sexta-feira, 20 de abril de 2012

Revelações do juiz Eladio Aponte Aponte


Há dois dias eu recebi um documento importantíssimo vindo da Venezuela mas, por problemas pessoais, não pude divulgar logo, porém faço-o agora, não apenas informando mas analisando os fatos. Tratava-se das explosivas declarações do ex-magistrado do Tribunal Superior de Justiça Eladio Aponte Aponte, que durante anos apoiou o ditadura de Chávez, segundo ele, porque “acreditava na revolução, era fiel à revolução”.


E como sempre ocorre em regimes ditatoriais comunistas, tão logo o indivíduo perde a serventia é descartado, como um bagaço de laranja, como um entulho imprestável. E é nessas circunstâncias que essas criaturas, de verdugos, passam a vítimas e se dão conta da brutal realidade. A história está repleta desses fatos, fartamente documentados na extinta União Soviética, em Cuba, nos países do Leste Europeu e também no Brasil. Chegou a vez da Venezuela, não que esses casos sejam novos mas porque começam a ser revelados.


O ex-magistrado Aponte Aponte serviu com uma fidelidade canina a Chávez, prestando-se a ser um destacado agente de influência com poder de decisão, considerando seu cargo naquela Alta Corte de justiça. No vídeo que segue abaixo, ele revela haver recebido ordens diretas de Chávez para acatar testemunhos e testemunhas falsas de modo a condenar pessoas inocentes e deixá-las apodrecendo na prisão com longas e infames condenações que ele sabia serem falsas. Eram julgamentos políticos, ele confirma. Dentre suas vítimas estão a juíza María Lourdes Afiuni, os delegados Simonovis e Forero, e muito provavelmente teve seu dedo na prisão de Alejandro Peña Esclusa que está cumprindo uma absurda e ilegal prisão domiciliar, cujo julgamento sequer aconteceu.
No passado 20 de março ele foi destituído de suas funções acusado de ter vínculos com o narco-terrorista Walid Makled, de quem falei numa entrevista e neste artigo escrito há um ano. Ameaçado de morte por militares, cartéis de droga e funcionários do governo, Aponte Aponte fugiu do país e diz ter sido “apunhalado pelas costas” por antigos companheiros que antes lhe telefonavam e com quem compartilhava trabalho e vida social. Fora da Venezuela ele revela, além das sentenças forjadas por ordens do próprio Chávez, o envolvimento de militares de altas patentes com o narcotráfico das FARC, cuja droga muitas vezes foi guardada dentro dos quartéis. Dentre os citados como partícipes desta patifaria estão o general Raúl Baduel (que foi a primeira vítima descartada por Chávez), o ministro da Defesa Henry Rangel Silva e o general Clíver Alcalá, que é o atual comandante da Quarta Divisão Blindada do Exército. O general Hugo Carvajal, entretanto, é poupado, embora saibamos que é um dos que constam dos correios eletrônicos de Raúl Reyes e que não pode pisar em solo norte-americano.
No vídeo ele não nega suas relações com Makled, mas alega que são conterrâneos e que todas as pessoas na cidade de Valencia o respeitavam como um empresário bem sucedido e generoso, mas que não sabia, até sua prisão, que ele era um dos maiores narco-traficantes procurado pela Interpol. Assume toda a culpa pelas sentenças forjadas e diz que fugiu da Venezuela porque “não existem garantias de segurança ou juízo justo”, confirma que na Venezuela há presos políticos e teme pela sua vida e de seus familiares. O DEA já está de posse da gravação dessa entrevista, muito bem feita pela jornalista Verioska Velasco, durante 41 minutos e creio que Aponte Aponte vai querer usar suas denúncias em favor da delação premiada.
Essas declarações absolutamente escandalosas causaram muitas especulações na Colômbia - onde eu me incluo -, uma vez que assim que Santos assumiu a presidência, uma de suas primeiras ações foi devolver Makled à Venezuela e não aos Estados Unidos como deveria ser, pois foi o DEA que o localizou e informou às autoridades colombianas. Na ocasião me perguntei “o quê” havia se passado para Santos tomar essa atitude e agora parece que os cabos soltos começam a se atar. 
Esse juiz sabe de muita coisa que pode comprometer muitos governos - inclusive ele confirma que Wilson Antonini, hoje preso nos Estados Unidos, levou uma maleta repleta de dólares para a eleição da presidente Cristina Kirchner -, e Makled é uma das peças-chave da engrenagem: ele comercializava a coca com as FARC e as armazenava nos quartéis venezuelanos. As denúncias feitas por Uribe ao fim de seu mandato à OEA se confirmam, mais uma vez, com as declarações deste ex-militar e ex-juiz do TSJ, peça fundamental do regime de Chávez para executar a perseguição política, usando os tribunais como tribunal revolucionário onde a sentença está pronta antes mesmo de se ouvirem as testemunhas. 
E esse fato remete-nos aos tribunais de toda a América do Sul, dentre os quais os casos mais aberrantes encontram-se atualmente na Colômbia, onde a perseguição aos militares obedece exatamente a isto que revela o magistrado Aponte Aponte. Os casos mais patentes, dos generais Arias Cabrales e Uscátegui, e do coronel Plazas, além dos quase 5.000 militares presos sob acusações absolutamente falsas e kafkianas, deixam-nos com um sentimento de que nas Cortes colombianas reinam impunes dezenas de Apontes Apontes a serviço do narco-terrorismo comunista, cujo único objetivo é destruir a democracia, rasgar a Constituição e instalar uma ditadura comunista sob as ordens dos assassinos Castro, chefes de Chávez, das FARC e de todos que odeiam a liberdade e o respeito aos direitos mais elementares do ser humano.
Como a dicção do juiz Aponte Aponte é muito ruim, quem quiser ler as denúncias que ele faz clique aqui e leia a entrevista na íntegra em espanhol. E como este senhor está nos Estados Unidos e protegido pelo DEA, espero, muito sinceramente, que ele conte tudo o que sabe com riqueza de detalhes para que as patifarias que vêm sendo cometidas no nosso continente, por governantes e justiça, sejam postas à execração pública e que os verdadeiros culpados ocupem o lugar de suas vítimas: as penitenciárias. Ainda há muito cabo solto mas aos verdade vai aparecendo. E que o presidente Santos ponha suas barbas de molho porque quando o seu “mais novo melhor amigo” não vir nele mais serventia alguma, seu destino será como o de Aponte Aponte. Fiquem com Deus e até a próxima.




 Comentários: G. Salgueiro