Nós já vimos esse filme. Uma vez, duas, mil vezes... Mesmo assim, o gosto amargo da derrota que não devia surpreender a ninguém, está grudado no céu da boca. Sem estrelas. Numa noite escura e tenebrosa que insiste em permanecer. É mais uma crônica de uma morte anunciada tantas e tantas vezes. Porém, desta vez há desdobramentos graves e talvez irreversíveis para o continente.
Amanhã (08.10) começam em Oslo as “negociações” entre o governo Santos e os terroristas das FARC. Essa data, em que toda a comunalha celebra a morte do assassino Guevara, não foi escolhida por acaso. Na Colômbia os parlamentares, que agora estão criando até leis para garantir todos os direitos e a total impunidade aos crimes de lesa-humanidade das FARC, resolveram decretar o 8 de Outubro o “dia do guerrilheiro”. Em homenagem a quem? Tirofijo? Mono Jojoy? Alfonso Cano ou Guevara mesmo?.
O presidente Uribe havia anunciado que incluir a Venezuela como mediador desse processo era dar oxigênio e protagonismo a Chávez na reta final de sua campanha. Isso era evidente para quem conhece os métodos e as práticas dos comunistas desde sempre. Além disso, no encerramento do último Encontro do Foro de São Paulo (FSP) Chávez anunciou, muito seguro, que “ia tomar [o governo] por nocaute”. Em outras oportunidades e discursos, e nesse mesmo do FSP, ele anunciou que sua vitória seria de 10 milhões de votos. Ao ser anunciada sua vitória, quando o escrutínio já estava com 90% das urnas apuradas, ele estava com mais 8 milhões de votos. Coincidência? Leiam as edições anteriores a essa eleição que tudo já havia sido dito.
Após o anúncio do CNE os candidatos fizeram seus discursos. Capriles não hesitou em acatar os resultados, elogiou a lisura do processo eleitoral, disse que “não houve derrota” e aceitou pacificamente o que a olhos vistos foi uma fraude monumental. Lembrei de outro candidato que concorreu às eleições presidenciais, também jovem, também fraudado e que do mesmo modo baixou a cabeça e se rendeu: Manuel Rosales que, como prêmio, foi perseguido por Chávez a ponto de ter de fugir do país e exilar-se no Peru. Não trago esse cálice amargo. Sobretudo porque recebi de um amigo a verdadeira apuração, estado a estado, e que mostra o esperado e as pesquisas mais sérias apontavam. Leiam no final.
Há algum tempo eu vinha mostrando o andar da carruagem e o tamanho do rombo que essas eleições deixariam nas esperanças dos venezuelanos que “ainda” se iludem, acreditando que comunistas jogam o jogo legítimo da democracia. E eis aí a vitória das FARC, do Foro de São Paulo, da ditadura cubana - que garantiu por mais algum tempo o sustento dos irmãos Castro -, e de todos os governos comunistas da região. Em seu discurso da vitória Chávez afirmou: “Que o candidato da direita tenha aceitado nosso triunfo é um grande passo para a construção da pátria bolivariana”. O mesmo ele disse a Rosales...
Embora eu tenha sempre afirmado que não admirava Capriles, por ele haver desprezado e tratado grosseiramente o presidente Uribe quando quis apoiá-lo, e por declarar que Lula era “seu modelo”, eu apostava minhas fichas como uma primeira opção para tirar Chávez do poder. Não posso esconder minha decepção. Não por Capriles mas porque Chávez vai permanecer. E vai apertar os torniquetes com os presos políticos. Pensei em meu amigo Alejandro Peña Esclusa, na juíza Maria Lourdes Afiune, dos delegados Vivas, Forero e Simonovis e tantos outros cujos nomes não recordo agora. E na imprensa, e nas empresas, nas propriedades privadas obscenamente expropriadas, nas centenas de vítimas do incêndio da petroleira, dos assassinados pelo regime, na miséria, na falta de comida, liberdade e segurança. Não resisti e chorei...
E porque me sinto de luto fechado esta edição não tem cor, nem fotos, nem vídeos. Só a tarja preta. E minha tristeza pelos venezuelanos que apostaram tudo em nome de sua liberdade e que foi surrupiada descaradamente, conforme os dados que seguem abaixo. Que fique registrado. Fiquem com Deus até a próxima!
AMAZONAS
CHAVEZ: 42%
CAPRILES: 39%
N/S.N/C 19%
ANZOATEGUI
CHAVEZ: 28%
CAPRILES: 59%
N/S.N/C 12%
APURE
CHAVEZ: 44%
CAPRILES: 43%
N/S.N/C 13%
BARINAS
CHAVEZ: 44%
CAPRILES: 45%
N/S.N/C 11%
BOLIVAR
CHAVEZ: 41%
CAPRILES: 45%
N/S.N/C 14%
CARABOBO
CHAVEZ: 24%
CAPRILES: 63%
N/S.N/C 13%
COJEDES
CHAVEZ: 45%
CAPRILES: 41%
N/S.N/C 14%
DELTA AMACURO
CHAVEZ: 42%
CAPRILES: 37%
N/S.N/C 21%
FALCON
CHAVEZ: 34%
CAPRILES: 55%
N/S.N/C 11%
GUARICO
CHAVEZ: 37%
CAPRILES: 41%
N/S.N/C 22%
LARA
CHAVEZ: 33%
CAPRILES: 54%
N/S.N/C 13%
LIBERTADOR-CARACAS
CHAVEZ: 38%
CAPRILES: 50%
N/S.N/C 12%
MERIDA
CHAVEZ: 34%
CAPRILES: 53%
N/S.N/C 14%
MIRANDA
CHAVEZ: 23%
CAPRILES: 66%
N/S.N/C 11%
MONAGAS
CHAVEZ: 36%
CAPRILES: 49%
N/S.N/C 15%
NUEVA ESPARTA
CHAVEZ: 33%
CAPRILES: 54%
N/S.N/C 13%
PORTUGUESA
CHAVEZ: 38%
CAPRILES: 57%
N/S.N/C 15%
SUCRE
CHAVEZ: 31%
CAPRILES: 44%
N/S.N/C 15%
TACHIRA
CHAVEZ: 28%
CAPRILES: 59%
N/S.N/C 13%
TRUJILLO
CHAVEZ: 31%
CAPRILES: 44%
N/S.N/C 16%
VARGAS
CHAVEZ: 37%
CAPRILES: 41%
N/S.N/C 12%
YARACUY
CHAVEZ: 27%
CAPRILES: 55%
N/S.N/C 18%
ZULIA
CHAVEZ: 25%
CAPRILES: 62%
N/S.N/C 13%
EN EL EXTERIOR
CHAVEZ: 14%
CAPRILES: 79%
N/S.N/C 7%
TOTAL GENERAL VENEZUELA
CHAVEZ: 31%
CAPRILES: 56%
Comentários e traduções: G. Salgueiro