domingo, 25 de maio de 2008





Passava um pouco das 8 da noite quando o noticiário do canal CNN em Espanhol foi interrompido, para apresentar uma coletiva de imprensa que o presidente Álvaro Uribe concedia através da Caracol Rádio e Televisão da Colômbia ao vivo. Ele confirmava a morte de Pedro Antonio Marín, vulgo Manuel Marulanda “Tirofijo”, criador e Comandante-em-Chefe das FARC há 42 anos.

Uribe estava calmo e, com aquela firmeza e serenidade com que sempre fez seus pronunciamentos (o oposto extremo dos espalhafatos de Chávez e do cinismo de Lula), conclamou os guerrilheiros das FARC a libertarem todos os reféns e deporem as armas, que em troca ele dava garantias de vida e liberdade. Disse que o serviço de Inteligência já vem trabalhando há um certo tempo nesse sentido, e que o resultado tem sido bom; um exemplo disso foi a rendição voluntária de Nelly Ávila Moreno, condinome “Karina”, comandante da Frente 47, no passado domingo 18 de maio. Segundo Uribe, durante sua gestão presidencial 48.000 guerrilheiros deixaram as FARC por deserção, morte ou captura.

Diante das perguntas dos jornalistas, Uribe informou que dispõe de 100 mil dólares para oferecer como recompensa por informações que levem aos chefes das FARC. Disse que o mais resistente à rendição é Jorge Briceño Suárez, ou Julio Suárez, codinome “Mono Jojoy”, um dos mais radicais, violentos, frios e sanguinários da ala militar das FARC mas que seu dia também há de chegar.

Há aproximadamente quatro anos (desde que Uribe assumiu o primeiro mandato) as FARC vêm sofrendo duros golpes com as ações das Forças de Segurança colombianas, o que tem levado ao enfraquecimento da guerrilha não só no plano econômico como principalmente no militar. Numa rápida retrospectiva podemos anotar:

- em 2 de janeiro de 2004, é capturado e preso em Quito, Equador, Ovidio Palmera, codinome “Simón Trinidad” que foi deportado para os Estados Unidos, julgado e condenado a 60 anos de prisão;
- um mês depois, foi detida no povoado de Peñas Coloradas, estado de Caquetá, Omaíra Rojas Cabrera, codinome “Sonia”, importante fonte financeira no tráfico de cocaína e também deportada para os Estados Unidos;
- em 13 de dezembro de 2004 foi detido em Caracas Rodrigo (ou Ricardo) Granda, considerado “chanceler” das FARC e libertado em 4 de junho de 2007 a pedido do presidente francês Nicolás Sarkozy. Vale recordar aqui que, quando Granda foi preso em Caracas vivia naturalmente na Venezuela como cidadão venezuelano, havia comprado um imóvel com registro de proprietário no cartório de imóveis e possuía cédula leitoral concedida pelo REP (Registro Eleitoral Permanente), conforme denuncei na edição do Notalatina de 28 de novembro de 2007 e que pode-se conferir aqui;
- em 24 de outubro de 2006, o Exército abateu Gustavo Rueda, “Martín Caballero”, chefe das FARC no Caribe colombiano;
- em 15 de junho de 2007, a Marinha abateu em combate Milton Sierra, “Jota Jota”, chefe da frente urbana “Manuel Cepeda Vargas” e que tinha sob sua custodia os 11 deputados do Valle del Cauca;
- em 3 de setembro de 2007 foi abatido Tomás Medina Caracas, o “Negro Acacio”, chefe da Frente 16 das FARC, no estado de Vichada, fronteira com o Brasil. “Negro Acacio” era o contato de Fernandinho Beira-Mar no tráfico de armas e cocaína no Brasil e um dos mais respeitados dentro da guerrilha por sua capacidade operacional no tráfico da coca;
- em 1º de março de 2008, foi abatido Luis Edgar Devia, vulgo Raúl Reyes, genro de Tirofijo e segundo no Comando das FARC;
- em 11 de março, José Juvenal Velandia, codinome Iván Ríos, importante membro do Secretariado das FARC e Chefe do Bloco Central da narco-guerrilha, foi assassinado por seu Chefe de Segurança de codinome “Rojas”;
- no dia 08 de maio foi capturado Gustavo Arbaláez Cardona, codinome “Santiago”, um dos mais importantes chefes urbanos das FARC, e contra quem exisitiam seis ordens de captura;
- no domingo 18 de maio, Nelly Ávila Moreno, vulgo “Karina” (na foto acima), uma das mulheres mais sanguinárias das FARC e Comandante da Frente 47, contra quem pesa a autoria do assassinato do pai do presidente Uribe, entrega-se após negociação com as Forças de Segurança. Em entrevista coletiva, “Karina” afirmou que havia dois anos que não tinha contato com o Secretariado, que estavam passando fome e que depois da morte de Iván Ríos, seu comando havia enfraquecido e muitos combatentes haviam desertado ou se entregado à Polícia;
- e, finalmente, soube-se hoje que em 26 de março passado, morreu o criador e Chefe Supremo da mais antiga e desumana guerrilha narco-terrorista da América Latina, Manuel Marulanda “Tirofijo”; segundo as fontes, de enfarte.

