quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A insustentável "leveza" do Foro de São Paulo

Há pouco mais de uma semana encerrava-se em São Paulo o XIX Encontro do Foro de São Paulo (FSP) na cidade que lhe emprestou o nome. Em vídeos publicados antes do evento, Valter Pomar, Secretário Executivo da organização, afirmava para o mundo que a entidade era aberta, que qualquer pessoa poderia assistir aos encontros e que “tudo” que era “discutido” encontrava-se publicado no site para quem quisesse ver, acessível, inclusive, à imprensa. 

A UNE participou do XIX Encontro do Foro de São Paulo, na oficina de Juventudes
Crédito da foto: site do Foro de São Paulo

Entretanto, isto não corresponde à realidade como já estamos fartos de saber e denunciar, e o próprio Lula afirmou, no aniversário de 15 anos da organização, que foi necessário manter esses encontros longe do público pois, se assim não fosse, não teriam conseguido eleger tantos presidentes nos países membros e fazer as reformas que necessitavam. A grande imprensa brilhou por sua ausência no local e silêncio sepulcral nos noticiários. Chama a atenção que, mesmo já tendo sido liberado para comentários, a mídia ainda guarda respeitoso silêncio sobre esta organização criminosa que conspira contra a liberdade e a democracia nos nossos países. Tive o cuidado de acompanhar, durante os dias do evento, todos os canais da televisão nacional e não vi nenhum dar sequer uma notinha daquelas que passam despercebidas no mar de informações inúteis anunciadas com o peso de um terremoto. Única e louvável exceção cabe ao SBT e ao jornalista Paulo Eduardo Martins que vem falando corajosamente do FSP, mas cujo programa tem edição local no Paraná, limitando a abrangência do público.

O site recebeu novo layout mas, ao contrário do anterior, não se encontrava mais nada dos arquivos antes existentes. Nesse, eles apostaram que o interesse do público ocorreria apenas durante o evento, tendo o cuidado que remover toda a memória histórica que, passada a efervescência de “manifestações” e falatórios, aos poucos vai retornando ao formato antes utilizado.

Como nos anos anteriores, houve várias oficinas específicas que tratam de tudo: juventudes, mulheres, sindicatos, minorias, LGBT, afro-descendentes, além de debates exclusivos por países. Evidentemente que nem um terço do que realmente foi discutido, deliberado e aprovado encontra-se à disposição de curiosos “reacionários”, devendo ter-se restringido apenas às principais lideranças do núcleo duro. E tanto é assim que Valter Pomar publicou em seu blog o Plano de Ação debatido e aprovado nesse encontro, com uma ressalva: “Não se inclui, portanto, as ações que devem ser executadas pelas organizações-membros. Quer dizer, o que foi publicado é aquilo que qualquer pessoa possa ver e, portanto, tudo muito inofensivo.

Emir Sader, Editor da revista do Foro intitulada "América Libre", convidado especial do XIX Encontro

Dos vídeos difundidos ao vivo e posteriormente, apenas o discurso de abertura, feito por Lula, teve alguma importância mas que não revela o que foi deliberado, sendo os demais absolutamente sem importância alguma, pois não passaram de elogios e louvações ao FSP e a Chávez, o homenageado de honra desse Encontro.

O discurso de Lula merece atenção, pelo cinismo ao afirmar que “os cubanos nos ensinaram que só com tolerância obteremos vitória” mas também pela aparente auto-crítica em relação às suas relações com o povo que os elege. Uma frase dele, entretanto, merece destaque, sobretudo como reflexão para os brasileiros que não querem ver o país sob um regime socialista e que prezam a liberdade e a democracia. Disse ele:

“Temos que ter a consciência de que, pelo fato da esquerda estar enfraquecida na maioria dos países do mundo, a América Latina pode, nesse momento, ser o farol da nova esquerda que nós precisamos criar no mundo”. Quer dizer, o domínio atual do socialismo-comunismo no continente ainda não é o suficiente: ele quer mais, quer ser o farol para a Europa, Ásia, África e Estados Unidos daquilo que eles conseguiram, com o apoio e seguindo as palavras de Fidel Castro, restaurar no continente Ibero-Americano e caribenho, perdido no Leste Europeu.

