Muita gente anda se encantando com a postura do presidente eleito, acreditando mesmo na mudança radical do PT, para uma postura mais moderada e conciliadora. Após a visita recém feita aos Estados Unidos, muitas foram as matérias elogiosas à conversa do Sr. da Silva com o presidente Bush, antes um notório inimigo, agora “felizes companheiros”.
Eu não sou pessimista e torço, do fundo do coração, para que as inúmeras promessas feitas antes da eleição e agora nas tantas declarações nos encontros com chefes de Estado se realizem, para o bem do nosso país. Mas, cada vez que recebo uma notícia escabrosa vinda de Cuba, não posso deixar de lembrar-me (e lembrar aos leitores) que esse mesmo Sr. da Silva declarou que “Cuba era um modelo e um exemplo a ser seguido”. Pois é desse “modelo” que o Notalatina apresenta hoje uma carta recebida de uma prisão de segurança máxima, onde está encarcerado sem julgamento e sem saber a causa da detenção desde o dia 28 de fevereiro, o preso de consciência José Manuel Pereira Hernández, que revela, com toda a crueza, como são desrespeitados em Cuba todos os direitos humanos mais elementares.
Outro escândalo acontecido no “paraíso caribenho” diz respeito ao preso de consciência Oscar Elías Biscet que, após passar 3 anos preso, injustamente, foi liberado em 31 de outubro deste ano e após 34 dias de liberdade já está novamente encarcerado, desde o dia 6 de dezembro. Há ainda notícias da Venezuela e da parada geral que já alcança o 13º dia sem que nada seja resolvido.
DO CÁRCERE
José Antonio Fornaris – Cuba-Verdad
HAVANA, dezembro (www.cubanet.org) – Recebi na quinta-feira passada, 5 de dezembro, uma carta escrita na prisão de Guanajay. Certamente que não me chegou pelo correio regular. A carta pertence ao preso político José Manuel Pereira Hernández. Embora a carta seja pessoal, quero compartilhá-la com os leitores de CubaNet.
Após a saudação, a carta começa: ”...saberás que no dia 28 de fevereiro deste ano me detiveram, encontrando-me em minha casa já deitado porque já passavam das 10 horas da noite. O oficial Rubén (da Segurança do Estado) em sua moto, e outro oficial em outra moto Susuki, e um (carro) Lada com outros agentes, me conduziram ao Departamento Técnico de Investigações de 100 e Aldabó. Ali me interrogavam a cada 3 ou 4 dias e só me perguntavam como estava e me ameaçavam para que eu deixasse a oposição. A comida é péssima e pouca, dormia em uma prancha de metal e o colchão era um pedaço de espuma que media aproximadamente 150 por 75 centímetros.
Estive nesse lugar horrível por um mês, até que me conduziram, sem sequer dizer-me por quê estava detido, na prisão de Guanajay. Desde abril me encontro em Guanajay, prisão de segurança máxima, onde não existe separação para detidos nem para presos pendentes (reclusos a espera de serem sancionados) como sou eu. Todos os presos que há aqui estão condenados entre 20 e 60 anos por assassinatos, violações e outras causas perigosas. Aqui sempre há problemas entre presos. Entre eles existem muitos que estão armados com arma branca que fabricam para defenderem-se uns dos outros. É um risco encontrar-se aqui, pelo perigo em que se permanece constantemente. Aqui eu sou o único preso político, sou o único que tem a correspondência bloqueada, isso eu pude confirmar. Não me entregam cartas que amigos e familiares me escrevem, as visitas me são dadas em separado, independente dos demais presos, custodiado por oficiais que escutam as conversas dos familiares que vêm me ver. Me confiscaram livros e me revistam mais do que aos outros. Durmo em um colchonete que me deram os que dirigem a prisão, de saco de nylon e em seu interior pedaços de esponja do mar com terra, pedras e areia.
