sábado, 7 de dezembro de 2002

EDIÇÃO EXTRAORDINÁRIA – GREVE GERAL DA VENEZUELA



Conforme prometi, aqui vão as últimas notícias da greve geral na Venezuela. Franco atiradores criaram o terror esta noite. Há pelo menos 4 mortos e 12 feridos, entre as pessoas que estavam na multidão que há três dias encontram-se na “Praça França de Altamira”.



Esta ação teve o êxito esperado pelo governo, já que os civis, desarmados como estão, não tiveram outra opção a não ser abandonar a praça. Vi, através da rede de tv CNN Espanhol (não confiável mas a única latina acessível aqui no Brasil), um verdadeiro cenário de guerra. Pessoas sendo carregadas para dentro de ambulâncias, militares correndo para todos os lados, e muitas pessoas deitadas no chão. Algumas, em uma corrente humana caminhavam agachadas e de mãos dadas, tentando fugir daquele lugar que antes fora uma praça pacífica, agora, um campo de batalha.



Segundo constatou o repórter Edward Rodríguez, uma menina de 7 anos ou uma jovem de 17 anos de idade é uma das vítimas fatais do tiroteio registrado na Praça França de Altamira no centro de Caracas. Segundo um parecer preliminar, o tiroteio partiu de dois homens infiltrados na multidão opositora. Ángel Martínez, diretor da Proteção Civil confirmou a cruenta cifra do audacioso ataque, ao que tudo indica, por seguidores do oficialismo. O repórter informou, ainda, que um dos possíveis autores desse massacre foi detido.



De acordo com diferentes versões dos presentes, dois homens abriram fogo a queima roupa contra os manifestantes opositores que elevavam suas vozes em protesto no referido lugar. Entre os feridos encontram-se jovens, crianças, adultos e pessoas idosas. Em breve declaração oferecida à El Observador, o contra-almirante Daniel Comiso fez um urgente chamado à Força Armada Nacional (FAN), para que impeça que o oficialismo continue massacrando mais venezuelanos: ”Estão massacrando gente desarmada em Altamira... Maldita revolução!... Reajam!”, gritou enfurecido o militar.



Importante salientar que enquanto todos os canais de televisão informavam ao país e ao mundo a grave situação que estava acontecendo em Altamira, o canal do Estado limitava-se em entrevistar os fiéis militantes da revolução, além de promover uma marcha em apoio a Chávez.



Notícias mais recentes me chegam enquanto escrevo. A indústria petroleira está quase totalmente paralizada; há 8 navios petroleiros paralizados. Chávez disse que a Infantaria da marinha tomaria os tanques, porém até agora a Infantaria da Marinha não se pronunciou.



A Guarda Nacional vem reprimindo ferozmente as manifestações usando gás lacrimogênio com até 8 anos de vencido. Chávez já foi acusado por violação aos Diretos Humanos, ante a Corte Suprema, entretanto, os juízes foram indicados por ele a dedo e dificilmente farão alguma coisa por hora.



O jornal El Universal de Caracas informa que a Associação dos Pilotos Comerciais resolveu aderir à parada cívico-nacional, ante a militarização do setor e ás ameaças de repressão aos marinheiros mercantes que paralizaram o transporte petroleiro. O presidente da Associação de Pilotos Aéreos, Mario Caires, anunciou a decisão de incorporar-se à greve e que começaram os preparativos para atuar de maneira conjunta com outros profissionais da área como mecânicos, técnicos e controladores aéreos. Chamamos os pilotos para somarem-se à greve porque não estamos dispostos a continuar com o abuso do governo com nossos irmãos do mar da militarização da aviação comercial e da Marinha Mercante”, disse Caires a uma emissora local. A paralização da refinaria Amuay-Cardon, considerada uma das maiores do mundo, localizada no estado Falcón e a quase totalidade da frota petroleira, começou a fazer sentir os seus efeitos em postos de gasolina em várias partes do país,onde já começou a escassear o combustível.



Outra notícia que chega incrimina ainda mais o presidente Hugo Chávez. Vários jornalistas obtiveram na sede do Hotel Meliá de Caracas, uma gravação realizada por um coronel do Exército que encontra-se em Fuerte Tiuna, onde informava sobre a suposta implementação por parte do presidente da república do Plano Ávila, bem como as ordens ára que o grupo de Ações Especiais da Guarda Nacional disparasse contra as manifestações opositoras.



De Miraflores estão mandando, o cidadão presidente da República, se é que se pode chamá-lo assim, dando órdens de “Plano Ávila, Plano Ávila...” Sabemos que ele está retido em Fuerte Tiuma, não o deixam sair e iam atacar direto as pessoas na Praça Altamira. O cidadão presidente, se é que se pode chamar assim, está dando entrevista pelo canal Fuerte Tiuna para tratar de ativar aqui o Plano Ávila...



Eu havia indicado do Fuerte Tiuna naquela vez , que havia a saída do Batalhão Ayala, da administração de Caracas, que o grupo de Ações especiais da Guarda Nacional iam atuar... vão em trajes civis em moto, e calçam uns tênis tipo Adidas porém esses são os franco-atiradores que estavam no Edifícil Adriática.



Estou em Fuerte Tiuna... Estou monitorado porque o cidadão presidente quer agora utilizar isto, para ativar o Plan Ávila, estou aqui tratando de comunicar-me com o Gen. Néstor Gonzalez, porém pode não estar de acordo com ele, nessa situação toda...”



Essa é mais uma escalada no terror anunciado por Chávez que não declarou que não renunciará, aconteça o que acontecer, e que já deu ordens ao Exército para que ”atue".





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