quinta-feira, 7 de novembro de 2002

Diz o didato que a mentira tem pernas curtas e a vida se encarrega de mostrar que essa “máxima” tem sentido e, mais cedo ou mais tarde, ela acaba por se revelar. O PT, partido do candidato eleito, tem feito malabarismos de invejar grandes artistas circenses, para mostrar ao distinto público que o “ungido” não tem nenhuma ligação simbiótica com o propalado “eixo do mal”, composto por Cuba-Colômbia (leia-se FARC)-Venezuela. O próprio neo-presidente teve a pachorra de, numa entrevista na televisão, dizer que essa afirmação era coisa de um “jornalista picareta”, ao referir-se ao escritor e ex-preso político cubano Armando Valladares. No entanto, discute-se o adiamento da data da posse, de 1º para 6 de janeiro, considerando que nessa data comemora-se em Cuba, o aniversário da Revolução, o que impediria a presença do autor dessa façanha, o assassino do Caribe, Fidel Castro.



Pois muito bem. Hoje, uma nota divulgada no jornal O Estado de São Paulo dava conta da insatisfação do líder do PT no Senado, Tião Viana (AC), porque o ainda presidente FHC disse que “indicação de diplomatas é só rotina”. Os novos donos do poder querem indicar os embaixadores que susbstituirão os atuais, especialmente os que vão representar Cuba, China, Bolívia e Venezuela. Para o líder Tião Viana, o partido gostaria de rediscutir algumas indicações, por considerar as embaixadas desses países “estratégicas”. Será que nem depois disso as pessoas vão se convencer dos reais interesses e acordos do sr. da Silva?



Ainda nesta edição o Notalatina traz duas notícias sobre Cuba: a primeira delas é a respeito de uma carta escrita pelos dissidentes cubanos à Cúpula Iberoamericana que acontecerá nos dias 15 e 16 na República Dominicana, pedindo liberdade e democracia para o povo cubano. A segunda relata a expulsão de quatro cubanos dos Estados Unidos, tidos como espiões de Fidel Castro naquele país.



DISSIDÊNCIA CLAMA POR DEMOCRACIA EM CUBA EM MENSAGEM À CÚPULA IBEROAMERICANA



HAVANA – (AFP) – O movimento “Todos Unidos” que agrupa os principais grupos de dissidência interna em Cuba, remeteu nesta quarta-feira uma mensagem aos Chefes de Estado e Governo que participarão da XII Cúpula Iberoamericana, na qual exigem uma abertura democrática na ilha.



Na nota os dissidentes denunciam as “violações sistemáticas e a ausência de justiça social, democracia e a promoção dos direitos humanos”, sob o governo do presidente cubano Fidel Castro, e reclamam aos mandatários que “não permanceçam em silêncio” ante esses fatos.



”Seria uma contradição continuar silenciando expressamente a situação de violações a estes direitos em Cuba e não chamar o governo de nosso país a cooperar com seu próprio povo, para superar entre cubanos esta situação”, disse a declaração opositora. O documento foi lido ante representantes da imprensa estrangeira e jornalistas cubanos independentes, pelo dirigente Oswaldo Payá, líder do Movimento Cristão Liberação e recém agraciado com o Prêmio Sajarov do Parlamento Europeu por sua luta em favor dos direitos cívicos em Cuba.



Payá, também candidato ao Prêmio Nobel da Paz para 2003, solicitou aos chefes do Governo que participarão da Cúpula Iberoamericana, prevista para 15 e 16 de novembro na República Dominicana, a pronunciarem-se em favor de ações que promovam um processo democrático em Cuba.



O “silêncio, além de uma incoerência, converte-se em uma exclusão do povo cubano dos altos e nobres propósitos dos Estados iberoamericanos, em seu afã de fomentar e fazer respeitar todos os direitos sociais, políticos e econômicos em nossas sociedades”.



A missiva solicita também que os governantes expressem seu apoio denominado Projeto Varela, iniciativa que promove a convocatória a um referendo para modificar leis eleitorais, a libertação de presos políticos e o chamado a eleições livres na ilha.



O Projeto Varela foi apresentado em maio passado à Assembléia Nacional (Parlamento) com o aval de mais de 11.000 assinaturas, segundo exige a Constituição, e ainda não recebeu uma resposta oficial nem foi dado a conhecer à população cubana.



”A resposta que esperamos (dos governantes iberoamericanos) é o apoio aos cubanos, para que lhe dê voz no referendo que encaminhamos sobre o Projeto Varela e o chamado ao governo de Cuba para que respeite os direitos que a Constituição concede a seus cidadãos”, assinala a declaração dissidente.



O documento da oposição interna, que opera de forma ilegal porém tolerada na ilha, foi subscrito por dirigentes de mais de 60 agremiações. Entre os assinantes figuram Oswaldo Payá, o presidente do Partido Social Democrata, Vladimiro Rocca – filho do falecido Blas Rocca, um dos fundadores do Partido Comunista de Cuba – e Elizardo Sánchez Santa Cruz, líder de um movimento de defesa dos Direitos Humanos.



ESTADOS UNIDOS EXPULSAM QUATRO DIPLOMATAS CUBANOS



O governo de George W. Bush informou ontem que expulsará do país dois diplomatas cubanos, e pedirá a outros dois que se vão, em represália pela recente condenação de uma analista de inteligência dos Estados Unidos de alto cargo, por espionar para Havana.



”Em resposta a certas atividades inaceitáveis, decidimos atuar energicamente”, disse Charles Barclay, porta-voz do Departamento de Estado da Secretaria de Assuntos Hemisféricos.



Há quase três semanas, um juiz federal sentenciou 25 anos de prisão para Ana Belén Montes, analista da ultra-secreta Agência de Inteligência de Defesa (DIA), por seu longo histórico de espionagem. Montes tinha sido a espiã a favor de Cuba mais importante que se descobriu dentro do setor de inteligência dos Estados Unidos.



Barclay informou que dois diplomatas da Seção de Interesses de Cuba, a missão diplomática da ilha em Washington, receberam sexta-feira a notificação de que tinham 10 dias para sair do país. Seus nomes são Oscar Redondo Toledo e Gustavo Machín Gómez, ambos com cargos diplomáticos de primeiro secretário.



”Essas expulsões são nossa resposta às inaceitáveis atividades dos cubanos, atividades pelas quais se deteve e condenou Ana Belén Montes”, disse Barclay. “O caso de Montes é sumamente sério”, acrescentou.



Apesar disso, aos diplomatas da missão Cuba na ONU, em Nova York “foi-lhes pedido que se vão do país, por haverem realizado atividades que estão fora de suas capacidades oficiais”, indicou Barclay, embora não tenha identificado os indivíduos.



Apesar de os funcionários estadunidenses não terem dito que os quatro diplomatas cubanos tenham dirigido as atividades de Montes em seus 16 anos como espiã, indicaram que estes funcionavam como agentes de inteligência, e um alto fucionário dos Estados Unidos indicou que é possível que os cargos diplomáticos que ostentavam tenham ocultado cargos superiores no governo cubano.



Gustavo Machín Gómez, um dos diplomatas cubanos em Washington declarado persona non grata, serviu de porta-voz, primeiro secretário e secretário de negócios desde 1997. O outro, Oscar Redondo Toledo, aparentemente operava com mais discreção.



Fonte: El Nuevo Herald



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