Em 23 de janeiro de 1958 a Venezuela foi sacudida por um movimento não dirigido, em que as forças cívicas, militares e populares convergiram para proclamar uma nova situação após a queda de Marcos Pérez Jiménez, que abandonou o país rumo à República Dominicana a bordo da ”Vaca Sagrada”, como chamavam o avião presidencial. Depois da experiência de 12 anos de ditadura, repressões, impunidade e perseguição, - materializados no organismo de Segurança Nacional – os venezuelanos iniciaram seu trânsito pela democracia.
Na conformação do novo governo provisório, presidido pelo Contra-Almirante Wolfgang Larrazábal intervieram cidadãos independentes, colégios de profissionais, Ação Democrática, URD, Copei, representantes do Partido Comunista e meios de comunicação. O primeiro sinal do que ia acontecer ocorreu em 1º de janeiro de 1958, quando aviões de guerra cruzaram os céus e despertaram os habitantes de Caracas. Um mês antes da queda de Pérez Jiménez, fora aprovado um plebiscito para prolongar o mandato, dar solidez a seu regime e legitimidade ante as Forças Armadas.
Em que pese o levante que derrocou o ditador tenha sido desvelado previamente, com o correr da revelação dos nomes implicados evidenciou-se a extensão que existia entre os oficiais das três Forças. Forças políticas, econômicas, sindicais e populares começaram a repudiar e condenar os modos que caracterizam a gestão de Marcos Pérez Jiménez.
”As Forças Armadas Nacionais em atenção ao reclamo unânime da Nação, e em defesa do supremo interesse da República, que é seu principal dever, resolveu pôr termo à angustiosa situação política pela qual atravessava o país, a fim de encaminhá-la para um Estado Democrático de Direito...”. Esse foi o Comunicado Oficial das Forças Armadas Nacionais da Venezuela em 23 de janeiro de 1958.
Por que eu relatei esse fato histórico, ocorrido há exatos 45 anos? Porque a história se repete, em quase tudo. A diferença é que naquela ocasião quem governava a Venzuela era um ditador de fato e hoje tem-se um projeto de ditador castro-comunista, disfarçado em democrata, por ter sido eleito pelo voto popular. Entretanto, os desmandos e o que motivou toda uma sociedade constituída a ir às ruas pedir sua renúncia ou novas eleições, é o mesmo que levou esse bravo povo a uma tomada de posição tantos anos atrás. Em pleno delírio psicótico, o presidente Chávez numa tentativa patética de se colocar como defensor da democracia, convoca seus aliados e aqueles que não lhe podem dizer não, a realizar uma grande marcha em seu favor, como se esse povo fosse o mesmo da década de 50 e a oposição os vilões que devam ser escorraçados como foi o antigo ditador. Os fatos editados hoje, no Notalatina, mostram claramente quem é o Pérez Jiménez dessa marcha de hoje, 23 de janeiro de 2003.
CHAVISTAS INICIARAM “TOMADA DE CARACAS”
Pessoas provenientes de diversas partes da Venezuela marcham hoje em Caracas para manifestar seu apoio ao Governo. Para transportar essas pessoas utilizaram-se unidades que funcionam com gás, devido a escassez da gasolina. Contaram para isto com o apoio dos governos estaduais, prefeituras e instituições nacionais e regionais, e com um deslocamento de segurança que envolverá a Guarda Nacional, DISIP, Polícia de Caracas, bombeiros e até a polícia judicial, revelaram fontes oficiais.
A Grande Tomada de Caracas, como batizaram os organizadores da jornada, partiu de dois lugares de concentração: o primeiro nas imediações do terminal La Bandera e o segundo no Parque del Este, a poucos metros da praça França de Altamira, onde há mais de 90 dias permanecem vários oficiais da Força Armada Nacional, que se declararam em rebeldia. De ambos os locais se dirigirão à avenida Bolívar, onde foi colocado um palanque, do qual falará à tarde, o presidente Hugo Chávez.
A rota que partiu do Parque del Este não passou em frente à praça França de Altamira, por razões de segurança, porém – em sua passagem pelo distribuidor Altamira – derrubou e queimou o contador de dias para o referendum consultivo, que foi colocado ali pela Coordenadora Democrática. Todavia, o deputado da Quinta República, Nicolás Maduro, destacou a ”alegria e caráter pacífico” da mobilização oficialista, que assegurou “colapsará” a capital.
Fonte: El Nacional
Obs. Apesar dessa alegria e “caráter pacífico”, os oficialistas comportaram-se como vândalos, ao queimarem a marcador de dias da oposição, atitude bem semelhante a que vimos aqui no Brasil, quando militantes petistas, sob o olhar cúmplice e aprovador do então governador petista do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra, depredaram e destruíram completamente o relógio da Globo, que também fazia a contagem regressiva para os 500 anos de descobrimento do Brasil. Qualquer semelhança, não é mera coincidência. Notalatina.
NA CONCENTRAÇÃO PRÓ-CHÁVEZ, VIA CELULAR, REPORTAGEM EXCLUSIVA DE LA VOZ DE CUBA LIBRE - VENEZUELA
Estamos na Avenida Bolívar, em uma magna concentração em favor do Presidente Chávez; é incalculável a multidão que há aqui. Muito maior do que a maior que fez a oposição. Vamos falar com um dos assistentes que traz uma bolsa com água e comida. Tem, ao que parece, mais de 50 anos e aspecto de camponês.
Bom dia, amigo, como se chama?
Antonio Mora Montesinos.
