O Notalatina hoje está cheio de notícias interessantes, não porque sejam boas, ao contrário, mas porque desmascara a farsa montada sobre a Ilha do Inferno e as mentiras pregadas durante toda a campanha eleitoral do PT, que acabou dando a vitória ao “ungido”.
A Folha de São Paulo de hoje traz a notícia de que a deputada Ester Grossi (PT-RS) visitou Cuba recentemente e voltou felicíssima, confirmando que o ditador assassino virá para a posse do presidente que ele elegeu. De quebra, mandou-lhe de presente charutos, os legítimos e famosos Cohiba, a vedete da ilha, com dedicatória e a promessa que que reservará de 1º a 6 de janeiro de 2003, para acompanhar os festejos de posse de “Lulito paz y amor”.
Mas a melhor notícia quem nos reservou mesmo foi o site do Foro de São Paulo, que deita por terra toda o esforço empreendido pelo jornalista “Marcito” Moreira Alves, (que, aliás, deveria receber o título de Embaixador Emérito de Cuba, pelos excelentes serviços prestados à nomenklatura e à desinformatzia) e pelo “historiador” americano Kenneth Maxwell que não se cansam de afirmar em uníssono, jornais afora, que essa organização criminosa não passa de “encontros casuais entre notáveis, onde se debatem idéias, e que o seu fundador, o presidente eleito Sr. Da Silva, por lá aparece fortuitamente”. Sem querer e sem saber, eles nos prestaram um enorme serviço que transcrevo aqui, retirado do Documento base del XI Encuentro del Foro de São Paulo, Antígua, Guatemala, de 2 al 4 de diciembre de 2002, Introducción – íten 6:
"La reunión se efectuó bajo el impacto del formidable triunfo del pueblo brasileño, que eligió presidente a Lula con el 61,3% y 52.793.364 votos, y con ello renovó el optimismo de todos los que luchan contra la injusticia social y por un mundo mejor. La reunión envió un cálido saludo al Presidente electo y al PT, fundadores y activos participantes de todas las instancias del Foro de São Paulo, en la seguridad de que su victoria aportará una contribución positiva al avance de las luchas de nuestros pueblos"*. (Grifo do Notalatina)
Como se pode constatar, dito por eles mesmos com bastante entusiasmo, o Sr. da Silva é MESMO não só fundador, como ativo participante dessa organização que reúne criminosos de todos os matizes da América Latina. A mentira tem as pernas curtinhas...
E finalmente, a matéria que transcrevemos é do escritor Jorge Ramos Avalos que fala da Feira Internacional do Livro de Guadalajara, no México, apresentando duas denúncias: a primeira sobre os cubanos residentes na Ilha que participaram com suas presenças ao evento e a segunda, gravíssima, sobre o estado de saúde do preso de consciência Juan Carlos Gonzalez Leiva que corre risco de vida e que está atualmente cego, embora tenha sido preso com a visão perfeita.
CUBA: A FEIRA DA DITADURA
Por Jorge Ramos Avalos
http://www.jorgeramos.com/articulos/articulos175.htm
O principal produto de exportação de Cuba tem sido seu exílio: existem uns dois milhões de cubanos espalhados por todo o planeta, cujos principais produtos de consumo interno na ilha são o medo e a repressão. Ninguém me contou; eu o vi em Cuba. Isto não deve surpreender-nos em um país que tem uma ditadura desde 1959, e onde não há eleições pluripartidárias nem liberdade de imprensa, onde se violam todos os dias os direitos humanos, onde os opositores e dissidentes são frequentemente detidos, torturados e assassinados, onde se esmaga qualquer esforço de democratização (como o Projeto Varela), e onde só um – Fidel Castro – decide por todos os demais. Por tudo isso, chama a atenção quando o governo cubano cuida de esconder do mundo a repressão com que submete seus habitantes e, em troca, oferece a falsa imagem de uma Cuba Light, descafeinada, inocente.
