O Notalatina hoje foge um pouco aos seus propósitos e traz uma edição totalmente dedicada à análise da situação venezuelana, num dossier preparado por analistas da La Nueva Sociedad Civil Latinoamericana, da qual tenho a honra de fazer parte.
A situação, conforme previ e tantas vezes anunciei aqui, é mais do que tensa: é angustiante, sobretudo porque há muita fraude sendo praticada há tempo, sobretudo no que diz respeito às máquinas de votação que são bem diferentes das nossas. Há cheiro de muita violência e sangue no ar...
Vários países de regime comunista (declarado ou disfarçado) têm prestado seu apoio ao delinqüente mandatário venezuelano, como a Argentina, através dos líderes piqueteros e da criminosa Hebe de Bonafini, além de ex-presidentes e o Brasil, com representantes do PSTU, MST, PC do B e, como não podia deixar de ser, do PT. Hoje recebi de um amigo a foto de gigantescos cartazes afixionados em prédios públicos que trazem Lula, Chávez e Kirchner juntos sob um fundo vermelho (óbvio!), mostrando que a tal aliança tão sonhada por esta escória não é mais segredo, aliás, em declarações feitas hoje, o sr. da Silva afirmou, com todas as letras que pretende criar uma “nação latino-americana para opor-se aos países ricos “ (leia-se Estados Unidos).
Hoje assistindo o noticiário da CNN espanhol, vi parte de uma entrevista com Chávez, em que ele, tal como seu mentor Fidel, acusava os membros da oposição de serem “lacaios de Bush” e afirmar com segurança que a vitória será dele porque “esta oposição não representa os venezuelanos, mas sim, o ‘império”. Esse não é o canal mais apropriado para fazer uma análise precisa e isenta mas foi o única que encontrei. Mostrou ainda a concentração da oposição no último dia de “campanha” e havia um mar de bandeiras com as cores amarelo, azul e vermelho, num contraste gritante com a promovida pelo oficialismo onde tudo era vermelho, a cor do sangue dos mártires do comunismo que essa gente tanto gosta.
Por tudo que tenho visto e analisado, sobretudo os resultados das pesquisas isentas, a vitória será da brava oposição e com folga, principalmente porque os números obtidos nas manifestações promovidas por este infeliz tirano, são de grupos terroristas ou comunistas que o apoiam mas não podem dar seu voto. Espero, muito sinceramente que Deus proteja os venezuelanos neste próximo domingo!
Já estava fechando a edição quando vi o final das declarações de um encapuzado, provavelmente de algum grupo terrorista para-militar, em que ele declarava que “Chávez NÃO VAI SAIR DO PODER, que eles NÃO VÃO PERMITIR”. Não posso afirmar de quem se tratava porque vi apenas o final, mas bem pode ser dos terroristas Carapaica ou Tupamaros aliados do delinqüente mandatário Chávez. Se eu conseguir ainda hoje esta informação, transmito em edição extraordinária. Fiquem com Deus e até amanhã, ou em alguma edição extraordinária.
ANÁLISE DA SITUAÇÃO VENEZUELANA
As assinaturas pelo SIM existem; o imprtante é a diferença de pontos entre as tendências porém, prognosticar a mobilização total de votantes que sairão pela oposição, é um exercício de projeção mágica, comparável apenas às apostas dos mundiais. O que certamente podemos projetar, são os cenários prováveis que se apresentarão se o oficialismo for derrotado.
Para este exercício, não tomaremos como base a diferença de votos, senão o global de uma decisão política, neste caso, a vitória do SIM. Do mesmo modo, para este exercício partimos da base de duas grandes premissas:
a) o Presidente Chávez quer conservar seu capital político e,
b) o Presidente Chávez quer conservar o poder a todo custo.
Uma vez definidas as premissas, exploraremos os sub-cenários que, segundo o caso, deles se depreendam.
a) O Presidente Chávez quer conservar seu capital político: A primeira pergunta que devemos formular ao analisar este premissa é a de: por que não poderia estar certa? Haja o que houver, o Presidente tem a opção de medir-se novamente em trinta dias [1], a partir da confirmação dos resultados que sejam emitidos pelo CNE; por favor, mantenham isso em mente enquanto analisam os sub-cenários.
SUB-CENÁRIOS
Politicamente não seria uma opção descabida. Cabe recordar que para essa eleição (transição) a oposição terá que escolher um candidato unitário e aí, Hugo Chávez teria esse concorrente que tanto deseja. Esse candidato unitário será exposto e vilipendiado – sem compaixão – pelo chavismo, e se o futuro ex-presidente consegue descobrir seus pontos fracos, poderia conseguir que a oposição entrasse em parafuso, diminuir-lhe a credibilidade e finalmente dividí-la.