Sobre o anúncio da morte deste mega-assassino o Ministério da Defesa, através do Almirante David Moreno, deixa claro em seu pronunciamento que foi informado através de pessoa do serviço de Inteligência mas que as FARC não haviam entrado em contato até o momento, e que esperavam que eles confirmassem ou apresentassem provas em contrário. Disse ainda que o provável sucessor de Marulanda “Tirofijo” é Guillermo León Sáenz Vargas, codinome de “Alfonso Cano”, líder político-ideológico das FARC (que aparece na foto acima de camisa escura entre “Tirofijo” e Raúl Reyes), segundo os comandos castrenses.

“Cano” é o chefe do Bloco Ocidental das FARC e um dos sete membros [antes da morte de Raúl Reyes e Tirofijo, este Secretariado possuía 9 membros, onde Tirofijo era o Comandante-em-Chefe e os demais com finalidades distintas] do Secretariado do Estado Maior Central das FARC. Com 52 anos de idade e 23 deles nas FARC, “Alfonso Cano” está à frente do clandestino “Movimento Bolivariano” - isto lembra alguém? -, um projeto político lançado em 29 de abril de 2000. As Forças Armadas têm apertado o cerco em sua captura perdendo recentemente 3 soldados em combate, no qual ele escapou. Pesam contra ele crimes de terrorismo, homicídio, seqüestro extorsivo e homicídios com fins terroristas. São os seguintes os outros comandantes do Secretariado:

- Jorge Briceño Suárez, codinome “Mono Jojoy”, que se vinculou às FARC em 1975. Responsabiliza-se pelo seqüestro de Ingrid Betancourt e é irmão de Germán Briceño Suárez, codinome “Grannobles” que é acusado do assassinato de 3 indigenistas americanos e enfrenta mais de 16 ordens de captura por furto, homicídio, terrorismo, seqüestro e extorsão;
- Milton de Jesús Toncel Redondo, codinome “Joaquín Gómez”, responsável pelo Bloco Sul das FARC. Ingressou nas fileiras deste bando criminoso nos anos 80, depois de vinte anos como professor na Universidade do Amazonas, no estado de Caquetá, após graduar-se na Rússia. Substituiu a vaga deixada por Raúl Reyes no Secretariado;
- Luciano Marín, codinome “Iván Márquez”, ingressou no Secretariado após a morte de Jacobo Arenas em 1990, e dirige desde 2002 o Bloco Caribe. Líder ideológico e figura internacional, é um dos mais radicais dentro da linha política. Em 2007 esteve na Venezuela para conversar com Chávez, com plenos poderes outorgados por “Tirofijo”, para tratar dos tais “acordos humanitários” mas hoje sabe-se, pelas descobertas nos computadores de Raúl Reyes, que essa “outorga” foi apenas para dar uma satisfação ao mundo, pois os vínculos entre ambos são antigos e sólidos;
- Rodrigo Londoño Echeverri, codinome “Timoleón Jiménez”, ou “Timochenko” ou simplesmente “Timo”, é um dos guerrilheiros mais antigos das FARC. Estudou medicina e em 1982 vinculou-se à guerrilha onde teve uma rápida ascensão por sua capacidade militar. É considerado um dos responsáveis pelas ações terroristas cometidas sobre a rodovia Medellín-Bogotá, seqüestros, massacres e desaparecimentos forçados de civis no estado de Antioquia;
- Wilson Valderrama Cano, codinome “Mauricio” ou “o Médico”.

Bem, parece claro para quem estuda o tema dessas guerrilhas que seu fim parece estar se aproximando – se Deus quiser! – e isto também está causando muito furor nos países membros do Foro de São Paulo que se reúnem até este domingo 25 em Montevidéu. Esse era o tema que o Notalatina ia abordar hoje mas, com a notícia inesperada da morte de “Tirofijo”, deixo para a próxima edição a análise do Foro. Sobre as FARC e as descobertas dos computadores de Raúl Reyes, haverá ainda algumas edições pois cada dia aparecem mais e mais provas robustas do sério envolvimento deste bando terrorista com Chávez e Correa que, não tendo como refutar, pois FATOS não desacontecem, usam do velho expediente comunista de desqualificar e agredir o denunciante, no caso, a INTERPOL e o governo da Colômbia.

Na próxima edição analiso os acontecimentos do Foro de São Paulo apresentando com EXCLUSIVIDADE uma entrevista dada por Alejandro Peña Esclusa a Fernando Lodoño, em áudio, direto de Montevidéu. Fiquem com Deus e até a próxima!

Comentários: G. Salgueiro

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