O Notalatina traz em sua edição de hoje apenas duas notícias, ambas de Cuba, que mostram toda a perversidade de um regime que algumas pessoas teimam descaradamente em endeusar como sendo um modelo de perfeição e bondade, e que deve ser imitado por outros povos, sobretudo da América Latina.
Aqui apresentamos a face cruel e desumana das prisões cubanas, bem como das ações para se arrancar uma confissão de culpa a qualquer preço, através do depoimento por carta de um preso político. Toda a bestialidade e sadismo aqui descrito lembrou-me das revelações feitas pelo Pastor Richard Wurmbrand em sua obra Nos Subterrâneos de Deus, também ele uma vítima de um regime comunista na Romênia do século passado. A inumanidade é igual, pois as bestas são iguais aqui, ou em qualquer outro país onde reine o demoníaco Comunismo.
E a outra notícia revela a tragédia de sete cubanos que fugiram da ilha em 31 de agosto e tudo leva a crer que não conseguiram encontrar a liberdade tão desejada. Será que exemplos como esse que se repetem diariamente na ilha-cárcere, ainda não são suficientes para que se creia que aquilo lá é um inferno, que a vida é apenas um arremedo de existência e que a maldita revolução só gerou miséria, escravidão, opressão e morte?
Deixo-os com essas duas reflexões dolorosas mas necessárias para que se tenha a certeza de que é a uma vida assim que nos quer levar este governo de terroristas e criminosos de ontem, que não esqueceram seu passado nefasto e a passos muito largos estão nos levando a ser a “Cuba Continental” dos sonhos do abutre assassino-em-chefe, Fidel Castro.
Fiquem com Deus e até a próxima!
CARTA-TESTEMUNHO DO PRESO POLÍTICO PÉREZ FIDALGO
8 de setembro de 2004, Prisão Valle Grande, Havana – Carta enviada pelo preso polítco José Lorenzo Pérez Fidalgo, da prisão de Valle Grande, ao Presidente do Movimento Liberal Cubano, León Padrón Azcuy
29 de agosto de de 2004
Sr. León Padrón Azcuy (Hugo)
Hugo, desejo de todo coração que quando estas linhas cheguem a tuas mãos te encontres gozando de saúde em união de todos os meus irmãos do Movimento Liberal Cubano.
As mesmas são para dizer-te que me senti muito feliz e muito alegre ao receber tua carta e as de Labastida, Felipe e Roberto. Não sabes quanto orgulho e satisfação sentimos pelas mesmas.
Hugo, agora te direi tudo o passei no quartel general da Polícia Plítica do regime totalitário do ditador. Te contarei que, como nós não cometemos esse delito*, já que essa não era nossa linha política, uma vez que somos lutadores pacíficos, eles queriam nos imputar essa causa (romper vidraças), só porque somos opositores.
Como não quis assinar uma ata que me trouxe o Major Naser, onde me fazia responsável por todos os fatos, me algemaram as mãos por trás, até os pés, quer dizer, as mãos e os pés, porém por trás, como se fosse uma sela grande, e me jogaram em um buraco – só assim cabia – onde haviam baratas que caminhavam por todo o meu corpo. Era impossível tirá-las de mim, pela forma como estava algemado. Assim me mantiveram por 40 ou 50 minutos passando por tudo isto, sem contar a dor, que era insuportável. Isto me fizeram 4 ou 5 vezes.
Me chamavam para interrogatório, me algemavam as mãos à sela, punham o ar condicionado no frio máximo e me tinham aí por 3 ou 4 horas; depois vinha Naser, o instrutor do caso, e me dizia cinicamente: “ainda estás aqui? Olha para isso, parece um pingüim! Não vais assinar?” E eu lhe dizia: “eu não sou um pingüim, eu sou um ... e não vou assinar nada porque eu sou inocente”.
Um dia chegaram na cela número 10 – que era onde eu estava – e me disseram: “392 prepare-se” – este é meu número -, e me levaram para a enfermaria, auscutaram, me tomaram a pressão, disseram que tinha a pressão alta. Trouxeram um líquido para que o tomasse, eu me neguei dizendo que nunca havia padecido de pressão alta; então, me algemaram as mãos e os pés e alguém me apertou a boca e o Major Naser me despejou o líquido. Daí em diante não lembro de mais nada.
Me disseram, os que estavam na cela comigo, que me trouxeram como em uma hora e que eu vinha drogado, que os guardas me trouxeram quase carregado e me jogaram em minha cama e que a eles disseram que eu havia tido um ataque epilético, coisa esta que eu nunca padeci. Assim estive quase dois dias bobo, fora do mundo, e a estas alturas, por muito que queira recordar o que sucedeu depois que me obrigaram a tomar a beberagem, não posso lembrar nada.
