Finalmente foi dado a conhecer hoje, no início da tarde, o resultado das investigações científicas realizados pela INTERPOL nos computadores de Raúl Reyes confiscados no dia 1º de março deste ano, quando o sanguinário comandante número 2 das FARC foi abatido. O que muitos aguardavam nesse pronunciamento, as preciosas informações constantes nas mensagens trocadas, nos documentos da organização e com quem eles mantinham vínculos, ficou reservado ao Governo da Colômbia e aos departamentos de Segurança do Estado colombiano.
Não foi surpresa a confirmação de que o material apresentado nas oito provas (3 computadores portáteis, 3 chaves USB e dois discos rígidos externos) era autêntico. Segundo o Secretário Geral da INTERPOL, sr. Ronald Noble, “não se encontrou evidências de modificação, alteração, acréscimos ou supressão nos arquivos de usuário” do material contido nas oito provas. Disse o sr. Noble: “Após a pormenorizada e exaustiva análise forense que realizamos em cada uma das oito provas instrumentais de caráter informático confiscadas das FARC, e após estudo de todas as evidências examinadas por nossos especialistas, a INTERPOL conclui que não se produziu nenhuma falsificação nem alteração dos dados contidos em tais provas instrumentais após seu confisco pelas autoridades colombianas, praticado em 1 de março de 2008”.
Antes de detalhar a análise apresentada, é importante salientar a seriedade do trabalho desta instituição bem como dos técnicos que analisaram as provas. Inicialmente o presidente Uribe enviou carta solicitando que os computadores fossem analisados por peritos internacionais e, portanto, isentos, para que não restassem dúvidas nem para o povo colombiano nem para o resto do mundo, de que havia lisura e transparência de intenções por parte do seu governo perante a autenticidade do que seria revelado dos achados nos computadores de Raúl Reyes. Aceito o convite, foi entregue às autoridades o material apreendido; estes fizeram uma análise preliminar para avaliar o tempo necessário para o trabalho e concluíram que em meados de maio estaria concluído. Considerando a magnitude do trabalho, o Secretário Geral solicitou às autoridades colombianas que os especialistas seguissem realizando seu estudo em seus locais de trabalho no Sudeste Asiático.
Esta decisão aumentou ainda mais a complexidade da tarefa da INTERPOL porque, em primeiro lugar, o Secretário Geral teria que conseguir junto aos chefes da Polícia Federal da Austrália e das Forças de Polícia de Singapura que prorrogassem a disponilidade de seus especialistas durante todo o tempo necessário para completar seus trabalhos. Em segundo lugar, era necessário conseguir a concordância das autoridades policiais e judiciais da Colômbia para que dados classificados de “ULTRA SECRETOS” pudessem permanecer fora de seus país, em posse de funcionários encarregados da administração de lei não-colombianas. Finalmente, teria que se tomar medidas diplomáticas e logísticas para transportar esta informação classificada desde a Colômbia até o Sudeste Asiático com absoluta segurança.
No dia 18 de março o Secretário Gral escreveu aos chefes de polícia da Austrália e de Singapura para pedir-lhes explicitamente que os funcionários continuassem à disposição da INTERPOL em tempo integral e que seu trabalho fosse considerado confidencial e independente. Portanto, o resultado da análise seria comunicado unicamente à INTERPOL e às autoridades colombianas, mas não a seus administradores nacionais, dos quais esses especialistas não poderiam tampouco aceitar instruções de como realizar e concluir seu trabalho. A Polícia Federal australiana e as Forças de Polícia de Singapura confirmaram oficialmente que aceitavam a solicitação do Secretário Geral e iniciaram-se os trâmites para o transporte do material com as oito provas. Em seguida, após consultar as instâncias governamentais competentes, as autoridades colombianas autorizaram a saída do país de informação classificada mas era necessário estabelecer uma base jurídica para impedir que qualquer país pudesse ter acesso a este material durante o traslado ao Sudeste Asiático, mantendo assim sua confidencialidade.
Ficou combinado então que a melhor e mais segura maneira de fazer esse transporte seria via mala diplomática por funcionários do governo colombiano devidamente autorizados, garantindo deste modo que os dados gozariam da proteção da imunidade diplomática. O Centro de Comando e Coordenação da INTERPOL, localizado em Lion, vigiou atentamente o transporte dos materiais até que chegassem a salvo ao local de destino, tendo saído de Bogotá às 18:30 h. do dia 25 de março, escoltadas por policiais colombianos, e chegou a salvo ao Sudeste Asiático em 27 de março. Além das cópias imagem, as autoridades colombianas entregaram a cada um dos especialistas uma pasta branca com cópias impressas de 18 documentos, distribuídos em 13 categorias diferentes que eles haviam selecionado e classificado como “ULTRA SECRETO”. As autoridades colombianas solicitaram à INTERPOL que localizassem esses documentos entre os 609,9 gigabytes de informação contidos nas imagens das oito provas e a organização determinasse e comunicasse se se teria acrescentado algum dado em tais documentos ou se eles haviam sido apagados, ou seja, se esses documentos selecionados haviam sofrido algum tipo de modificação.
Fiz questão de expor esses “detalhes” para mostrar o rigor com que foi tratado todo o caso, desde o dia 3 de março até o momento da entrega do relatório, bem como a seriedade na análise pericial do material apreendido no acampamento das FARC e que, sem sobra de dúvida, o resultado apresentado espelha a mais cristalina verdade dos fatos. Sem revelar os dados confidenciais, a INTERPOL informa os seguintes dados acerca do material analisado:
- Encontrou-se 109 arquivos de documentos em mais de uma das provas instrumentais;
- 452 folhas de cálculos;
- 7.989 endereços de correio eletrônico;
- 10.537 arquivos multimídia (de som e vídeo);
- 22.481 páginas web;
- 37.872 documentos escritos (de Word, PDF e formato texto);
- 210.888 imagens. Havia ainda 983 arquivos cifrados, quer dizer, dados só acessíveis através de código por pessoa autorizada.
