Desde o início do mês de novembro a Venezuela tem intensificado suas manifestações contra a nova reforma constitucional imposta pelo ditador Chávez, - com a aprovação total da Assembléia Nacional (AN) após modificar 69 artigos – e, mais uma vez, são os estudantes das universidades os que têm praticamente encabeçado tais movimentos. A primeira marcha opositora ocorreu dia 3 e no dia 4 Chávez fez a dele, como sempre comprada e patética com aquele mar vermelho de gente agressiva e bêbada que o bajula, como ocorre também aqui no Brasil com as claques organizadas pelo governo petista para aplaudir o Sr. da Silva, pois a sociedade já mostrou que ele merece mesmo é ser vaiado.
No dia 7 os estudantes promoveram uma grande e pacífica marcha pelo centro de Caracas dirigindo-se ao TSJ, para entregar um documento onde pediam que o tal referendo, marcado para o dia 2 de dezembro, fosse ao menos prorrogado para o início do próximo ano, alegando que as alterações eram muitas e graves e que a população deveria estudá-la mais a fundo antes de decidir como votar. Como das vezes anteriores houve agressão por parte das turbas chavistas e da própria Guarda Nacional. Eu assisti – ninguém me contou - parte dessa confusão filmada pela Globovision e retransmitida pela CNN em Espanhol.
Na volta às universidades, começou o horror, a guerra. Uma amiga venezuelana residente em Maracaibo me informava de tudo que estava ocorrendo – em tempo real -, notícias que ela ouvia através do rádio e da televisão. Antes de descrever o que se passava naquele dia no interior das Universidade Los Andes em Mérida, Universidade Católica Andrés Bello e Universidade Central de Venezuela (UCV), quero fazer um parênteses para registrar minha perplexidade e vergonha com o comportamento da mídia brasileira que, como já virou rotina, omitiu-se em denunciar fatos de tão absoluta gravidade como os que têm ocorrido na Venezuela nos últimos tempos. Noticia-se sim, com pompa e circunstância, em matérias de capa, quando os dois companheiros do Foro de São Paulo – Lula e Chávez - se encontram para alguma inauguração pífia ou assinatura de convênios que só interessam a eles e seus macabros planos, ou então que aquela coisa grostesca, sem estilo, rude e balofa do Chávez foi eleito o 5º homem “mais sexy” da Venezuela; isto saiu no Globo e no JB, que eu li. Se não foi por bajulação dos que dependem das suas doaçõe$$$, foi cegueira ou votação manipulada.
Para que o leitor possa comprender melhor a gravidade desta situação ressalto que a reforma constitucional pretendida por Chávez, caso seja aprovada no referendo de 2 de dezembro deste ano, pode acabar influindo no nosso país, uma vez que os 69 artigos modificados (observem que eu disse “modificados”, o que significa alterados em seu sentido e conteúdo completamente) transformam a Venezuela legalmamente – e com a aprovação popular – numa ditadura comunista como é Cuba há 48 anos. Aliás, o modelo da nova constituição venezuelana foi copiado da cubana. E o que “nós” temos a ver com isso, poderiam alguns perguntar? Temos que a Venezuela de Chávez está a um passo de ser efetivada como membro definitivo no Mercosul – daí a pressa de Chávez nessa aprovação, pois no estatuto do Mercosul há um artigo dizendo que só podem participar do bloco países cujo regime é a democracia -, ou seja, com direito a voz e voto e isto certamente acabará resultando em medidas conjuntas que prejudiquem nossas liberdades também. Mas, este é um assunto que tratarei num artigo à parte.
Voltando às universidades. Depois de muito tumulto e de finalmente entregar o documento ao TSJ, os estudantes voltaram às suas universidades mas não contavam que os bandos armados chavistas preparavam sua tão característica violência criminal DENTRO dos campus. Na Universidade Andrés Bello bandos armados invadiram o recinto mas, diante da contundente resposta dos universitários fugiram, indo refugiar-se na residência oficial do governador do Estado, próxima dali. Na Universidade Los Andes de Mérida 7 bandos armados, identifcados como pertencentes aos Tupamaros, atentaram contra o movimento estudantil. A respeito deste bando, leiam aqui o que escrevi em 02 de dezembro de 2006, a propósito das eleições presidenciais, quando eles ameaçavam “agir” caso Chávez perdesse. E finalmente, na UCV (também em Mérida), ao finalizar a marcha uns cem (100!) motorizados com pistolas e gás lacrimogêneo entraram na universidade atirando e fazendo arruaça, deixando um saldo de 9 pessoas feridas.
Nestes vídeos, feito por um estudante provavelmente pelo celular, pode-se ver e ouvir os disparos, um estudante caído no chão e depois sendo socorrido e os marginais passando em várias motos, todos com a maldita camisa vermelha que caracteriza todo elemento chavista. As imagens não são muito boas mas isto não invalida o registro. O conjunto é composto de 9 vídeos mas apresento apenas dois deles, por serem os mais importantes: o nº 1 http://www.youtube.com/watch?v=Lx2E2SHOc8w e o nº 4 http://www.youtube.com/watch?v=KQFXOkK_K7w, que mostra o estudante ferido e o desespero dos alunos diante de tanto absurdo.
