Escrevo desde Bogotá, onde devo ficar até amanhã, para relatar alguns fatos absolutamente invisíveis à mídia brasileira. A Colômbia que encontrei hoje, um ano depois de ter visitado o país pela primeira vez, é absolutamente o contrário daquilo que vi e senti ano passado. Como acompanho diariamente o desenrolar dos acontecimentos neste belo e querido país, cujo terrorismo nos ronda e afronta diretamente através das alianças FARC-PCC-CV com a total omissão e conivência do Estado brasileiro, estava ciente de que o novo governo aos poucos vai deixando claro que não tem, nem muito menos quer ter qualquer semelhança ao anterior, do presidente Álvaro Uribe. Entretanto, conhecer o que se passa em letras é uma coisa; ao vivo, vendo as pessoas cara-a-cara é outra, bem diferente.
Ontem tive a grata satisfação de conhecer pessoalmente (e passar boa parte do dia) o corajoso e combativo jornalista Ricardo Puentes Melo, mais um querido amigo colombiano, e a emoção de conhecer que o herói do Exército colombiano, hoje preso na Escola de Infantaria, Coronel Luis Alfonso Plazas Vega, que aguarda o julgamento em segunda instância do tenebroso caso em que foi condenado a 30 trinta anos de cárcere por salvar o Palácio da Justiça e mais de 260 pessoas do ataque terrorista cometido pelo bando “M-19”, poderá em breve ser libertado, conforme nos contou Ricardo.
E é sobre estes dois amigos queridos que esta edição de hoje vai tratar, embora para os brasileiros esses fatos não façam sentido porque, como me dizem freqüentemente, “isso é problema deles”. O texto que segue abaixo é a tradução da última edição do artigo que Ricardo Puentes escreveu sobre a “testemunha-estrela” do caso do Coronel Plazas. Ele é um pouco longo, mas absolutamente indispensável para que se conheça como opera a Justiça colombiana, totalmente dominada por “ex” terroristas, e que nos remete ao nosso STF. Como já deve ser claro para quem estuda e tem olhos para ver, o gramscismo está alcançando mais um de seus estágios de dominação - e talvez o último -, considerando que a cultura, as universidades e escolas, a mídia, os parlamentos, a igreja e a forma de se alcançar o poder por meios democráticos através do voto, já estão completamente dominados. Cabe agora aos tribunais superiores dar o golpe mortal, transformando os magistrados e suas cortes em “tribunais revolucionários”. Ricardo Puentes está sendo ameaçado, ele e sua família, por vir denunciando todos estes crimes encobertos que canalhamente montaram contra o Coronel Plazas.
E para concluir esta edição, informo que brevemente a Livraria Resistência Cultural estará disponibilizando a venda das obras do Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido, de quem sou amiga pessoal e tradutora no Brasil, além do último livro do Coronel Luis Alfonso Plazas Vega, “Desaparecidos: el negocio del dolor” e o de sua esposa, Thania Vega, intitulado “¡Qué injusticia!”. E no final desta edição, a entrevista que Ricardo Puentes ofereceu há poucas horas a Fernando Londoño, em seu programa “La Hora de la Verdad”. Espero que meditem seriamente a respeito porque não tenho dúvida de que podemos dizer: este é o Brasil de amanhã. Desfrutem. Fiquem com Deus e até a volta!
Comentários e tradução: G. Salgueiro
“O Ministério Público vai me assassinar se eu falar”, diz a testemunha-estrela contra Plazas Vega
Olavo, eu e Ricardo Puentes Melo, em Bogotá |
Ricardo Puentes Melo
Sim. Apareceu o cabo Edgar Villamizar Espinel e, antes de falar conosco, assegurou com a resignação de quem conhece como atua a máfia: “Uma vez que eu fale, o Ministério Público Geral da Nação vai me assassinar...”. Dissemos com todos os tons e cores: aqui há uma mão negra, um Cartel da Toga que está montando processos contra os militares, prevaricando e delinqüindo, valendo-se de umas instituições sagradas às quais estes infames estão maculando.
Periodismo Sin Fronteras encontrou o cabo Edgar Villamizar Espinel, a única testemunha que restou ao Ministério Público (Fiscalía) depois que os outros foram desvirtuados e ficasse demonstrado que seus testemunhos eram comprovadamente falsos. Para refrescar a memória de nossos leitores, o testemunho com o qual se condenou o coronel Plazas Vega pelo resto da vida, é uma declaração escrita em quatro páginas, sem data, sem carimbo do Ministério Público, com um estilo que evidencia sua feitura por parte de um advogado, e não de uma testemunha que se apresenta para depor voluntariamente.
