domingo, 29 de setembro de 2002

Conforme eu havia falado outro dia, vaca em Cuba é mais sagrada do que na Índia. Entretanto, essa “sacralidade” nada tem a ver com religião, mas com as leis cubanas, onde o Estado e seu ditador são os deuses e a religião obrigatória do povo. Quem comete o “sacrilégio” de não rezar por esse credo, paga caro, muito caro por isso. Vejam o absurdo.



Mas, conviver com o absurdo é a rotina dos habitantes da ilha-cárcere que não comungam das idéias do ditador. Dois médicos afoitos foram punidos por denunciar que um paciente padecia, não de uma enfermidade qualquer, mas de fome. E ainda há quem acredite que a “libreta de racionamento” é uma bênção... Essas são as notícias de hoje do Notalatina. Amanhã você vai ficar sabendo novidades sobre o “Vírus do Nilo Ocidental” e algumas ligações perigosas em torno dele.



UM ATIVISTA ESTÁ PRESO INCOMUNICÁVEL HÁ OITO DIAS, POR PRESUMÍVEL SACRIFÍCIO DE GADO



HAVANA, 26 de setembro (Víctor M. Domínguez, Lux Info Press / www.cubanet.org)



O ativista Waldemar Céspedes Vela, de 38 anos, foi preso há oito dias por oficiais do Departamento Técnico de Investigações (DTI), os quais o mantêm preso incomunicável pelo presumível delito de sacrifício ilegal de gado.



Céspedes foi detido em 18 de setembro em seu local de trabalho e desde esse dia o encarceraram em um dos calabouços do DTI, no povoado de Pedernales, situado na província de Holguín.



A instrutora policial que conduziu o caso de Céspedes, Maria López Consuegra, não tem permitido que a esposa do ativista o visite, nem que lhe entregue artigos de asseio pessoal, roupa e alguns livros religiosos para que leia durante o confinamento.



Tampouco a oficial López informa aos familiares de Céspedes sobre o estado do detido, e se nega e conversar com eles.



A família do ativista tem se inteirado do caso através de terceiros, sobre a existência de possíveis indivíduos que acusaram Céspedes de haver cometido o delito de sacrifício ilegal de gado, pelo qual poderiam encarcerá-lo entre quatro a dez anos de reclusão, segundo dispõe o artigo 240.1 do Código Penal vigente, ou Lei 62*.



A polícia política tem encarcerado sistematicamente opositores do governo de Cuba, acusando-os de cometer delitos comuns, procedimento que se baseia na existência de um sistema judicial parcializado em favor do governo e dependente deste.



Céspedes é ativista da Comisión Cuba há um ano, e até o momento se desconhece se será apresentado ante um tribunal para ser julgado.



* Essa Lei estabelece que qualquer cidadão cubano pode criar em sua propriedade qualquer tipo de animal. Entretanto, os chamados “ganados mayores”, que são os animais de grande porte, como gado e cavalo, eles apenas cuidam, não tendo o direito de abatê-lo por nenhuma hipótese. Se por acaso o animal sofrer algum dano, como fraturar um perna, tornando necessário o seu abate, o “dono” tem que entregá-lo ao governo, para que este faça o serviço. Abatido o gado, será revendido e o dinheiro reverterá para o governo. (N.T)



Fonte: LUX INFO-PRESS

Agencia Cubana Independiente de Información y Prensa

2174 N.W. 24 th Court Miami Florida 33142



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CASTIGARAM DOIS MÉDICOS CUBANOS POR DIAGNOSTICAR FOME EM UM PACIENTE



SANTA CLARA, 25 de setembro (Omar Ruiz, Grupo Decoro / www.cubanet.org)



Dois médicos que trabalham no hospital de Caibarién, localidade situada na província Villa Clara, serão reavaliados como profissionais e suas saídas do país retidas indefinidamente, por dizer a um paciente que não estava enfermo, mas que padecia de fome.



Os doutores Arcides Veja Chaviano e Alexis Arencibia de la Rosa diagnosticaram fome em uma pessoa que na realidade não tinha nenhuma enfermidade, senão que os sintomas que apresentava eram consequência da má alimentação, pelo qual o secretário do Partido Comunista em Caibarién, Víctor Ramos, ameaçou castigar ambos os médicos.



Na reunião efetuada em 17 de setembro no hospital de Caibarién, o funcionário Ramos disse: “Digam a eles (os doutores Veja e Arencibia) que não vão”, numa clara referência a que não se lhes outorgará a permissão de saída do país, que necessitam os cubanos que querem emigrar legalmente.



Tanto Veja como Arencibia solicitaram emigrar legalmente de Cuba, pelo que foram relocados no hospital Caibarién em cumprimento à norma do Ministério da Saúde Pública, segundo a qual os especialistas do ramo têm que trabalhar entre três e cinco anos no local que se lhes designe.



Todavia, dizer ao paciente que não estava doente, porém que padecia de fome, poderia custar a esses médicos e a seus familiares ficar para sempre em Cuba, e serem reavaliados em sua profissão, tal e como ameaçou o funcionário Ramos na citada reunião.



Segundo informações, a reavaliação de Veja e Arencibia será levada a cabo nos próximos dias.



Esta informação foi transmitida por telefone, já que o governo de Cuba não permite ao cidadão cubano acesso privado à internet. CubaNet não reclama exclusividade de seus colaboradores, e autoriza a reprodução deste material, sempre que se lhe reconheça como fonte.

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