe pedirei que, hoje mesmo, depois de terminar sua jornada de trabalho, detenha-se um ou dois minutos a pensar no sofrimento de um pai ao qual, um grupo de homens, em honra a um dogma anacrônico, privam da liberdade de ver seu filho.
Aceite minha insignificante porém sincera saudação. Aceite-o, pois sei que no coração de todo homem, depois da noite, vem a luz do dia.
* Guagua é uma espécie de ônibus que junto com os "camelos" fazem o transporte da grande maioria dos cidadãos cubanos. Nesses coletivos também viajam animais, mudanças, malas... tudo.
Nota dos Editores: Vocês podem ler a resposta que o Embaixador de Cuba no Brasil enviou aos reclamos do Dr. Lópes Linares, para que lhe "permitam" (!!!) ingressar em seu país, e ver seu filho: http://espanol.geocities.com/pruebasjuan
Fonte: Noti Cuba-Bs.As