Nesta “declaração”, uma pessoa que diz se chamar Edgar Villarreal, cabo do Exército e ex-funcionário do CTI do Ministério Público, narra fatos inverossímeis. Diz este “Villarreal” em seu testemunho, que ele se encontrava em Granada, Meta, no momento da sangrenta tomada do Palácio da Justiça (planejada, dentre outros, por Gustavo Petro, hoje candidato à Prefeitura de Bogotá). “Villarreal” conta também, que de imediato o puseram em um helicóptero - que na época não existia no país - junto com outros militares, e os trouxeram a Bogotá em uma viagem de velocidades fantásticas. Diz também que chegou ao Palácio da Justiça, combateu, escutou pessoalmente Plazas Vega ordenar a “pendurar esses fdp” (referindo-se aos “desaparecidos”) enquanto comia empanadas em uma loja de departamentos próxima ao Palácio da Justiça, e que depois foi dormir enquanto Plazas e o resto dos militares continuavam em combate com a narco-guerrilha do M-19 (ver o fabuloso relato em: http://www.periodismosinfronteras.com/el-testigo-estrella-contra-plazas-vega-un-chiste.html).
Embora o depoimento não tenha o carimbo do Ministério Público, e tenha sido tomado pelas costas da defesa do Coronel Plazas Vega, lá a rubricaram a Promotora Ángela María Buitrago Ruiz, o Agente Especial do Ministério Público, Henry Bustos Alba, o investigador Efrén González, o Promotor Auxiliar José Darío Cedial Serrano, Pablo E. Vásquez H., investigador e, certamente, a testemunha-estrela: Edgar Villarreal. Todos prevaricadores.
As surpresas começam a aparecer aqui. Este Edgar Villarreal assina com o número de cédula de identidade 13.452.278, de Cúcuta, e narra os fatos mencionados, acrescentando que ouviu os gritos desesperados dos “desaparecidos” do Palácio enquanto estavam sendo torturados por Plazas Vega e outros militares. Ocorre que esse número de identidade não corresponde a nenhum Edgar Villarreal, senão a Edgar Villamizar Espinel.
Ao investigar, achou-se que efetivamente um Edgar Villamizar Espinel esteve em Granada e que certos dados de seu depoimento, como trajetória e amigos mencionados, se encaixam com os dados de Edgar Villamizar Espinel.
Ao se perguntar à Promotora Buitrago e à juíza por esta abominação, elas disseram que havia sido um pequeno erro de transcrição, mas que a testemunha efetivamente se chamava Edgar Villamizar Espinel, e não “Edgar Villarreal” como aparecia “erroneamente” no depoimento. Então, a Promotora anexou a “correção” ao processo e incluiu o currículo do cabo Edgar Villamizar Espinel. Depois, disse que o cabo Villamizar negava-se a assistir às múltiplas citações feitas pelo Ministério Público, acrescentando temor por sua vida. E assunto resolvido. Ou, ao menos, elas acreditam nisso.
Descobrimos que a assinatura de quem rubricava como “Edgar Villarreal” não tinha os rasgos grafológicos de Edgar Villamizar Espinel. Assim, nos demos ao trabalho de procurá-lo. Com as hipóteses de que, ou bem Villamizar Espinel era um malandro renomado que havia recebido dinheiro em troca de oferecer seus dados e oferecer a alguém seu número de identidade para que assinasse por ele, ou bem tinha um pecado escondido pelo qual estava sendo extorquido para que não se apresentasse a depor, começamos a procura.
De fato, descobrimos que antes de 1991 aparecia no Ministério Público seu nome com seu número de identidade com um dado: “Suspeito de homicídio”. Presumindo sua periculosidade, porém desejosos de conhecer a verdade, o encontramos em um lugar recôndito da Colômbia aonde chegamos, não sem certa dificuldade.
Edgar Villamizar Espinel. Usado falsamente pelo Ministério Público Geral da Nação para condenar Plazas Vega, e os generais Arias Cabrales e Ramírez Créditos da foto: "Periodismo Sin Fronteras" |
Certamente Edgar Villamizar Espinel me recebeu com certa prevenção, em grande parte devido ao escrito satírico que eu havia publicado sobre seu testemunho. E aqui se começou a conhecer a verdade. Na entrevista que ele concedeu a Periodismo Sin Fronteras, com a condição de que não seria publicada até que ele estivesse a salvo e sua família protegida, nos contou o seguinte:
1. Ele, Edgar Villamizar Espinel, jamais esteve nos fatos do Palácio da Justiça nos dias da tomada por parte da guerrilha do M-19, isto é, em 6 e 7 de novembro de 1985.
2. Jamais em sua vida ele viu pessoalmente o Coronel Plazas e, portanto, é falso que tenha estado com ele e tenha ouvido ele mandar pendurar ninguém.
