segunda-feira, 4 de novembro de 2002

A situação na Venezuela está cada dia mais tensa e crítica. Estava marcada para hoje a entrega de um abaixo-assinado, ao Conselho Nacional Eleitoral, reiterando o pedido de renúncia do presidente Chávez ou a convocação imediata de um plebiscito que autorizasse nova eleição presidencial. A princípio Chávez debochou dos manifestantes, alegando que a Constituição lhe conferia direitos legais de só convocar esse plebiscito em agosto de 2003. Vendo que seus opositores estavam firmes no seu propósito, e que não arredam pé da praça Altamira desde a parada iniciada em 22 de outubro, esse delinquente ameaça reagir com armas, tal e qual fez no movimento que o depôs por 47 horas em 11 de abril pp.



Ocorre que os manifestantes estão amparados juridicamente pelo artigo 350 da constituição bolivariana que lhes garante a desobediência civil: “O povo da Venezuela, fiel em sua tradição republicana, em sua luta pela independência, a paz e a liberdade, desconhecerá qualquer regime, legislação ou autoridade que contrarie os valores, princípios e garantias democráticas ou menospreze os direitos humanos”. E ainda contraria as atitudes do governante, em seu artigo 68, que afirma com toda a clareza: “É proibido o uso de armas de fogo e substâncias tóxicas no controle das manifestações pacíficas”. Se ele tenta fazer uso da violência, conforme anunciou, acaba dando mais motivos e munição para uma deposição legal e constitucional.



Um manifesto perguntando “você está de acordo que seja solicitado ao presidente Hugo Chávez que renuncie voluntariamente de seu cargo?”, e mais o abaixo-assinado com mais de um milhão de assinaturas recolhidas desde o início da manifestação em 22 de outubro, deve ter sido entregue hoje pela manhã, ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE), pelo dirigente de grupo Primero Justicia, Julio Borges. Além disso, esse manifesto dá ao referido órgão eleitoral um prazo até o dia 04 de dezembro para convocar o plebiscito, ou então convocarão outra greve por tempo indeterminado.



Cinco mil efetivos policiais, bombeiros e Defesa Civil custodiariam a manifestação que seguia em marcha até o CNE, onde acontecerá um ato interno, transmitido para o exterior através de painéis gigantes. Essa marcha coincidiu com o retorno à Venezuela do secretário geral da OEA César Gaviria, que vinha intermediando as negociações entre Hugo Chávez e os manifestantes, sem nenhum sucesso até então. Particularmente, eu não creio que esse impasse seja resolvido pacífica e racionalmente, porque nenhum dos lados quer ceder. Os rebeldes estão cobertos de razão, posto que a constituição foi violada, os direitos humanos desrespeitados, a república democrática venezuelana vem sendo gradativamente transformada numa república socialista e o país está caminhando para o caos, a miséria e a incerteza, bem característico de todos os países onde esse regime infame se estabeleceu.



Mas, tem ainda o outro lado da questão que são os acordos feitos no Foro de São Paulo, há 10 anos (sim, porque Chávez passou a integrá-lo em 1992) entre seus fundadores Fidel Castro e o Sr. da Silva, entre outros, de que poriam esse delinquente mental como presidente da Venezuela, para restaurar o socialismo na América Latina. Pactos dessa natureza não se rompem facilmente, muito menos agora, que o outro “ungido” chegou lá, completando a triangulação revolucionária que iria reacender as brasas já quase apagadas do comunismo no continente Sulamericano.



Vamos ver amanhã em que deu essa manifestação...



Ainda nessa edição de hoje, o Notalatina apresenta uma matéria divulgada no jornal “El Nuevo Herald”, que mostra as relações estreitas entre as FARC colombianas e o governo da Venezuela.



ARMAS DA VENEZUELA EM MÃOS DAS FARC



Associated Press - BOGOTÁ



Militares venezuelanos venderam armas caras aos rebeldes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), segundo uma investigação realizada pela revista Cambio.



A revista cita um homem de 33 anos de idade e 10 de militância nas FARC, identificado como “El Técnico”, que segundo a consta, forneceu dados à Procuradoria colombiana sobre as remessas de armas e munições que recebeu dos rebeldes da Venezuela, em troca de dinheiro e inclusive gratuitamente.



Segundo a revista, “El Técnico” colaborou com as autoridades ao dar a localização exata de cinco pistas e aeroportos clandestinos, o que prova sua confiabilidade. Também teria ajudado o Exército colombiano a prevenir um ataque aéreo contra instalações militares nas planícies orientais e a capturar em abril de 2001 o narco-traficante brasileiro Fernando Beira-Mar, aliás, ”Fernandinho”, que é acusado de intercambiar armas por drogas com os rebeldes.



”El Técnico” teria assegurado em uma de suas declarações, que em 20 de julho do ano passado acompanhou um chefe regional das FARC, que reuniu-se com cinco militares venezuelanos em uma fazenda localizada na fronteira.



Dessa reunião teria sido acordado que a frente 10 da guerrilha teria como missão garantir as pistas onde seriam entregues os embarques das armas.



Um dos episódios mais representativos deste tráfico teria ocorrido em outubro do anos passado, quando um avião venezuelano que levava metralhadoras modelo MP5, cartuchos para fuzis R-15 e AK-47, além de explosivos C-4, aterrizou em uma pista conhecida como Tranquilandia. O embarque foi entregue por um homem chamado Miguel Moncada, emissário de um coronel venezuelano. Moncada era o dono do avião que em 31 de janeiro passado foi derrubado pela Força Aérea Colombiana (FAC), quando trazia 15.000 cartuchos para a guerrilha. Além disso, o colaborador teria revelado que o meio das rotas para o tráfico de arsenais está disposto estrategicamente, em solo venezuelano, em um aeroporto clandestino conhecido como “El Mono”.



”Está situado exatamente nestas coordenadas: 06 38’ 05,3” latitude norte e 69 37’ 48,4” latitude oeste. Pode ser utilizado como alternativa de escape para aqueles aviões que são interceptados (pelas FAC) ao passar a linha divisória. Inclusive, quando as naves estão plenamente identificadas, são destruídas ali. Segundo a testemunha colombiana, a própria Guarda Venezuelana se encarrega de passar-lhes fogo”, disse a revista.



Embora “El Técnico” tenha assegurado que grande parte dos embarques de armas e munições são pagos com dinheiro fruto do narcotráfico, alguns deles são feitos sem pagamento algum.



O ex-piloto do presidente Hugo Chávez, major Juan José Castillo – hoje na oposição – indicou à Cambio que o governo de seu país “ajudou com armas e dinheiro (da guerrilha) e tem protegido seus membros quando vêm a Caracas”.



Em reiteradas oportunidades se denunciou o suposto apoio de Chávez aos rebeldes colombianos, mas o mandatário venezuelano sempre negou.



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