Os direitos humanos são violados aqui, constantemente, maltratam os presos e os enganam. Já transcorreram 9 meses de minha detenção e todavia não sei nada, igualmente a minha família, também nada sabe. Minha advogada tentou investigar, porém o expediente é secreto. O que mais me doi são meus pais, que são idosos e sofrem pelo encarceramento injusto a que estou submetido. Eu estou orgulhoso de minha luta, não me humilharei jamais, não vou trair jamais minhas idéias e meus princípios. Estou convencido de que Castro se desmorona dia a dia por sua forma de atuar e a constante violação dos direitos humanos. Não obstante, me pergunto: se existem as Nações Unidas e as leis internacionais, por que Cuba continua submetida a uma ditadura militar por tantos anos? Até quando, Fornaris, meu amigo, pessoas devem morrer tentando abandonar o país, arriscando a vida a cada dia, fugindo deste sistema? Irmãos de luta são obrigados a emigrar como refugiados políticos devido às perseguições contínuas. Nosso povo sofre pela falta de liberdade e direitos que nos roubam. Estamos atrasados no mundo, não temos propriedades, estamos isolados sem conhecer o mundo por uma ditadura que obriga o povo a participar em todas as suas campanhas, com ameaças e chantagens. Já estou concluindo, não desejo que minha carta o canse. Te expliquei por alto o que tem se passado comigo. Te desejo bem; cuida-te muito. Aqui tens um irmão, um amigo. Te quero porque me dá gana.
José Manuel Pereira é um homem humilde, um trabalhador, para ser mais claro, um pedreiro. Porém, é sobretudo uma pessoa honesta e qualquer pessoa se sente bem de que uma pessoa assim lhe queira bem, apenas “porque lhe dá gana”. Após a despedida e sua assinatura, Pereira conclui a carta com este pensamento de José Martí, Apóstolo da independência de Cuba: Me parece que matam a um filho, cada vez que privam a um homem do direito de pensar”.
SERÁ PROCESSADO NOVAMENTE O EX-PRESO DE CONSCIÊNCIA OSCAR ELÍAS BISCET
HAVANA, 11 de dezembro (Ernesto Roque, CPI – www.cubanet.org) – O ex-prisioneiro de consciência Oscar Elías Biscet será processado novamente, junto a outros três desobedientes civis, que permanecem presos desde o dia 06 de dezembro na delegacia policial localizada na Avenida de Acosta, no município Dez de Outubro da capital cubana.
Agora as acusações serão alteração da ordem pública, segundo informou ontem a familiares e amigos dos detidos, o instrutor policial José Angel Aguilera. O oficial informou que após uma reunião com seus chefes, havia-se determinado não conceder a visita de cinco minutos que fora prometido aos familiares de Biscet e dos demais ativistas presos.
O instrutor policial informou, além disso, que os ativistas que residem na província Matanzas seriam transferidos para essa região. São eles: Enrique Pérez Hernández e os irmãos Guido e Ariel Sigler Amaya. Porém, na madrugada de hoje se confirmou que os três foram libertados.
Todavia, Virgílio Marante Guelmes, Orlando Zapata Tamayo e Raúl Arencibia Fajardo, que residem em Havana, serão julgados junto com Biscet. Estes quatro presos receberão a visita de seus familiares no dia 13 de dezembro, de acordo com o exposto pelo instrutor Aguilera.
Este oficial assegurou que a polícia política não tem nada a ver com a prisão de Biscet e dos outros 16 ativistas, pois o problema era de competência da Polícia Nacional Revolucionária, declaração que é interpretada por familiares e amigos dos detidos como uma burla das autoridades.
CAMPANHA CUBANA PELA LIBERDADE DOS PRISIONEIROS DE CONSCIÊNCIA – http://www.payolibre.com/presos.htm
”Lembrai-vos dos encarcerados, como se presos também estivésseis”. Hb. 13, 3
Estas informações foram transmitidas por telefone, uma vez que o governo de Cuba não permite ao cidadão cubano o acesso à internet. CubaNet não reclama exclusividade de seus colaboradores e autoriza a reprodução deste material, desde que se lhe reconheça como fonte.
