segunda-feira, 14 de fevereiro de 2005

O Notalatina está saindo hoje com um pouco de atraso porque eu estava assistindo a votação na Câmara para a presidência daquela Casa mas acabei desistindo; o processo era lento e ainda falta muito para acabar. Curiosamente, nunca se viu tantos parlamentares sentados no plenário, comportadíssimos e esperando pacientemente sua vez de “pagar” pelas beneces recebidas em troca dos mais espúrios conchavos. Um horror e uma indignidade ímpares!


E considerando este atraso, hoje trago apenas duas notas importantes sobre as relações perigosas entre o “mini-eixo” Brasil-Cuba-Venezuela-Argentina, numa carta escrita pelo incansável guerreiro e patriota venezuelano, Alejandro Peña Esclusa de quem tenho a honra de privar da amizade, ao Conselho de Segurança da ONU, alertando para o perigo que corre não só a sua Venezuela, como toda a América Latina. A outra nota, mais ou menos no mesmo “tom”, é uma análise da situação latino-americana que me vem através do La Voz de Cuba Libre.


Hoje o Supremo Apedeuta Lula está na Venezuela e já assinou acordos da ordem dos 300 milhões de dólares, segundo pude escutar na “Voz do Brasil”. A maioria do povo brasileiro não sabe ou não quer crêr no perigo que estamos enfrentando com esses acordos, uma vez que tudo vem delineado de Cuba, sob a orientação do velho e decadente assassino-em-chefe Fidel. Se as pessoas parassem um pouquinho só para refletir e fazer uma retrospectiva, veriam quantos passos já demos na direção do castro-comunismo. Mas, é mais fácil fazer como o avestruz e enfiar a cabeça na terra, com a clássica afirmação que eu mesma tantas vezes ouvi quando, beirando o desespero, tentava alertar as pessoas do perigo que corríamos: “não quero saber de política” ou “eu odeio política e esse assunto não me interessa”.


Bem, certa vez um guerreiro militar, amigo muito querido, me disse uma frase que é comum na vida castrense e nunca mais ela me saiu da cabeça e aproveito para deixá-la aqui, como despedida e como alerta a todos: “O preço da Liberdade é a eterna vigilância”.


Na próxima edição voltaremos a falar dos horrores de Cuba. É preciso denunciar SEMPRE, pelo povo cubano e por nós, que ainda poderemos nos ver em situação similar. Que nos sirva o exemplo da Venezuela de hoje...


Fiquem com Deus e até a próxima!


CARTA AO CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU ENVIADA POR ALEJANDRO PEÑA ESCLUSA


Caracas, 14 de fevereiro de 2005


Senhores,
Membros do Conselho de SegurançaOrganização das Nações Unidas
Avenida 125 com rua 38Nova York


Dirijo-me aos senhores com caráter de urgência, para exortá-los a tomar medidas com a finalidade de evitar um conflito armado na América Latina. Os fatos são os seguintes:


Carreira armamentista: O Governo da Venezuela acordou com o Governo da Rússia a compra de cem mil fuzis Kalashnikov AK-47, aviões de combate MIG-29 e helicópteros de ataque, e com o Governo do Brasil, aviões de caça da empresa EMBRAER. A quantidade de fuzis contratada excede amplamente as necessidades tradicionais da Força Armada Nacional venezuelana.


Aliança militar com Cuba: Em 30 de janeiro passado, durante o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre – Brasil, o Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou um tratado de assistência militar recíproca entre Cuba e Venezuela. O regime cubano é catalogado como terrorista por muitas nações do mundo.


Vínculos com a guerrilha colombiana: Segundo informou um cabo da AP, datado em Montevidéu de 30 de maio de 1995, Hugo Chávez se inscreveu no Foro de São Paulo (www.forosaopaulo.org), organização que inclui entre seus membros às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e o Exército de Libertação Nacional (ELN), grupos considerados mundialmente como terroristas. A vinculação entre Chávez e as guerrilhas colombianas, através do Foro de São Paulo, foi confirmada publicamente pelo dirigente guerrilheiro Pablo Beltrán, em 17 de novembro de 1999.


Conflito injustificado com a Colômbia: Em janeiro deste ano, a atitude de Hugo Chávez afundou a Venezuela e a Colômbia na pior crise diplomática e comercial desde agosto de 1987. O detonante da crise foi a captura em território venezuelano de um dos terroristas mais procurados do mundo, Rodrigo Granda, chanceler das FARC.


