quinta-feira, 24 de outubro de 2002

Aviso: Por problemas técnicos, o Notalatina de ontem só pode ser editado agora. Pedimos desculpas, contando com a sua compreensão.



O Notalatina de hoje ia comentar a situação da Venezuela, onde as pessoas continuam na Praça Altamira pedindo a renúncia do presidente Hugo Chávez. Entretanto, uma carta do líder desse movimento, Alejandro Peña Esclusa, presidente da Fuerza Solidaria, escrita em 6 de outubro para o ditador Fidel Castro, abrirá essa edição, pela sua importância e seriedade. Há cinco anos esse homem adverte o perigo que seria o governo da Venezuela nas mãos de Chávez e niguém lhe deu a mais mínima importância; hoje, arrependidas da bobagem que fizeram, as pessoas vão às ruas tentar remediar essa situação caótica e desesperadora em que se encontra o país.



Outra coisa que também me chama a atenção é a cegueira, ou conivência, de certos setores da vida nacional brasileira. O mundo inteiro está cansado de saber que fazer negócio com Cuba é uma tremenda roubada (nos dois sentidos), pois o ditador não costuma honrar o compromisso de pagar a quem deve. Ontem me chegou uma notícia dando conta de que nos dias 21 e 22 de novembro acontecerá o 1º Salão de Tecnologias Cubanas, paralelo ao 7º Venture Forum, em São Paulo, claro. Os laços entre Brasil e Cuba cada dia se estreitam mais e as vocações para kamikazi vão se revelando... Mas isso você vai ficar sabendo depois da carta de Alejandro Peña Esclusa.



CARTA ABERTA A FIDEL CASTRO



Ordene a Chávez que renuncie!



Senhor



Fidel Castro



Sua intenção de apoderar-se da Venezuela por meio de Hugo Chávez, fracassou. O povo venezuelano, pelos princípios que o caracteriza e por sua identidade histórica, rechaça profundamente o modelo comunista que o senhor impôs a Cuba, e não permitirá que Chávez o ponha em prática em nosso país.



O povo venezuelano está decidido a levar a cabo uma façanha heróica que será lembrada pelas futuras gerações: uma ação multitudinária de desobediência civil, com respaldo militar, que deitará por terra o regime de Chávez.



Se o senhor resiste ao peso inelutável da realidade e ordena a Chávez lançar uma ofensiva armada com seus círculos paramilitares para tentar manter seu pupilo no poder, isso não mudará o resultado final; todavia, será pior para ele e para o senhor, posto que o povo venezuelano lhes cobrará o derramamento desnecessário de sangue inocente. Porém, se o senhor lhe ordena renunciar, ele sem dúvida o fará, e ambos se poupariam retaliações futuras.



Não creia o senhor que um possível triunfo eleitoral no Brasil, do seu sócio Lula da Silva, mude o acima exposto; primeiro, porque o curso dos acontecimentos na Venezuela já não se pode deter; e segundo, porque seu modelo comunista é inaplicável em qualquer das democracias latino-americanas.



Os venezuelanos responsabilizam o senhor por muitas intervenções inaceitáveis, desde as tenativas de apoderar-se de nosso país durante os anos 60, mediante a guerrilha marxista, até a violência política atual, que inclui o massacre do passado 11 de abril. Também o responsabilizam de haver-se apropriado de vultosos recursos financeiros do Estado venezuelano – facilitados por Chávez –, para financiar a expansão internacional de seu projeto político, em detrimento das urgentes necessidades nacionais.



Em que pese tudo isto, o povo venezuelano, de coração grande e generoso, não atuou até agora contra o senhor; entretanto, não lhe perdoará uma nova e injustificada tentativa de promover o enfrentamento entre irmãos, e reagirá com firmeza e determinação para acabar com a ameaça que o senhor e seu regime significam para todo o continente americano.



Fidel Castro: Ordene a Chávez que renuncie!



Alejandro Peña Esclusa



Carta publicada em 6 de outubro, na página D-3 do El Nacional



Postado em 23 de outubro de 2002.



BRASIL E CUBA JUNTOS NO FÓRUM INOVAR



Paralelamente ao 7º Venture Forum, que ocorre nos dias 21 e 22 de novembro em São Paulo, realizado pela FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), acontecerá o 1º Salão de Tecnologias Cubanas. Seu objetivo é apresentar empresas e produtos desenvolvidos em Cuba a potenciais parceiros industriais e financeiros brasileiros. Estarão representadas empresas cubanas* ligadas às áreas de biotecnologia, telecomunicações e informática. A presença de Cuba é um dos resultados da visita do ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg, àquele país.



Durante a viagem à Cuba, com representantes da FINEP, foi acertado o intercâmbio de pesquisadores e a organização de eventos para fortalecer os vínculos entre os centros de excelência dos dois países. O memorando de entendimento assinado com o governo cubano prevê o desenvolvimento conjunto de projetos de biotecnologia, de informática, de energia fóssil e renovável. Entre eles, a produção de energia elétrica a partir da gaseificação de resíduos da cana-de-açúcar.



Fonte: FINEP



* Por “empresas cubanas”, entenda-se os vários institutos de tecnologia pertencentes TODOS ao Estado, posto que na ilha do Dr. Castro a iniciativa privada inexiste, absolutamente.



Cabem ainda aqui alguns esclarecimentos acerca desses projetos, sobretudo no que diz respeito à Biotecnologia: estão fazendo nesses laboratórios cubanos experiências com armas biológicas, já divulgados aqui no Notalatina, na entrevista concedida pelo ornitólogo cubano Carlos Wotzkow. Com relação à produção de energia elétrica à partir da gaseificação de resíduos da cana-de-açúcar, por que essa tecnologia não é empregada na ilha, que sofre diariamente com os cortes de fornecimento e os apagões prolongados que tanto afligem seus cidadãos?

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