O Notalatina de hoje traz uma denúncia e um documento, intrinsecamente ligados, mesmo correndo o risco de, após essa edição, ser “convidado” a encerrar suas atividades. Estou me referindo à CENSURA, já não velada, mas impressionantemente afoita e declarada, daqueles que bradam aos quatro ventos serem contra qualquer tipo de coisa que impeça a liberdade de expressão, que primam pela ética e pela moralidade e, no entanto, têm sido os verdadeiros cães-de-guarda da palavra alheia.
Como os leitores mais lúcidos já devem ter percebido, me refiro ao partido que hoje já se acha o dono do país e, com isso, num patrulhamento sem vergonha, ditar (ou decidir) o que as pessoas podem ou não podem falar.
O filósofo e jornalista Olavo de Carvalho foi ameçado de processo por ter denunciado as relações simbióticas do PT com as FARC e, para apagar as provas do que ele afirmava, foi retirado do site do Foro de São Paulo o link que dava acesso às “Resoluções”; esse “sumiço” foi denunciado ontem pelo clonunista Cláudio Humberto e comprovado por todos que se deram ao trabalho de verificar. Ao mesmo tempo, o autor do blog intitulado “Anti-Lula” (http://antilula.blogspot.com) foi intimado “para o seu bem”, a retirar seu site do ar. Isso sem contar a perseguição que sofreu a atriz Regina Duarte, o “cala-boca” que o sr. da Silva deu ao jornalista Boris Casoy e as perseguições e processos que sofrem os jornalistas gaúchos que não rezam pela cartilha vermelha.
Ontem eu me dei ao trabalho de pesquisar na grande rede e encontrei um “Pronunciamento do Foro de São Paulo”, do qual o candidato petista é sócio honorário e fundador, cujo teor demonstra claramente serem os membros de tal organização (Foro de São Paulo), solidários com a luta das FARC que transcrevo abaixo. O mais curioso entretanto, foi quando hoje, voltando a visitar a página das FARC (www.farc-ep.org) encontrei outra coisa no lugar dela, mesmo utilizando esse endereço que lhe pertencia até ontem. Igualmente foram retirados do ar, os links que levam a uma revista de propriedade dessa gang terrorista, intitulada “Resistência Nacional”.
Pronunciamento do Foro de São Paulo
PELA CONTINUIDADE DO DIÁLOGO NA COLÔMBIA
Em vista da interpretação das conversações e ante a iminência da retirada das FARC-EP da zona desmilitarizada, o Foro de São Paulo denuncia a ingerência da embaixada dos Estados Unidos, pressionando para que o Presidente Andrés Pastrana rompa definitivamente o processo de diálogo e inicie uma ofensiva militar na região.
Diante de tais evidências, fazemos um chamado a todos os que estão comprometidos com o processo de paz, e reiteramos a declaração do Foro de São Paulo, aprovada durante o X Encontro:
X Encontro do Foro de São Paulo
Resolução de condenação ao Plano Colômbia e de solidariedade com a luta do povo colombiano.
O X Encontro do Foro de São Paulo reunido de 4 à 7 de dezembro de 2001, em Havana, Cuba.
Considerando
A grave crise econômica, política e social que sofre o povo colombiano, produto das políticas desenvolvidas pelo Estado e seus diferentes governos, aplicando as imposições do Império e as receitas do Fundo Monetário Internacional FMI.
A justa e necessária luta de colombianas e colombianos por construir a sociedade que merecem em paz, com justiça social, dignidade e soberania.
O desenvolvimento de medidas imperiais como o Plano Colômbia e seu complemento, a Iniciativa Regional Andina, verdadeiros planos de guerra contra o povo colombiano, latino-americano e caribenho.
O terrorismo de Estado que segue assassinando a população civil inerme através de seus grupos paramilitares.
Resolve:
Apoiar e alentar os processos de diálogos desenvolvidos pelas FARC-EP e o ELN, em busca de soluções diferentes à guerra para a grave crise colombiana e o conflito social, político e armado, ficando à disposição na medida de nossas possibilidades e das necessidades dos processos.
Manifestar sua solidariedade e reconhecimento com a Frente Social e Política como expressão importante da organização de colombianos e colombianas, no desenvolvimento das lutas por seus direitos. (Grifo meu)
Repudiar e condenar novamente o Plano Colômbia e seu complemento a Iniciativa Regional Andina e organizar a resistência popular como parte da torrente de lutas contra a dominação neocolonial da qual fazem parte mega-projetos como a ALCA.
Manifestar publicamente como forças e movimentos políticos anti-imperialistas nossa defesa aos direitos de rebelião e auto-determinação dos povos do mundo, e rechaçar o qualificativo de terroristas para toda forma de resistência.
Ratificar a legitimidade, justeza e necessidade da luta das organizações colombianas e solidarizar-nos com elas.
Condenar energicamente o terrorismo de Estado e demandar castigo ao paramilitarismo e seus responsáveis materiais e intelectuais, nacionais e estrangeiros.(Grifos meus)
Reclamar o reconhecimento dos presos políticos e sindicais na Colômbia e exigir sua liberdade imediata. Pede o pleno exercício do direito à defesa e a aplicação urgente das recomendações da ONU para modificar as condições carcerárias de amontoamento, em contradição com as normas elementares da dignidade humana. (Grifo meu)
Nota: Não posso deixar de comentar esse último parágrafo, pelo cinismo expresso descaradamente. Não consigo sequer imaginar que o ditador Fidel Castro teve a cara de pau de assinar um documento desse, quando ele é o campeão em violação dos direitos mais elementares do ser humano, denunciado reiteradas vezes na Conferência de Genebra, da ONU; é o campeão em prisões arbitrárias e de torturas as mais hediondas inflingidas aos presos políticos cubanos; e campeão, também, na História da Humanidade, em quantidade de pessoas detidas sem julgamento, apodrecendo nos cárceres fétidos da ilha caribenha. Será que terroristas e assassinos cruéis, que explodem igrejas cheias de civis inocentes, inclusive mais de 50 crianças são mais humanos do que os que verdadeiramente querem a paz, o desenvolvimento e o respeito à liberdade e à vida humana?
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