Fonte: La Voz de Cuba Libre – www.lavozdecubalibre.com
Informações de um correspondente venezuelano:
O povo da Venezuela pede e a razão da Parada Geral é para exigir eleições livres e confiáveis. Ninguém quer dar um golpe militar, mas sim, eleições livres para a escolha de outro presidente. A mesa de negociações trata de chegar a um acordo sobre a data (esforço que considero inútil).
Aqui vai um resumo esquemático dos resultados eleitorais passados. Vale a pena examiná-los para nos darmos conta da realidade percentual dos chavistas. Não há dúvida (pelas pesquisas) que hoje em dia, o resultado favorável a Chávez não chegaria nem a 15%. Por isso é que Chávez não pode, nem deseja medir-se em umas eleições gerais. Seu “projeto revolucionário”, como ele diz, e que eu entendo como um “projeto comunista”, que já está muito avançado, não contempla, nem necessita das eleições. Esse projeto se impôs ao povo, porque para eles, é uma verdade indiscutível.
Aqueles que não pensam assim, são considerados: “contra-revolucionários” e como tal, são perseguidos.
Rómulo Lander
NEM UM PASSO ATRÁS!
O COMANDANTE MORTE
Eleonora Bruzual – El Universal
A Venezuela guardará para sempre o horror de haver padecido em uma balbúrdia ambiciosa que passou de populista a carniceira e ganhou com vanatgem o título de Comandante Morte.
Hugo Chávez e os vândalos que o seguem não soltarão a presa sem antes inundar de sangue esta terra sofrida que desde 11 de abril começou a chorar os mortos, e sabe muito bem que lida com assassinos sem consciência, capazes de tudo para manterem-se usufruindo das riquezas de um país que é refém e vítima.
Desde o chacal de Sabaneta, passando pelos abjetos José Vicente Rangel, Diosdado Cabello, Aristóbulo Istúriz, Freddy Bernal, García Carneiro, descarados chefes dos círculos homicidas, protetores do “Senhor Gouveia” como chamam a um dos assassinos de Altamira. Sobram as provas para responsabilizar-lhes de crimes de lesa-humanidade. Eles e personagenzinhos medíocres como Chaderton e José Luis Prieto, dois figurões histéricos, barulhentos, desesperados ante o iminente final, tratando de buscar defensores que inaceitavelmente lhes protegem, alegando antigas proximidades com um venezuelano de exceção como o foi Aristide Calvani, e a quem estes comissários políticos sem dignidade, revolvem em sua tumba. Figuras de recheio ampliam a distribuição de uma tragédia cujo último capítulo ainda não se escreveu.
Rafael Poleo me altera quando o escuto dizer que não devemos perseguir o passado e temos que garantir a uns assassinos e desfalcadores a impunidade. Que nada lhes acontecerá, que poderão continuar como se nada tivesse acontecido, enquanto os mortos inocentes nos obrigam a rechaçar tal senvergonhice. Os vândalos arranjam defensores, enquanto as vítimas clamam justiça.
Uma noite chavista descreve tudo: um homem de olhar frio, tanto quanto seu nome Adel El Zabayar Samara deputado do oficialismo, graduado na Ucrânia comunista como sua atitude violenta, trazem a minha memória imagens de morte e terror do Oriente Médio. Este homem incita as ordas assassinas prometendo não paraísos islâmicos, mas castro-chavistas... Com ele, nas mesmas andanças, Luis Tascón, Iris Varela e Julio Montes embaixador em Cuba que voltou, como no fatídico 11 de abril, a transferir-se para Caracas, para mobilizar as quadrilhas assassinas. Pela tv vejo Guillermo Zuloaga dar as boas-vindas ao “seu amigo” Nicolás Maduro por estar presente também “na noite das câmaras rotas”, talvez pensando que assim o compromete com a decência... Não entendo. Não entendo muitas coisas. Só entendo que há e haverá muitos mortos antes de ver o final dessa maldita revolução.