Dentro da análise forense das oito provas instrumentais apreendidas das FARC, a INTERPOL revisou e considerou que os os procedimentos adotados pela Polícia Judicial da Colômbia para registrar, documentar, fotografar, etiquetar e copiar cada uma das provas e para realizar uma cópia imagem delas, se ajustava aos citados princípios reconhecidos internacionalmente, com o qual se garantia que nenhum dos dados foram alterados, prejudicados ou destruídos durante seu manejo. No informe técnico confidencial, os especialistas da INTERPOL expõem detalhadamente os dados técnicos de todas as medidas adotadas pelos especialistas em investigação informática forense da Polícia Nacional da Colômbia para analisar as oito provas. Fica totalmente claro que esses especialistas se ativeram ao princípio fundamental segundo o qual, em circunstâncias normais, os organismos encarregados da aplicação da lei não devem aceder diretamente às provas eletrônicas confiscadas, mas devem realizar uma cópia imagem dos dados contidos no equipamento em questão utilizando um dispositivo de bloqueio de escritura, para não alterar os arquivos do sistema operacional do computador e não ter que realizar uma análise exaustiva das provas, o que exigiria muito tempo, a fim de demonstrar que ao se produzir o acesso direto aos dados não houve nenhuma falsificação nem se alterou o conteúdo dos arquivos. Ficam também registrados nos computadores as datas e horários do último acesso, que também demonstraram não terem sido falsificados, modificados ou alterados de nenhum modo.
As forças da ordem colombianas haviam advertido os especialistas da INTERPOL e estes confirmaram, que dentre os procedimentos utilizados desde o confisco dos computadores em 1º de março até a entrega a estas autoridades no dia 3, um dos procedimentos reconhecidos internacionalmente no manejo ordinário de provas eletrônicas não foi realizado, isto é, em vez de gastar tempo fazendo cópias protegidas contra a escritura de cada uma das oito provas instrumentais, estes foram imediatamente acessados. Entretanto, este procedimento não invalidou o trabalho realizado pelas autoridades colombianas, pois nada foi mexido ou alterado conforme atestaram os especilistas da INTERPOL em seu relatório final.
Entretanto, bastou este detalhe insignificante para que no Brasil ele passase a ser mais relevante do que a absoluta autenticidade e inviolabilidade das oito provas. O blog do jornalistas Luiz Carlos Azenha, do Portal Terra, noticiou o resultado divulgado hoje à tarde mas, qual foi a chamada que ele deu à sua nota? Essa aqui: Interpol: Colômbia não cumpriu todas as normas. Esses esquerdistas, não só do Brasil, têm o péssimo hábito de enxergar o cisco no olho dos outros – sobretudo se for alguém sério e de direita, como é o caso de Uribe – e não vêem a rocha imensa que lhes cega a vista e o espírito. Outro exemplo formidável disso foi a declaração que deu o embaixador da Venezuela nos Estados Unidos, Bernardo Álvarez, após a divulgação do relatório da INTERPOL. Em entrevista à agência EFE, Álvares disse que o informe da INTERPOL não continha provas sobre o suposto envolvimento do seu país com as FARC. Para ele, não se deve descartar a possibilidade de que estas provas tenham sido manipuladas e sugeriu que há “muitas dúvidas”. Disse ele, do alto de sua boçalidade e desfaçatez: “Tudo isso é possível (...) muito antes que alguém opinasse sobre sua análise ou validade (das provas), o Governo colombiano as lançou e começaram as acusações de todo tipo sobre a Venezuela, acusações temerárias, falsas, exageradas”.
Bem, Chávez vem desclassificando o trabalho da INTERPOL desde que Uribe anunciou que iria recorrer a este órgão, utilizando a velha tática de atacar antes para se defender e mostrar fortaleza, instigando os deputados colombianos, opositores de Uribe, a desencavar e até mesmo criar “provas” do envolvimento deste com os paramilitares. A verdade é que, tanto ele quanto seu parceiro em trapaças e ligações com as FARC, Rafael Correa do Equador, estão tremendo de medo porque SABEM que devem, que têm envolvimentos gravíssimos e comprometedores com as FARC pois ambos são membros do Foro de São Paulo do qual este bando narco-terrorista é membro. Só resta aguardar que o Governo da Colômbia revele o que guardam os documentos secretos desses computadores porque, se Uribe nos fizer esta gentileza, quero ver com que cara, ou que desculpa esfarrapada vão dar o sr. da Silva, o seboso Marco Aurélio Garcia e seu ParTido-Estado.
Quem quiser ler o relatório completo pode fazer o download em Informe forense da INTERPOL. É um documento longo em pdf, bastante detalhado, com 94 páginas do mais absoluto rigor acadêmico e profissional, com cópias das cartas enviadas aos representantes da INTERPOL na Colômbia, Venezuela e Equador, fotos do acampamento (algumas vistas nesta edição) e das oito provas. Infelizmente, o conteúdo do material escrito vamos ter que aguardar a decisão do Governo da Colômbia mas só ter a certeza absoluta da autenticidade do material confiscado, já serve como “couvert” para o banquete que nos espera.
Fiquem com Deus e até a próxima!
Comentários e traduções: G. Salgueiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente este post. Insultos, baixarias ou agressões à proprietária serão solenemente ignorados.