Porém, suponhamos por um momento que a derrota do oficialismo no vindouro 15 de agosto seja esmagadora. O Presidente Chávez declina de participar nas eleições para a transição, postula a Diosdado Cabello [2] e espera as eleições gerais para 2006, para seu retorno ao poder. O anterior lhe permitiria capitalizar (por um ano a meio) um discurso político baseado nas dificuldades que enfrentará o governo de transição e, creiam-me, a menos que a gestão do novo governo seja pouco menos que heróica, o ex-presidente teria em 2006 uma boa opção de retornar.
Adicionalmente, neste cenário Hugo Chávez teria o tempo suficiente para reorganizar seu aparato político, estabelecer novas alianças (que as haverá!) e limar as asperezas com setores do centro-esquerda que aspirariam a ter um rol mais protagônico, porém que carecem de líderes “aceitáveis”. Em qualquer caso, ante esses sub-cenários, o ex-presidente conserva sua postura de democrata ante a comunidade internacional [3], o que seria aproveitado pelos movimentos continentais de esquerda “emergente”, para apontá-lo como referência democrática, anti-imperialista e “progressista”. Seria demais dizer que esse status aumentaria seu capital político externo e interno com vistas a 2006.
Porém, e se o fantasma da renúncia o absorve entre 9 e 13 de agosto? Que nada; já estaria negociada uma convocatória a eleições gerais adiantadas. A oposição deve correr! Ainda quando este sub-cenário delineia variáveis colaterais do tipo social [4], não pode ser descartado para o momento em que se escreve o presente Dossier.
Uma renúncia – intempestiva – do primeiro mandatário, estaria matizada por considerações tais, como a invariabilidade da tendência do voto opositor, versus uma probabilidade de diluí-la em eleições gerais adiantadas [5]. Este cenário gera um lucro de tempo para o reenfoque de estratégias, porém a leitura intra-chavismo que teria uma renúncia a poucos dias do RR seria, inevitavelmente, de debilidade
Nesse caso, poderia gerar-se uma migração de votos (anteriormente captados pelo oficialismo) para a abstenção [6], prejudicando majoritariamente os candidatos oficialistas regionais e em conseqüência, ao candidato do ex-presidente.
b) O Presidente deseja conservar o poder a todo custo: É muito importante tomar em consideração que para os dias 15 e 16 de agosto os olhos do mundo estarão postos sobre o país, tanto pelo excêntrico que resulta o personagem no exterior, como pelo inédito e explosivo mecanismo em questão (RR). Como nota de rodapé, há que lembrar que o ex-presidente Jimmy Carter e o Secretário Geral da OEA também estarão no local, afirmando o processo revocatório. O anterior é uma referência que há de levar-se em conta na hora de analisar cenários onde o Presidente, de maneira direta ou indireta, desconheça os resultados, fomente a violência e/ou manobre flagrantemente fora dos parâmetros constitucionais.
SUB-CENÁRIOS:
O Presidente, por volta de uma hora da tarde, observa que a tendência do SIM é irreversível e majoritária. Produto de pressões de seu círculo íntimo, cai em uma situação de “defraudação” [7] e ergue – publicamente – a bandeira da fraude como catalizador para o iminente desconhecimento dos resultados. Este sub-cenário tem uma variação que implica que o vozerio da fraude recaia sobre o vice-presidente, José Vicente Rangel, o Ministro Diosdado Cabello, Aristóbulo Istúriz ou outro alto personagem. Esta variação teria como fim, medir a temperatura das ruas em previsão para uma mobilização, sem queimar a liderança da convocatória final que ficaria nas mãos do Presidente.
A justificativa para o chamado à fraude deverá ser sustentada aos olhos dos observadores, do contrário não há “lobby internacional” que salve o país da aplicação de severas medidas político-econômicas que recairão sobre o Estado e em tempo real. Colateralmente, as FAN terão que tomar uma decisão histórica: se acompanham o chamado à fraude ou restabelecem a vontade popular [8], não dos aliciantes que terão as FAN para a tomada dessa decisão ser – inequivocamente – o comportamento das massas como resposta ao sub-cenário delineado. Como se verá, aqui na “Revolução Bolivariana” joga-se a vida porém de forma reativa, quer dizer, a tática sujeita qualquer estratégia prévia pelo dinamismo da situação, tanto nos quartéis como nas ruas.
