Hoje eu tinha muitas coisas para falar porque o mundo está em ebulição, sobretudo a Améica Latina, onde todos os olhos estão postos e atentíssimos, como se a eleição de um esquerdista no Brasil significasse, para uns, a salvação e resolução de todos os males e para outros, a esperança de ver reacender com força e vigor um regime caquético, ultrapassado, genocida e sinônimo de atraso e servidão humana onde quer que se tenha estabelecido. Mas não faltará ocasião para falar disso, porque a poeira ainda não assentou.
O que o Notalatina aborda hoje, é o que foi prometido ontem: o desmascaramento da farsa sobre presos políticos em Cuba, que os puxa-sacos do ditador alardeiam não existirem no paraíso carcerário. Se, de fato, eles tivessem razão no que afirmam, de que as penitenciárias cubanas só abrigam delinquentes comuns, isso por si só já seria um fato muito grave e que requeria um estudo de caso, uma vez que, uma ilha cuja dimensão geográfica é menor do que o estado de Pernambuco abrigar 800 presídios, muitos dos quais de segurança máxima, significa que esse é um pais de desajustados e meliantes de toda ordem. É faltar com respeito à população de bem e fazer pouco caso da inteligência alheia.
Mas o que vamos contar hoje é a história do médico Oscar Elías Biscet liberado do cárcere em 31.10, e que, apesar de ter cumprido integralmente sua pena, deixou o cárcere em “liberdade condicional”. Já está mais do que na hora de acabar com tanta mentira; a brincadeira acabou e não tem graça nenhuma gente grande ficar mentido descaradamente desse jeito. Vejam aqui qual a verdade sobre os presos políticos de Cuba.
A LIBERDADE CONDICIONAL DE OSCAR ELÍAS BISCET
Oscar Elías Biscet recuperou sua liberdade e os cubanos de boa vontade estão em festa. Porém, sua liberdade é condicional, apesar de haver cumprido totalmente sua condenação. A polícia política e os empregados da ditadura já fustigam a sua família, ameaçando a todos com represálias, se o patriota cubano reincidir nessa mesma atitude decorosa que o levou ao cárcere. O fustigamento é prévio, para os crimes imaginários contra a santidade revolucionária que possam cometer algum dia. Foram três anos de abusos por fazer um protesto cívico pacífico. O espancamento, o ostracismo político, a renúncia a todo um futuro de bem-estar dentro de sua pátria, porque um dia se lhe ocorrera denunciar as deficiências do sistema de saúde nacional.
Oscar Elías Biscet está em liberdade enquanto guarde silêncio e se resigne à opressão, porém centenas de presos políticos mais, penam nas masmorras castristas por crimes imaginários de um rgime que considera delinqüentes a quantos reclamem publicamente seus direitos e as liberdades fundamentais do povo cubano.
Raúl Rivero nos assinala de Cuba, em um artigo publicado em 31 de outubro no El Nuevo Herald, o calvário de algumas dessas centenas de cubanos mal tratados pela injustiça oficial. Como Juan Carlos González Leiva que é um cego torturado e golpeado na unidade de operações da Segurança do Estado de Holguín, acusado absurdamente de “periculosidade” e sedição. Outros nove integrantes de uma fundação de direitos humanos que operava em Ciego de Ávila, estão há sete meses na prisão política, sem que se lhes defina a acusação nem lhes submeta a julgamento. Um grupo de 26 opositores detidos na capital cubana em fevereiro passado, acabam de pôr fim a uma greve de fome infrutuosa que se prolongou por mais de 40 dias, em que pese “não termos cometido delito algum e durante oito meses de encarceramento não pudemos falar com um advogado, nem nos apresentaram ante nenhum tribunal de justiça”.
Cada dia que passa em greve de fome, encurta-se de maneira alarmante a vida do prisioneiro de consciência cubano LEONARDO BRUZÓN ÁVILA, que está levando a cabo um extraordinário ato de desobediência civil e de resistência pacífica, com um jejum que já transcorreu por mais de dois meses.
Bernardo Arévalo Padrón está preso desde 1997 em Ariza, com a saúde abalada, sem cuidados médicos e açoitado e agredido frequentemente pelos presos comuns, com os quais o misturaram. Mais agressões e golpes se reportam contra o líder estudantil Néstor Rodríguez Lobaina, recluso em outra unidade da cidade de Holguín. Luis Pérez Antúnez é outro que está a longos anos em prisão política, desde 1992, sem que seu caso tenha perspectiva alguma de solução imediata. E Francisco Chaviano, em Havana, conta os dias de 15 longos anos de calabouço injusto que não parecem ter fim.
Estes e centenas de casos mais se conhecem, graças ao trabalho valente e minucioso de ativistas de direitos humanos e de jornalistas independentes (declarados ilegais pelo oficialismo repressivo) que arriscam-se para averiguar os pormenores a fim de que as denúncias sejam comprováveis e fidedignas. O governo cubano trata de ocultar todos estes desmandos e consegue que muitos fiquem na sombra, porém não pode tapar o sol com a peneira. Não há jornalista oficialista em Cuba que se atreva sequer a visitar alguns desses presos e escrever uma reportagem sobre suas condições carcerárias. Não há um que questione a legalidade dos julgamentos ou, pior inda, das prolongadas detenções sem julgamento. Os jornalistas estrangeiros creditados em Cuba, raras vezes tampouco dão importância a essas denúncias e não se atrevem a desenvolver investigações jornalísticas, pois lhes retirariam a permissão de permanecer na ilha. A CNN se faz cúmplice, divulgando somente as “versões” oficiais; outros se atrevem às vezes a mencionar algum fato denunciado por seus colegas cubanos , alguns mais, como Bárbara Walters, que entrevista o tirano e, quando consegue pô-lo em apuros com alguma pergunta incisiva, o deixa bondosamente sair pela tangente sem confrontar-lhe os fatos de seus abusos.
Esta conspiração do silêncio é vergonhosa. O exemplo que dão os patriotas cubanos em seu trabalho de investigação e denúncia dos desmandos do regime é enaltecedor.
Gerardo E. Martinez-Solanas
Fonte: La Voz de Cuba Libre – www.lavozdecubalibre.com
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