sábado, 5 de outubro de 2002

O Notalatina volta a falar de um tema já comentado noutras oportunidades, e voltarei sempre que novas barbaridades me cheguem ao conhecimento. Trata-se da situação dos presos de consciência (como os cubanos opositores ao regime castrista denominam os presos políticos).



Essas notícias são propositalmente colocadas aqui neste espaço, porque não há nenhum interesse da mídia nacional em que elas sejam divulgadas. Peço ao leitor que julgue por si próprio o contrasenso e a hipocrisia reinante entre aqueles defensores dos “direitos humanos” de narco-traficantes, terroristas, marginais da pior espécie, e que, entretanto, fecham os olhos e calam num silêncio cúmplice, endeusando o monstro Fidel Castro e seu criminoso regime, autor de todas essas atrocidades.



Essa semana eu denunciei o caso de um cidadão que foi preso, por portar dentro da bolsa, cópia da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Hoje, mostro a situação inumana dos que permanecem presos nos cárceres cubanos.



Isso você não vai ver publicado em jornal nenhum do Brasil.



REPÓRTER INDEPENDENTE PERDE VISÃO POR ENCARCERAMENTO EM CONDIÇÕES INUMANAS



CIEGO DE ÁVILA, 2 de outubro (Mirley Delgado, APLA – www.cubanet.org) O jornalista independente cubano Léxter Téllez Castro está perdendo a visão do olho direito, como resultado das condições inumanas com que a polícia política o mantém fechado no cárcere provincial de Canaleta, situado na província Ciego de Ávila.



Téllez, diretor da Agência de Imprensa Livre Avilenha (APLA), está isolado em um local que contraria as Regras Mínimas para o Tratamento dos Reclusos, do tratado da ONU que regula o tratamento e as condições humanas em que os Estados devem manter encarcerados os prisioneiros.



“As condições de isolamento em que me disseram que se encontra Téllez, podem influir e agravar sua situação. Sobretudo a cela, pintada de branco com pouca claridade solar e pouca ventilação”, manifestou a especialista Alicia García, que recordou que na infância, o jornalista perdeu parcialmente a visão do olho direito em consequência de um descolamento traumático da retina, o qual, em sua opinião, é um antecedente a ser levado em conta.



Ao confinamento em condições inumanas, a perda da visão e a negação ao direito de assistência médica, soma-se que a alimentação que Téllez e o resto dos reclusos de Canaleta recebem, não cobre as necessidades básicas de um ser humano.



Recentemente Téllez expressou à sua mãe, Hildelisa Castro Campos, que a visão fica turva por alguns momentos. Além disso, o repórter informou sobre a perda da visão ao oficial da polícia política que se identifica como José, o qual disse que acompanha o caso de Téllez, porém até o momento nem ele nem os funcionários carcerários procuraram o devido auxílio médico.



Téllez, tanto quanto o repórter do Colegio de Jornalistas Independentes de Camagüey, Carlos Brizuela Yera, foi preso em 4 de março do presente ano, enquanto cobria a notícia de um grupo de ativistas que efetuaram um protesto pacífico em frente ao hospital provincial de Ciego de Ávila, onde atendiam o jornalista Jesús Álvarez Castillo, quando agentes do Ministério do Interior o golpearam.



Léxter Téllez Castro, 27 anos, dentro de dois dias completará sete meses de prisão, sem que o tenham julgado e poderá ser condenado a vários anos de prisão, segundo as acusações de desacato à figura do governante Fidel Castro, desordem pública, resistência e desobediência, apresentados pela promotoria de Ciego de Ávila contra ele, Brizuela e os oito ativistas que desde esse dia estão encarcerados em diferentes penitenciárias do país.



Repórteres Sem Fronteiras e a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) se pronunciaram a favor da liberação de Téllez. Desconhece-se, entretanto, quando e onde ele será julgado.



NEGAM AUXÍLIO MÉDICO PARA CASTIGAR PRESOS POLÍTICOS



HAVANA, 2 de outubro (Ernesto Roque – www.cubanet.org) – A negação de auxílio médico como procedimento para castigar a vários presos políticos encarcerados na penitenciária Combinado del Este, situada na cidade de Havana, é denunciada pelo prisioneiro de consciência Francisco Chaviano González.



Em carta recolhida clandestinamente do Combinado del Este, cópia da qual encontra-se em poder deste repórter, Chaviano expressa: “Venho há dois meses com dor de ouvidos e não me levam a um especialista. Só me forneceram alguns antibióticos, que se acabam rapidamente, pelo qual a infecção volta a atacar-me. A assistência médica foi-se reduzindo progressivamente e há mais de três anos me negam a possibilidade de realizar um eletrocardiograma indicado pelos médicos”.



Em outra parte de seu escrito Chaviano assinala: “Tampouco me operaram de um tumor que pode ser canceroso, o qual é uma prática que as autoridades carcerárias nos acrescentam, para aumentar nosso sofrimento”.



Em Combinado del Este encontra-se o Hospital Nacional de Reclusos, entidade na qual supostamente a Direção Nacional de Cárceres e Prisões do Ministério do Interior de Cuba deveria atender a todos os reclusos do país que necessitem de provas diagnósticas, consultas ou tratamento que se requeira para assegurar-lhes a saúde.



Também se denuncia no informe de Chaviano que os presos políticos Rafael Ibarra Roque, presidente do Partido Democrático 30 de Novembro Frank País e Camilo Pérez Villanueva, tampouco recebem a assistência médica que necessitam.



“Pérez padece de diabetis mellitus 2, e seu estado físico se deteriora dia a dia, pois não lhe fornecem os medicamentos prescritos pelos médicos, pelo que sempre está descompensado. Em mais de uma ocasião (funcionários do penal) lhe prometeram interná-lo, porém sempre o enganam. Até parece que esperam que caia em coma diabético, para pouparem-se do trabalho”, denuncia Chaviano em sua missiva.



Chaviano, professor encarcerado por confeccionar uma listagem de cubanos mortos na tentativa de fugir do comunismo e chegar a território dos Estados Unidos da América em balsa, conclui sua reportagem com o seguinte chamamento:



“Humanidade, não nos percam de vista que nos matam!”



Francisco Chaviano González, de 49 anos, está encarcerado pela polícia política desde 7 de maio de 1994. Foi julgado em 15 de abril de 1995 por um tribunal militar, sendo ele um civil e o condenaram a 15 anos de privação de liberdade por revelar possíveis segredos de Estado.



A esposa de Chaviano, Ana Bélgica Aguililla Saladrigas, realizou inumeráveis gestões para que ele seja libertado de imediato, e sem condições, posto que nunca cometeu delito, porém o governo de Cuba sequer accedeu, sobretudo porque este reclamo foi apoiado pelo Papa João Paulo II em 1998.



A Anistia Internacional proclamou Chaviano prisioneiro de consciência.



Estas informações foram transmitidas por telefone, já que o governo de Cuba não permite ao cidadão cubano acesso privado à Internet.



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