O Notalatina está sem atualização há algum tempo em decorrência de alguns problemas pessoais mas, mesmo considerando o adiantado da hora, não posso me calar diante de mais um abominável crime da ditadura chavista. Além de ter em cativeiro mais de 40 presos políticos inocentes, dentre eles meu amigo e companheiro Alejandro Peña Esclusa, agora o maligno psicopata Chávez terá de arcar em sua extensa folha-corrida com um crime de morte, uma morte anunciada.
Morreu na tarde desta segunda-feira o pecuarista venezuelano Franklin Brito, em decorrência de uma greve de fome que já durava nove meses.
Para quem não conhece a história, Franklin possuía uma fazenda produtiva de gado, até que Chávez resolveu “expropriá-la”, quer dizer roubá-la de seu legítimo proprietário, alegando que ninguém pode ser proprietário de terra porque “todas as terras da Venezuela pertencem ao povo”.
Franklin tentou reaver sua propriedade pelas vias legais mas, como todos os poderes na Venezuela estão seqüestrados pelo ditador, ninguém lhe deu ouvidos nem razão. Então, num gesto desesperado, Franklin apelou para a greve de fome. Isto, entretanto, não sensibiliza esses criminosos comunistas que, diga-se de passagem, já assassinaram por prazer milhares de seres humanos pela fome, como na Ucrânia no “Holodomor”, como não sensibilizou os Castro, nem tampouco Lula, no caso de Orlando Zapata Tamayo.
Não posso dizer que esta morte vai pesar na consciência de Chávez porque ele não a tem. Entretanto, pesará, sim, perante a Justiça Divina que para nós pode parecer que tarda mas é infalível.
A este novo mártir do castro-comunismo chavista, rogo a Deus que o acolha em Seu Reino e console sua família. Àqueles que insistem em chamar Chávez de “bufão”, mostro com provas que ele é um reles criminoso cheio de ódio e inveja, e que um dia – com a graça de Deus! – terá de pagar até o último cêntimo por todos os males que tem causado à Venezuela e a todos os venezuelanos que se opõem ao comunismo. Aos governantes que continuam se iludindo com as falsas promessas deste ser abjeto, mais uma prova de sua insensibilidade e de seus incontáveis crimes de morte contra seus próprios concidadãos. Às instâncias internacionais, não fechem os olhos para a desgraça que se abateu sobre a Venezuela e apressem o julgamento a este monstro desalmado!
Seguem abaixo um comunicado da família de Franklin Brito e uma nota da jornalista Angélica Mora. Fiquem com Deus e até a próxima!
*****
COMUNICADO DA FAMÍLIA DE FRANKLIN BRITO
Com imensa dor, informamos ao povo venezuelano e ao mundo o seguinte:
Hoje, 30 de agosto de 2010, o esgotado corpo de nosso esposo e pai, Franklin Brito, deixou de respirar. Após uma luta de mais de seis anos, mais de oito greves de fome, a mutilação de um dedo e de ter sido vítima de uma irregular privação de liberdade, o corpo de Franklin Brito deixou hoje de realizar suas funções vitais.
Tudo isto não significa, entretanto, que Franklin Brito morreu. Franklin vive na luta do povo venezuelano pelo direito à propriedade, o acesso à justiça, pela vida em liberdade e o respeito dos governos aos direitos humanos coletivos e individuais. Franklin Brito deixa de ser carne para se converter em símbolo e bandeira para todos os atropelados pela soberba do poder, para os ofendidos pela prepotência dos governantes, para os que crêem que a verdade e a justiça estão sempre acima de circunstâncias e conveniências.
O corpo de Franklin Brito morre na instituição militar onde o mantinham retido contra sua vontade. O governo do presidente Hugo Chávez ignorou a petição de Franklin, o clamor de sua família e os chamados dos organismos internacionais para permitir que tivesse acesso à assistência médica eleita por ele mesmo e, portanto, merecedora de sua confiança. Por isso, a família Brito no momento se abstém de emitir opiniões sobre as causas diretas do falecimento, em virtude das insólitas e inumanas circunstâncias que o rodearam.
Porém, o que certamente podemos dizer desde já é que a luta de Franklin Brito continua. Nós, sua família, seguiremos lutando pelo patrimônio de seus filhos. E seu consciente sacrifício não será em vão, enquanto os filhos da Venezuela estejam também dispostos a defender o patrimônio físico e moral da Nação.
Em momento posterior, quando a dor nos permitir, emitiremos um novo comunicado. Por agora, saiba a Venezuela que a Franklin Brito a agressão não pôde vencê-lo, não pôde atemorizá-lo a ameaça, nem pôde dobrá-lo a oferta corrupta. Por isso e por muito mais, nestes tempos de morte e dor Franklin Brito é um símbolo de decência e de vida.
Estamos certos de que a alma de Franklin, desde o reino de Nosso Senhor Jesus Cristo, nos seguirá iluminando. Porque sua luta, que deve ser a luta de todos, CONTINUA!
Elena Rodríguez de Brito
Ángela Brito Rodríguez
Francia Brito Rodríguez
Franklin José Brito Rodríguez
José Franklin Brito Rodríguez
Caracas, Hospital Militar
Segunda-feira, 30 de agosto de 2010. 10:20 PM
*****
Apontamentos de uma Jornalista
Angélica Mora, de Nova York
Morreu Franklin Brito, depois de uma greve de fome de mais de 9 meses. O produtor agropecuário venezuelano só pedia que se reconhecesse seus direitos. Brito faleceu de uma parada cardíaca, e sua esposa Elena denuncia que até o momento não lhe deixaram ver o cadáver.
A luta contra a injustiça deste grevista venezuelano o coloca no pedestal dos que falecem sem temer a morte, como o mártir cubano Orlando Zapata Tamayo.
Brito enfrentou, mediante uma dramática greve de fome de mais de 9 meses, o governo de Hugo Chávez, porém seu coração não pôde suportar o rigor do jejum e deixou de bater na tarde desta segunda-feira. Tinha 49 anos.
O produtor agropecuário havia radicalizado seu protesto na espera de que Chávez se pronunciasse sobre seu caso. Ninguém o escutou e o presidente do Instituto Nacional de Terras, Juan Carlos Loyo, que o visitou só uma vez, disse à sua saída do hospital que “o problema pelo qual Brito se mantinha em tal atitude devia-se a um inconveniente que teve com uns vizinhos”.
O último informe e a última conversação que tive no fim de semana com sua filha Ángela, foi que Brito havia suspendido a alimentação por soro e só bebia água. A jovem acusa o Presidente da Venezuela de ser o causador direto da morte de seu pai.
Em diversas ocasiões, Ángela denunciou que Brito estava sendo torturado no Hospital Militar, lugar onde foi internado contra sua vontade, apesar de não haver cometido nenhum delito.
De acordo com seu relato, Brito permanecia recolhido em um cubículo de terapia intensiva no qual as enfermeiras entravam e saíam constantemente, importunando seu descanso. Além disso, o haviam colocado ao lado do banheiro comum e perto do motor do ar condicionado que serve a toda a terapia, pelo que as vibrações não o deixavam dormir. Fizeram tudo isto para torturá-lo, assegura Ángela.
“Quiseram tê-lo ali para isolá-lo e evitar o contato com o mundo exterior, sem visitas e sem fotos”.
Na consciência de Hugo Chávez cairá agora esta nova morte.
Comentários e traduções: G. Salgueiro