Pelo contrário, o Estado, através de um conluio com alguns reitores e diretores do CNE monta uma grande fraude que entorpece a instalção, votação, altere resultados preliminares, impossibilite a totalização... todas essas possibilidades. Este sub-cenário para ser viável teria que contar com uma imperícia de proporções bíblicas, tanto por parte dos observadores internacionais, como dos representantes da CD ante o CNE.
Agora bem, neste caso quem içaria as bandeiras da fraude seria a oposição, possivelmente com a anuência dos observadores internacionais. Só Deus saberia a reação da sociedade civil no fim da tarde/noite, ao inteirar-se do cruzamento de tendências entre o Comando Maisanta e o Súmate. Por sua parte, o alto governo seguramente aproveitaria as horas do meio-dia/tarde para mobilizar a maior quantidade de seguidores possível à Miraflores, CNE e arredores da UCV, assim como tratar de criar focos em Petare, El Valle, La Pastora, Sarria, etc.
A intenção por trás desta mobilização é projetar uma vitória por aclamação popular nas ruas, de maneira que permita abortar a reação da oposição e além disso, possibilite criar um clima de tensão, suficientemente grave, como para coagir a atuação dos observadores internacionais nos centros de votação, especialmente, no oeste da Grande Caracas.
Em relação às FAN, há duas correntes de análise: 1. aquela que defende a teoria de que através de uma mega-fraude (qualquer que seja sua modalidade) se criaria uma provocação tal, que faria com que os setores radicais-contra se pronunciassem, tornando realidade um Golpe de Estado cujo desenlace, embora desconhecido, promete ser contundente; e 2. a segunda teoria promove a idéia de que, ante uma mobilização generalizada de parte a parte, as FAN paralizariam e qualquer reação posterior, dependeria da escala dos distúrbios que se suscitem. Ainda quando não diferimos substantivamente das duas teorias delineadas, cremos que existe suficiente informação crível para assegurar que a pressão existente desde os quadros médios até o generalato, é improvável que as FAN revalidem qualquer tipo de fraude.
CONCLUSÕES:
Nos próximos dias, e especialmente os da semana de 9 a 14, serão criciais para determinar o comportamento da tendência do SIM. Esse comportamento será o catalizador pelo qual se avaliarão os cenários a desenvolver, tanto por parte do governo, quanto por parte das FAN. A presença internacional tem sido e será chave para a manutenção da ordem constitucional nas horas da tarde do dia 15 de agosto. Aposta-se [9] seriamente em que o Presidente Chávez tome suas decisões baseadas em poupar capital político que tem e que poderia incrementar no futuro.
Isto posto, também devemos entender que existem situações que podem precipitar decisões emocionais, não estratégicas e altamente voláteis. Prevemos focos de violência seorizados, porém com potencial de expansão, sobretudo no princípio da madrugada do dia 16 de agorto. Só uma avalanche – não antecipada – de votantes garantirá a pressão necessária para que as instituições desativem um passo em falso do oficialismo e sua conseqüente reação: um iminente chamamento ao artigo 350 da Constituição. Além disso, resta analisar as eventualidades que isso acarretará para o futuro desta nação.
Finalmente, no momento de redigir este Dossier, a tendência em favor do SIM se mantém com uma ligeira variação de alta; o que foi dito anteriormente não constitui um parâmetro de projeção, porém, é permitido sonhar...
[1] Referência baseada em suas declarações oferecidas no “Alô, Presidente!” dos dias 25 de julho e 1º de agosto dos meses correntes.
[2] Isto ofereceria uma tábua de salvação para o chavismo, ao mesmo tempo em que protege a imagem e liderança do caudilho.
[3] Ao haver aveitado os resultados do RR de forma constitucional, pacífica e eleitoral.
[4] Poderia gerar-se uma reação em cadeia, por uma implosão governamental, seguido de ações de rua.
[5] Além das considerações legais que teriam que ser negociadas com o TSJ, a favor de que esse cenário seja factível constitucionalmente.
[6] As razões para isso são: insegurança de liderança, sobre-dimensão eleitoral e desgaste comunicacional.
[7] Incremental entrapment: expressão utilizada em psicologia política que explica a tomada de decisões irracionais em um ambiente de opções racionais.
[8] É fartamente conhecido que a tendência do voto será amplamente difundida pela Internet, telefone e quanto aparelho de comunicação bi-direcional exista, pelo qual as FAN estarão mais que informadas.
[9] Visão (ou desejo) que é compartilhada pelos observadores internacionais contactados.
Fonte: La Nueva Sociedad Civil Latinoamericana
Tradução: G. Salgueiro
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