Segundo informa minha amiga de Maracaibo, o total de feridos chegou a 30 e um estudante ficou definitivamente cego em decorrência do vandalismo impune e comandado desde as mais altas esferas do Governo do ditador Hugo Chávez. Em Mérida a violência foi maiúscula, usando a epressão da minha amiga, e em Maracaibo, segundo informações da “Unión Radio Zulia”, tanques e soldados se deslocaram fechando as saídas da Universidade de Zulia, enquanto estudantes de diversos centros acadêmicos se concentravam na cidade; a Polícia Municipal trancou a passagem para a cidade e os militares fecharam a ponte impedindo a passagem dos estudantes que vinham de outros pontos.
O desespero chavista é visível, pois ele já não encontra tantos apoios como em anos anteriores, daí a necessidade de agir do único modo que sabe: caluniando, agredindo, intimidando com a força bruta das armas. Há uma passagem que seria apenas patética, se não demonstrasse tal desespero. Há poucos dias, numa conversa em um programa da “Unión Radio” entre a deputada oficialista Cilia Flores e Mary Pili, Cilia exigia que se prendessem os membros da resistência (estudantil por supuesto!) porque eles “estão mandando as pessoas armazenarem ‘energizantes e chocolates’! Isto é terrorismo! Terrorismo puro!!!” Pode? Além de loucos e fanáticos, são também muito burros.
O site da minha amiga Martha Colmenares traz uma cobertura excelente a respeito, com fotos e vídeos que podem não só complementar como ampliar as informações desta edição de hoje do Notalatina.
O que estamos assistindo hoje na Venezuela não é algo novo mas o modus operandi deste ditadorzinho criminoso, psicopata frio e perigoso, que sempre agiu assim, desde o massacre de 11 de abril de 2002, quando mandou seu bando armado atirar em manifestantes pacíficos cujas únicas armas era apitos, caçarolas e a bandeira da Venezuela. O que ele fez na Praça Francia de Altamira, em Puente Laguno e no Fuerte Mara, onde 8 soldados foram incendiados com um lança-chamas e dois deles morreram, é o mesmo que ele pretendia em dezembro do ano passado caso Manuel Rosales tivesse resolvido levar sua candidatura a sério e respeitar a vontade popular. Mas Rosales não é guerreiro nem macho suficiente para honrar o voto de confiança que milhares de venezuelanos lhe outorgaram, na esperança de livrar-se desta ditadura que caminha a passos largos de se consolidar. E a prova de que os crimes do 11 A foram planejados e vão se repetir, estão aqui neste excelente vídeo produzido por Fuerza Solidaria do meu amigo Alejandro Peña Esclusa que INSISTO para que vejam.
E para encerrar esta edição de hoje, mais uma grosseria que pôs a nu a falta absoluta de preparo do vulgar ditador Chávez que não sabe sequer se comportar com a compostura que o cargo de presidente de uma grande nação requer, num ambiente de uma cúpula internacional como foi a Cúpula Ibero-Americana ocorrida no Chile. Num bate-boca de beira de cais, bem ao seu nível e gosto, Chávez começou a insultar o ex-presidente José Maria Aznar, enquanto Zapatero – até então seu grande aliado – tentava defendê-lo. O Rei Juan Carlos manda Chávez se calar, num gesto de nítida repugnância a tanta descompostura e falta de respeito. Como se não bastasse, seu amiguinho no Foro de São Paulo e presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, um terrorista do bando sandinista, sai em defesa de Chávez repetindo os insultos a Aznar e o Rei abandona seu lugar em pleno discurso de Ortega.
Estas atitudes vergonhosas, apesar de os bons e decentes venezuelanos não merecerem em absoluto, são muito positivas porque deixam claro o tipo de gente é esta que prega a revolução, que quer perpetuar-se no poder implantando uma ditadura comunista onde só eles têm direitos, inclusive de viver confortavelmente, enquanto apregoam aos quatro ventos que “bom é ser pobre”. Será que é uma pessoa desse nível e com esses propósitos que queremos como sócios no Mercosul? A Venezuela precisa dizer um rotundo NÃO a esta reforma ilegal, imoral, inconstitucional que é nitidamente um golpe de Estado, rechaçando a votação; e nós, brasileiros de bem que queremos o progresso de nosso País e as garantias de liberdade e direito à propriedade privada que o Estado de Direito nos garantem, temos também o DEVER de repudiar os atos de barbárie cometidos por Hugo Chávez ao povo venezuelano, lutando para impedir que ele seja aceito no Mercosul.
Os créditos dos vídeos na UCV devem-se a ronalddiazp e as fotos a vários amigos venezuelanos. Fiquem com Deus e até a próxima!
ComentáriosG. Salgueiro