3. Jamais esteve na Escola de Cavalaria dando essa declaração que a Promotora Ángela María Buitrago, Henry Bustos Alba, Efrén González, Pablo E. Vásquez H. e José Darío Cediel Serrano assinaram, acreditando como verdadeira. Edgar Villamamizar não fez essa declaração com a qual condenaram o Coronel Plazas: “Essa não é minha assinatura, nem o que se diz lá é meu depoimento... Eu jamais declarei essas coisas ante nenhuma entidade”, esclareceu-nos.
4. O Ministério Público Geral da Nação jamais o intimou a depor. É falso, diz Villamizar, que lhe tenham expedido notas de intimação, ou que ele tenha telefonado para dizer que não compareceria para depor por medo. Villamizar nos assegurou que nunca foi intimado a depor e desafia a quem quer que seja para que veja as intimações e lhe comprovem se ele as assinou como recebidas.
5. Muitos dos dados de sua vida que aparecem no depoimento já citado, são falsos. Por exemplo, nem ele nasceu em Cúcuta nem é graduado em Biologia.
6. O Ministério Público Geral da Nação o contatou sim, porém para tratar de obrigá-lo a assinar esse depoimento falso como se fosse seu. Ao que ele negou-se com firmeza.
Perguntei por que razão ele não havia se apresentado para esclarecer esses assuntos e ele me olhou como se não pudesse acreditar em minha ingenuidade. “Eu trabalhei com a CTI do Ministério Público, senhor jornalista... Sei do que são capazes... Vi muitas coisas ali. Com esta declaração que estou lhe dando, estou pondo minha cabeça a prêmio. Minha sentença de morte é certa. O Ministério Público vai me assassinar e muito seguramente fará o mesmo com meu filho e meu neto...”.
Perguntei-lhe pelo assunto de sua ficha como “suspeito de homicídio” por volta de 1991 e seu argumento foi contundente: “Depois dessa data eu entrei para o Ministério Público. Como pode ser possível que tendo uma ficha como esta me tenham aceitado? Como é possível que meu currículo lá esteja cheio de méritos?”. Indubitavelmente, uma boa resposta.
Minha percepção pessoal é que o Ministério Público Geral da Nação se aproveitou deste homem que, apesar de ser expert em temas como defesa pessoal e segurança, é incauto para outras coisas. Certamente, devem ter tratado de subornar Villamizar e, como se deram conta de que o caminho não era por aí, o ameaçaram, a ele e a seu filho.
Edgar Villamizar ama ardorosamente seu filho e os do Ministério Público devem ter descoberto essa “debilidade”. A prova da boa-fé de Edgar Villamizar é que quando lhe propus que fosse ter com um homem que demonstrou a toda prova ser dos poucos honestos e íntegros desse país, nem sequer duvidou.
Edgar Villamizar pediu uma audiência com o Dr. Alejandro Ordóñez, Procurador Geral da Nação, e lá foi contar suas penúrias. O que significa tudo isto que nos narrou o cabo Edgar Villamizar Espinel? Que temos um Ministério Público corrupto até os ossos. Que temos uma justiça infame e criminosa. Que quem está governando aqui é o Cartel da Toga, montando processos, comprando testemunhas, ameaçando, extorquindo e assassinando.
O que nos conta o cabo Villamizar Espinel nos deixa com os cabelos em pé, ao pensar em que espécie de mãos está o país. Enquanto a Corte Suprema de Justiça presta homenagens a juízes relacionados com a máfia; enquanto os mesmos magistrados da Corte vão a passeios com mafiosos e vagabundos; enquanto o Ministério Público é usado como uma empresa criminosa para benefício da marginalidade, enviando ao cárcere militares honestos como o Coronel Plazas Vega e os generais Arias Cabrales e Iván Ramírez, ninguém pode dar credibilidade às sentenças destes sem-vergonhas. O país está de joelhos ante este conchavo mafioso de juízes, promotores, narcotraficantes e guerrilheiros.
Plazas Vega deve ser posto em liberdade de imediato! Os generais Arias Cabrales e Iván Ramírez devem ficar livres já!
Se existe algo de justiça neste país, os juízes e promotores honestos (poucos, mas claro que existem) devem abandonar o medo e iniciar a investigação contra a juíza María Estella Jara e a promotora Angela María Buitrago, por violação ao devido processo, por prevaricato. Do mesmo modo com os outros assinantes dessa falsa declaração: Henry Bustos Alba, Efrén González, Pablo E. Vásquez e José Darío Cediel Serrano. Deve-se investigar a relação exata que têm a juíza e a promotora com o guerrilheiro René Guarín Cortés. E deve-se esquadrinhar o papel do Coletivo de Advogados Alvear Restrepo nesta montagem criminosa. E que se investigue quem assinou como se fosse Edgar Villamizar Espinel. Suspeitamos que foi o delegado da Procuradoria, Henry Bustos Alba.