O senhor vive aquí em Caracas?
Não, eu venho de San Mateo, no estado de Anzoategui.
Êpa! Isso não é muito longe? Como veio?
Bem, saímos no domingo passado,convidados pelo governo municipal.
Quando disse saímos, quem mais veio com o senhor?
Bem, todos os que vieram em nosso ônibus são de San Mateo.
Vieram em um só ônibus?
Não. De San Mateo vieram três ônibus, porém vi conhecidos por aqui, que fazia muito tempo que não via e que são também de Anzoategui, entre eles meu primo José Manuel, que mora em Clarines. Ele me disse que vieram também caminhões militares e caravanas de carros cheios de gente de Anaco e Piritu.
Pelo que vimos o Presidente Chávez goza de grande simpatia em seu estado.
Bem, eu simpatizo com nosso Presidente, porém muitos dos que vieram, foi só pela viagem grátis à Capital.
Bem, obrigado, amigo.
Isto explica em parte a multidão nesta zona. Desde o domingo passado estão transportando simpatizantes não só dos arredores de Caracas, mas como comprovamos com Mora Montesinos, estão transportando dos mais distantes rincões da Venezuela.
Bem, por hora é isso. Da Avenida Bolívar, em Caracas, Venezuela.
NOTA DE LA VOZ DE CUBA LIBRE: Hugo Chávez Frías tem recebido um grande apoio de seus assessores cubanos. Chávez tem conseguido trilhar a mesma fórmula de Castro que, com tanto êxito, tem seguido nos últimos 44 anos. Em primeiro lugar a obrigação, sob pena de demissão, de todos os trabalhadores do Estado e seus familiares, incluindo Professores e Militares. E em segundo lugar, muito mais efetivo, camponeses e residentes transportados desde longe. Dissemos mais efetivo porque enquanto os da capital podem marcar presença e desaparecer, os transportados têm que permanecer no lugar, sob pena de perder o transporte de volta para casa. Antecipamos que vamos ver no futuro, como vemos em Cuba, muitas manifestações ainda maiores. O próprio Chávez disse no princípio de seu discurso que ”Já ficava pequena a Avenida Bolívar, que as próximas teriam que ser nas pradarias”.
AO MENOS UMA PESSOA MORREU E OUTRAS 10 FICARAM FERIDAS
Caracas – Ao menos uma pessoa morreu e outras 10 ficaram feridas na Avenida México de Caracas, ao registrar-se uma explosão durante a mega-manifestação convocada por simpatizantes do presidente venezuelano Hugo Chávez. Um artefato explodiu às 16:50 h., em frente à sede do Banco Industrial da Venezuela, em uma rua paralela à Avenida Bolívar, onde nesse momento Chávez encontrava-se, dirigindo-se a seus simpatizantes.
Os bombeiros confirmaram que há uma pessoa morta e que a maioria dos feridos não estão em estado grave, porém não descartaram mais vítimas, uma vez que a explosão causou pânico entre os manifestantes que se dispersaram em massa, provocando o caos na rua. A pessoa falecida não portava documentos e ainda não foi possível identificá-la. Os feridos são residentes de El Valle e estão sendo atendidos no Hospital Vargas. A Polícia interrogou uma suposta testemunha que, ao que parece, viu as pessoas que colocaram o artefato.
Dezenas de milhares de pessoas se haviam concentrado na capital venezuelana, na denominada ”Tomada de Caracas”, para mostrar seu apoio ao Governo e comemorar a queda da ditadura de Marcos Pérez Jiménez em 1958, no dia em que a parada cívica nacional convocada pelas forças opositoras do país, completa sua 53º jornada.
Fonte: El Nacional
CHÁVEZ VIAJARÁ AO BRASIL NO PRÓXIMO DOMINGO PARA ASSISTIR O FÓRUM SOCIAL MUNDIAL
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, chega no próximo domingo à Porto Alegre, em “coincidência” com uma manifestação “em solidariedade com o povo” de seu país, que terá lugar a celebração do Fórum Social Mundial, disseram hoje fontes oficiais.
”Chávez chega no dia 26 em um vôo particular às 18:30 hora local, e tem 10 apartamentos reservados no Hotel Deville, um deles para o general José Miguel Briceño”, disse um porta-voz do governo do estado do Rio Grande do Sul. Outra fonte oficial brasileira confirmou a EFE que houve uma petição venezuelana de sobrevôo do território brasileiro, para um avião com o presidente Chávez, para esse dia.
”O presidente partirá de Porto Alegre no mesmo domingo”, acrescentou a fonte. À mesma hora prevista para a chegada de Chávez, um ”Comitê de Solidariedade com a Venezuela”, tem convocada uma marcha pelas ruas de Porto Alegre, “em respaldo ao povo venezuelano”. O mandatário venezuelano afronta uma dura corrente opositora que pede sua renúncia
Esta seria a teceira visita do presidente venezuelano ao Brasil, em meio à parada. A primeira foi para assistir a posse de Luis Inácio Lula da Silva, em 1º de janeiro, e a última sábado passado, para tratar em Brasília sobre a formação do Grupo de Amigos que se propõem a ajudar a Venezuela a sair da atual situação.
Porto Alegre, a maior cidade do Sul do Brasil, será sede desde quinta-feira e até 28 de janeiro, do Fórum Social Mundial que congrega ativistas contra o neoliberalismo e a globalização, que se contrapõe ao Fórum Econômico Mundial que acontece em Davos, Suiça, nas mesmas datas.
Fonte: El Nacional
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