Na Feira Internacional do Livro em Guadalajara, México, o país convidado de honra é Cuba. E o regime de Fidel Castro quer aproveitar este evento – o maior do mundo para as publicações em espanhol – para destacar os escritores e artistas protegidos pela ditadura, e para ocultar as terríveis condições em que vivem os intelctuais e opositores que querem expressar-se com liberdade. Por isso enviou a Guadalajara uma enorme delegação. Cabe fazer aqui o esclarecimento que nenhum dos escritores e funcionários cubanos que participam da Feira poderiam fazê-lo sem apoiar, tácita ou abertamente, a ditadura. A para prová-lo, bastaria perguntar a algum desses escritores o que opinam sobre Fidel Castro. Nenhum, lhes asseguro, se atreverá a criticá-lo publicamente. E aquele que o faça, é porque pediu asilo político.
Entendo que o legítimo propósito dos organizadores da Feira é, simplesmente, é tornar conhecido a cada ano, um país, promover os livros e a leitura. Porém é de dar risadas os títulos de algumas conferências – “Cinema, Teatro e Literatura em Cuba” ou “Poesia Cubana Contemporânea” – quando nos cárceres cubanos estão apodrecendo, literalmente, prisioneiros políticos e dissidentes.
Cuba, o país que quer promover uma imagem de superpotência literária e educativa, é na realidade um dos campões mundiais de encarceramento de dissidentes políticos**. Na primeira metade de 2002 havia, pelo menos, 230 prisioneiros políticos nos cárceres cubanos, segundo Elizardo Sanchez Santa-Cruz, da Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional. Porém essas cifras são imprecisas. “Do mundo das prisões militares em Cuba há muito pouca informação”, me disse Ricardo Bofil, que passou 14 anos em cárceres cubanos. Além disso, vários dos prisioneiros políticos são assassinados. “Eu fui testemunha de três execuções”, acrescentou Bolfi, um atvista do Comitê Cubano de Direitos Humanos. “Sem contar os que morreram no estreito da Flórida, em Angola, na América Central e no Cone Sul”, me comentou Frank Calzon, do Centro para uma Cuba Livre, o regime castrista “é responsável por milhares de mortes”. Cuidado, estamos falando aqui do mesmo governo que quer vender seus livros e sua “cultura” em Guadalajara.
E para que não reste a menor dúvida, vou lhes contar o caso de um dissidente político chamado Juan Carlos Gonzalez Leiva, de 37 anos de idade e encarcerado desde 4 de março de 2002. Juan Carlos está cego e há pouco conseguiu enviar clandestinamente um comunicado do cárcere – a Unidade de Operações da Segurança do Estado em Holguín, Cuba –, no qual disse: ”... estou sendo torturado física e psiquicamente por parte da Segurança do Estado. Lanço este SOS ao mundo, para ver se podem fazer algo por mim e meus irmãos”. Juan Carlos está sendo acusado, oficialmente, de “desordem pública, desacato, resistência e desobediência”, segundo consta no Expediente de Fase Preparatória número 28 de 2002, do Órgão Provincial de Processamento Penal de Ciego de Avila. Porém, sabem na verdade por que foi encarcerado Juan Carlos? Por gritar ”Abaixo Fidel” em um hospital da população de Ciego de Avila, no mesmo dia de sua detenção.
A vida de Juan Carlos Gonzalez Leiva corre perigo. Não somente porque seu caso deixa muito mal o regime castrista – a Anistia Internacional já conhece o seu caso, bem como várias organizações de direitos humanos na Europa e Estados Unidos – mas porque Juan Carlos está em uma greve de fome desde o dia 4 de setembro e atualmente está pesando só 100 libras (uns 45 quilos). Veste-se de negro como sinal de resistência.
Igualmente aos outros escritores e jornalistas eu também vou participar da Feira Internacional do Livro em Guadalajara. Porém, sem a menor dúvida, enquanto os escritores da ditadura cubana insistem em falar de literatura e poesia, eu vou pensar em Juan Carlos Gonzalez Leiva e nos outros prisioneiros políticos que há em Cuba. Nós não podemos engolir essa história. Há que desmascarar um regime que cuida de vender livros no exterior porém que impõe a morte, a repressão e a tortura dentro da ilha. Essa é a verdadeira feira da ditadura.
* O endereço do Foro de São Paulo é: www.forosaopaulo.org
** Sobre esse assunto, ver meu artigo O Paraíso Carcerário – www.midiasemmascara.org/materia.asp?cod=64
Fonte do artigo: La Voz de Cuba Libre – www.lavozdecubalibre.com