Que também se esquadrinhe sobre o papel que tiveram aqui os Promotores gerais Alfonso Gómez Méndez e Mario Iguarán. E que se analise o papel da atual Promotora, Viviane Morales, esposa de um terrorista guerrilheiro do M-19 e ficha política do tenebroso Gómez Méndez. Porque aqui fica demonstrado que existe sim um cartel mafioso de juízes, promotores e magistrados.
Também fica claro que todo este aberrante processo do Palácio da Justiça, contra militares íntegros, verdadeiros heróis que defenderam a pátria contra os desejos de Petro, Otty Patiño, Ever Bustamente, Antonio Navarro, Vera Grabe e seus demais sequazes de converter isto em uma ditadura narco-comunista, deve nos servir de alarme despertador para os outros casos infames que o Ministério Público montou contra o nosso Exército. Sem ir mais longe, contra o general Rito Alejo del Río, contra o coronel Mejía Gutiérrez, contra o general Uscátegui e vários outros mais.
Que se declare nulo o processo do Palácio da Justiça. Que se faça um grande julgamento aberto ao público para que nos contem todas as velhacarias criminosas do Cartel da Toga. Que se reabra um processo limpo sobre o que aconteceu no Palácio da Justiça e que se chamem para depor os criminosos, dentre eles o atual candidato à Prefeitura de Bogotá, Gustavo Petro Urrego. Também Vera Grabe, Otty Patiño, Ever Bustamente, Navarro Wolf... Todos eles. Que se lhes revogue o indulto concedido por seu mentor, César Gaviria Trujillo.
Por que publicamos este relato somente depois de mais de 20 dias que Edgar Villamizar nos concedeu a entrevista? Por outro evento grave que tememos. Edgar Villamizar, seu filho e eu, combinamos nesta sexta-feira 10 de junho de 2011 a acompanhá-lo ante o Ministério do Interior com o objetivo de providenciar-lhes um esquema de segurança que garantisse suas vidas.
Edgar Villamizar não se apresentou. Na noite anterior, quer dizer, na quinta-feira, o Sr. Villamizar me fez uma chamada telefônica. Notei que ele estava extremamente nervoso. Disse-me que não podia falar nesse momento, que coisas novas haviam acontecido com ele e que me chamaria de manhã cedo de uma cabine telefônica quando chegasse a Bogotá. Porém, nunca chamou. Oxalá as forças obscuras que manejam este país não o tenham desaparecido. Perderiam seu tempo porque ele já contou sua história na Procuradoria Geral da Nação.
Assim pois, queridos leitores, a alegria enorme que sinto pela liberdade obrigatória do Coronel Plazas Vega e dos Generais Arias Cabrales e Iván Ramírez não está completa. E não está porque, além disso, esta conquista deixa a descoberto uma mar de podridão nas instituições que, precisamente, foram criadas para nos proteger dos delinqüentes. A alegria não é completa porque o avanço criminoso e sanguinário das guerrilhas comunistas e seus irmãos siameses - os partidos de esquerda - se apoderaram da Colômbia com o empenho de colocar atrás das grades nossos militares honestos - que são os únicos que podem frear seu avanço -, contando com a participação ativa deste governo que impudicamente deu as costas aos que o elegemos acreditando em suas promessas vazias de derrotar as guerrilhas, quando o que na realidade sempre procurou foi co-governar com elas.
E a grande imprensa deste país? Nada! São cúmplices desta infâmia. Mas isto será outro tema. Entretanto, devemos ir pensando em que este país fica com a gratidão eterna ao Coronel Alfonso Plazas Vega, maculado, humilhado, criticado, difamado pela imprensa, por políticos, juízes, promotores, magistrados... Plazas Vega, que nos salvou da ameaça narco-comunista; que foi objeto do falso testemunho de Gustavo Petro, que jurou ante a lei ter sido torturado pelo coronel, com tão má sorte que ignorava que nas fichas citadas por este delinqüente, o coronel encontrava-se fora do país, assim que teve de se retratar.
Coronel Plazas Vega: Ao senhor devemos uma homenagem de desagravo.
Plazas Vega, que sofreu o cárcere - ainda sofre - em pagamento a seus serviços limpos prestados à Colômbia enquanto os criminosos legislam desde o Congresso, dirigem organizações de Direitos Humanos, ocupam cargos públicos, governos estaduais e desempenham o papel de juízes, promotores, investigadores e carcereiros... Ou são candidatos presidenciais, congressistas e candidatos às prefeituras.