Bem, irmão, mais adiante te conto mais, já que ainda me resta muito para contar-te.
Hugo, tenho envios para Melena del Sur, Las Cañas, Arquita, Artemisa e Surgidero de Batabanó.
Lhes diz até logo seus irmãos Lorenzo e Alexis**, desejando-lhes abrazos e lembranças para todos os irmãos do Movimento Liberal Cubano, que não desfaleceremos jamais.
José Lorenzo Pérez Fidalgo, preso político, detido desde 5 de julho, acusado, injusta e arbitrariamente, por um suposto delito de sabotagem. É Coordenador das províncias ocidentais do Movimento Liberal Cristão e integrante da Executiva Nacional.
* O delito de que são acusados Lorenzo e Alexis, é de terem jogado pedras e provocado danos ao Joven Club de San Miguel del Padrón e em uma Loja Arrecadadora da Divisas na mesma localidade havanera, em um dos freqüentes apagões.
Detidos enquanto dormiam placidamente em suas casas, as autoridades não puderam apresentar prova alguma que os incrimine. Estão sob detenção nos calabouços de Villa Marista, sede da Polícia Política cubana, à espera de que os processem e condenem. (G.S.)
** Alexis Triana Montesinos, preso político, detido desde 5 de julho, também acusado do suposto delito de sabotagem, é Representante da juventude liberal do Movimento Liberal Cristão.
Outros artigos sobre o caso
MLC apoya campaña de Amnistía Para Los Prisioneros Políticos Cubanos
Los liberales a la cabeza en la agenda represiva del régimen
DENUNCIA DEL MOVIMIENTO LIBERAL CUBANO (MLC)
CAMPANHA CUBANA PELA LIBERDADE DE PRISIONEIROS DE CONSCIÊNCIA
Fonte: www.PayoLibre.com
DESAPARECE NO MAR UM GRUPO DE SETE CUBANOS
Pablo Alfonso para El Nuevo Herald
Um grupo de sete cubanos que saiu da ilha há uma semana encontra-se desaparecido, enquanto outros 24 foram recolhidos no domingo, por um cargueiro que dirige-se às Bahamas, informaram familiares em Havana e o Serviço de Guarda Costeira de Miami.
Segundo uma parte da imprensa difundiu ontem, o Serviço de Guarda Costeira recebeu informação na véspera de que um grupo de cubanos possivelmente havia naufragado, e encontrava-se em Cayo Lobos, pertencente às Bahamas, e pode confirmar mais tarde que “o cargueiro Bahamas Pride havia recolhido os 24 cubanos, que encontravam-se em boas condições”.
O grupo foi transferido em seguida aos guarda-costas das bahamas, que os levaram para Nassau. “Este tipo de viagem é extremamente perigosa e especialmente em meio a uma tormenta”, afirmou o capitão, David Durham, Chefe de Busca e Resgate do Dsitrito Sete do Serviço de Guarda Costeira de Miami.
Ontem não havia confirmação se entre os náufragos recolhidos em Cayo Lobos encontravam-se os sete cubanos desaparecidos, que saíram da ilha no passado 31 de agosto, justo quando o furacão Frances começava a açoitar as Bahamas com ventos de até 145 milhas por hora.
“Nós os estivemos procurando com helicópteros, aviões e até com um C-130, sem resultados até agora”, disse um oficial do Serviço de Guarda Costeira em Miami, que pediu para não ser identificado. “Vamod continuar essa busca e esperamos que não tenha acontecido o pior”, acrescentou.
O grupo de desaparecidos é integrado por Mario Paneca Rodríguez, de 36 anos; Alejandro Llerena Romero, 35; Pedro Batista Méndez, 45; David Martínez Fernández, 35; Jorge Luis Conde Morales, 32; Axel Emilio Rondón Herrera, 32 e Frank García Llerena, 36. Os sete foram identificados como membros do opositor Partido Democrático 30 de Novembro, e segundo seus familiares saíram do povoado de Cojímar, na costa norte da cidade de Havana.
“Não temos notícias deles e tememos por suas vidas”, disse a El Nuevo Herald, de Havana, Anayka Paneca Román, que tem no grupo seu marido e seu pai. Paneca disse a El Nuevo Herald que seu esposo, Frank García, esteve um ano encarcerado na prisão Melena del Sur, sob acusações de “ofensa à figura do Comandante em Chefe, desacato e desordem pública”. Foi posto em liberdade em janeiro de 2003, sem que se tivesse celebrado julgamento.
“Ele foi ao Escritório de Interesses dos Estados Unidos para pedir visto como refugiado, porém lhe negaram e ele estava numa situação muito difícil”, indicou Paneca. “Outras cinco pessoas que estiveram na mesma causa que ele receberam esse visto”, acrescentou.
Fonte: lavozdecubalibre.com
Traduções: G. Salgueiro