Um tema que seguramente foi debatido e deliberado a portas fechadas, e que é a menina dos olhos do PT - a “democratização da mídia” - tem muitos pontos coincidentes com a proposta feita pelas FARC nas imposições que estão fazendo em Havana para selar o pseudo-acordo de paz com o governo colombiano do traidor Juan Manuel Santos, curiosamente elaborada quando Pomar esteve em Havana, em maio, e divulgada no mesmo período em que ocorria o XIX Encontro em São Paulo. Este bando terrorista não foi citado como fazendo parte do FSP ou participante desse encontro mas, sem sombra de dúvida eles enviaram representantes, uma vez que isto foi acordado em abril, num encontro do Grupo de Trabalho (GT-FSP) ocorrido em Bogotá. Além disso, seu novo braço político, a “Marcha Patriótica”, já é membro pleno do FSP e esteve presente no último Encontro.

Não tive acesso ao que foi debatido na oficina de mulheres, mas é previsível crer que o tema da liberação do aborto esteve na mesa de discussões, uma vez que, mal foi divulgada a aprovação da lei na íntegra pela presidente brasileira, a notícia foi comemorada pelo Twitter. 

Um dado da maior relevância, sobretudo se pretende-se pedir ao Ministério Público uma auditoria na contabilidade do FSP, diz respeito à decisão de Valter Pomar de isentar o pagamento da inscrição a todos os participantes, que custava US$ 100,00 por pessoa e US$ 500,00 por partido. Ora, segundo pode-se ler no site Vermelho.org, participaram do Encontro uns 300 representantes internacionais provenientes de 39 partidos, vindos dos quatro cantos do mundo. E a pergunta incômoda é: de onde saiu o dinheiro para tão portentoso convescote? Quem bancou as despesas de toda esta gente? 

O que tramou-se neste XIX Encontro do FSP foi tão inofensivo e leve quanto uma pisada de um elefante sobre uma taça de cristal da Boêmia. Muito há ainda por descobrir pois, como restou provado nos documentos publicados, o essencial está reservado para a cúpula. À peãozada, à militância miúda, resta obedecer fielmente; e a nós, seguir investigando e denunciando sem descanso.

E para aqueles que continuam nos acusando de “teóricos da conspiração”, ouçam nas palavras do próprio Lula aquilo que há décadas Olavo de Carvalho, esta escriba, Heitor De Paola e alguns “paranóicos” vimos denunciando. Ouvindo agora da boca do próprio Lula, pergunto: quem mentiu durante 23 anos? Quem era o "picareta"? Fiquem com Deus e até a próxima!


  


Nota: Esse artigo foi escrito ontem para publicação no “Mídia Sem Máscara” e no “Papeis Avulsos”, mas acabei de saber de uma notícia que não poderia deixar de denunciar. Ontem, os terroristas das FARC assassinaram o irmão de Alicia Restrepo, uma amiga guerreira colombiana que quero como uma irmã e que me causou muita dor e tristeza, sobretudo por viver tão longe e não poder oferecer-lhe meu colo nesse momento tão doloroso. Mas também senti raiva e impotência diante desse fato que é corriqueiro na Colômbia, o que prova - para quem ainda tinha dúvidas - que o tal “acordo de paz” que se encena em Havana é uma farsa cruel, desumana e asquerosa, e que conta com o apoio do governo brasileiro e do Foro de São Paulo. A Diego, que não conheci, que o Senhor lhe conceda o repouso no lugar da Luz, e à sua família o consolo e a esperança de que um dia Deus se cansará, e trará a Sua Justiça aos inocentes imolados. 

Traduções e comentários: G. Salgueiro