Repressão interna: como consta em documentos e testemunhos apresentados antes a Corte de Haia, o Organização dos Estados Americanos, a Sociedade Interamericana de Imprensa e outras importantes instâncias internacionais, os corpos de segurança venezuelanos e os seguidores de Hugo Chávez têm agredido com armas as manifestações pacíficas de opositores do Governo, provocando numerosos mortos e feridos.


Pelo que foi anteriormente exposto, existem dúvidas razoáveis sobre o verdadeiro destino que o governo venezuelano pretende dar a esse material bélico e, inclusive, suspeitas de que parte das armas sejam entregues ao regime cubano, às guerrilhas colombianas e a outros grupos subversivos latino-americanos, e a outra parte usada para reprimir ilegalmente a oposição.


Por estes motivos, lhes sugiro que, em primeiro lugar, solicitem aos governos da Rússia e do Brasil que suspendam temporariamente o envio das armas à Venezuela e, em segundo lugar, convoquem uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a fim de analisar exaustivamente o caso venezuelano. Me atrevo a lhes propor tal curso de ação, porque uma omissão neste assunto pode detonar um conflito na América Latina de proporções inimagináveis.


Fico à disposição para acrescentar mais informação a respeito.


Engº Alejandro Peña Esclusa
Ex-Assessor do Conselho Nacional de Segurança e Defesa


Caracas, Venezuela


CADA VEZ MAIS FORTE O EIXO CUBA-VENEZUELA-BRASIL-ARGENTINA, CONTRA OS ESTADOS UNIDOS


É conhecida a estreita amizade entre Fidel Castro, de Cuba e Hugo Chávez, da Venezuela, do mesmo modo que a forte participação cubana no desenvolvimento socialista venezuelano, e o importante apoio petroleiro da Venezuela à economia da ilha caribenha. A solidez desse mini-eixo no Caribe pode-se medir pelas denúncias de Fidel Castro acerca de eventuais tentativas do governo americano contra Hugo Chávez, ou seja, pela proteção que lhe outorgam os serviços de informação cubanos ao aliado estratégico de Cuba.


Porém, a estratégia de Chávez vai mais além dessa região e forma parte de um plano de integração sul-americana. Assim, tem reforçado, por uma parte, sua economia e sua defesa, mediante importantes acordos com a China e com a Rússia (que lhe vendeu armas, incorrendo em ofensa ao governo de Bush). E, por outra parte, tem realizado igualmente passos transcendentais para estabelecer alianças estratégicas com os governos de Néstor Kirchner e Luiz Inácio Lula da Silva.


Em sua visita à Buenos Aires, por exemplo, o presidente venezuelano assinou acordos petroleiros com a nascente empresa nacional de hidrocarburetos argentina, impulsionou a construção de navios petroleiros em estaleiros estatais desse país, anunciou a compra das 6 mil e 500 estações gasolineiras da anglo-holandeza Shell-Dutch Oil, enquanto trata de vender nos Estados Unidos as CITGO venezuelanas e, prevendo que a revolução bolivariana terá os mesmos resultados para o povo que a castrista, chegou a acordos de intercâmbio de alimentos por petróleo venezuelano.


Agora assinará na segunda-feira (hoje) em Caracas, uma aliança estratégica com o sócio gigante do Mercosul, que incluirá temas de energia, petróleo, gás, agroindústria, ciência e tecnologia, e também a compra de aviões de guerra ao Brasil, a qual completará a aquisição de armas da Rússia.


Este apoio dos dois países do Mercosul ao governo de Caracas o respalda ante Washington e, simultaneamente, desafia este. Do mesmo modo, os acordos militares com o Brasil têm um sentido particular, se se recorda que ambos os países têm interesses comuns na defesa dos recursos hídricos e em biodiversidade da região amazônica. Além disso, o imenso Brasil não só limita-se ao sul com o Uruguai, Paraguai e Argentina, seus sócios no Mercosul, como também ao ocidente com os países andinos, aos quais pertencem tanto a Venezuela como a Colômbia, e ao norte integra a região conflitiva onde, desde Bogotá, os Estados Unidos ameaçam a estabilidade política da Venezuela, e com seu Plano Colômbia aparece como um perigo para a independência de todos os países sul-americanos.


O esforço de Caracas para reforçar o Mercosul, integrando-se à construção do mesmo, inspira-se na idéia de Simón Bolívar de união dos latino-americanos para enfrentar os Estados Unidos.

Fonte: www.lavozdecubalibre.com


Traduções: G. Salgueiro

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