segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007








Após mais de dois meses sem atualizar o Notalatina, em conseqüência de problemas de saúde, hoje retomo minhas denúncias, aquelas que a imprensa empenhadíssima em cumprir seu papel vergonhoso de desinformadora e “companheira de viagem”, jamais informa ao respeitável público. Refiro-me especificamente a uma matéria veiculada pelo site comunista “Rebelión” (e produzido pelo site Prensa Latina, oficialista cubana), cujo título informa que a Federação Latino-americana de Jornalistas (FELAP – na sigla em espanhol) outorgou ao morto-vivo Fidel Castro uma medalha especial “em reconhecimento por sua obra humanista”, sublinhando o “compromisso permanente e histórico do líder cubano com a profissão jornalística”.


Gente (aqui cabia um palavrão bem cabeludo mas deixo ao leitor proferi-lo a seu gosto), juro que eu quero compreender que “compromisso” tem este mega-assassino com a profissão jornalística para merecer uma distinção tão honrosa, pois tudo o que sei – e estou farta de provar aqui mesmo – é que o compromisso que tem o regime cubano, sob as ordens do ditador Castro (até pouco tempo) e agora do ditador substituto e hereditário, Raúl, é perseguir, encarcerar, torturar, fuzilar aqueles que denunciam os crimes cometidos pelo “dono” da ilha caribenha, os que ousam pensar com a própria cabeça e defendem a liberdade individual e o direito de propriedade de todos os cubanos. Se este mega-assassino de fato defendesse a classe jornalística, a primeira coisa que faria era permitir as discordâncias de opinião e o direito à liberdade de expressão e não rotulá-las como “delito”.


O presidente da FELAP, o argentino Juan Carlos Camaño que desonra e macula a pátria e a obra de Juan Bautista Alberdi com este gesto infame, recordou uma frase dita por Castro - talvez quando quis dar o golpe em 59 ou durante algum de seus quilométricos e enfadonhos discursos falaciosos -, de que “a humanidade não porá seu pescoço sob o machado do verdugo”, e ainda teve a cara de pau de afirmar que esta sentença continua “imbatível, inquebrantável e inexorável”.


Ao receber a comenda em nome da múmia assassina, o presidente da Assembléia Nacional do Poder Popular, Ricardo Alarcón, afirmou que a honraria era merecida porque “ninguém como ele [Fidel] valoriza tanto a profissão jornalística”. E acrescentou: “Foi ele quem mais prestou atenção à luta pela verdade, livrou uma batalha sem trégua contra a mentira e a desinformação, pela verdade”. Depois disso, podem dizer todos os palavrões que desejarem; é justo.


Bem, que Alarcón dê continuidade à vigarice é compreensível, afinal, o verme ainda não bateu as botas e como todos se borram de medo dele, a farsa vai sendo empurrada com a barriga até enquanto for necessário à sobrevivência física deles. Agora, que este tal de Camaño feche os olhos a tantos crimes cometidos contra profissionais da categoria que representa, é algo que só se pode rotular não apenas de conivência torpe mas de co-autoria criminosa, pois é impossível admitir que este sujeito desconheça aquilo que várias respeitadas organizações (como o Repórteres Sem Fronteiras, por exemplo), tanto quanto sites anti-comunistas de todo o mundo há anos denunciam!


Vejam alguns poucos exemplos, acontecidos só neste ano de 2007, que “justificam” o prêmio recebido:


Fabio Prieto Llorente, de 43 anos de idade, foi condenado a 20 anos de privação de liberdade na onda repressiva de março-abril de 2003, e é um dos mais de 20 jornalistas independentes cubanos que encontram-se na prisão por exercer seu ofício. Segundo sua sobrinha, Echeverria Prieto, Fabio permanece há mais de 20 dias em uma pequena cela (“cela tapiada” – ver foto) entre insetos e roedores, fazendo as necessidades fisiológicas em um buraco no chão e carecendo de água potável e ventilação. Que gesto tão humano! Que respeito às idéias deste jornalista!


Alejandro González Raga, de 48 anos de idade, é jornalista independente e foi condenado a 14 anos de cárcere em março de 2003. Denuncia em uma carta que militares e oficiais a Segurança do Estado da prisão Kilo 7, em Camagüey, aumentaram a perseguição contra sua pessoa nos últimos dias. Na carta, dentre outras coisas, ele diz: “Já não se contentam em colocar microfones onde recebemos visitas familiares, nem em violar nossas intimidades, escutar nossas comunicações telefônicas e interrompê-las, assim como abrir e ler nossa correspondência e em muitas ocasiões destrui-las. (...) Os carcereiros nos tomam os rádios para que não nos informemos, nos queimam os livros, nos praticam humilhantes revistas, nos privam de nossos alimentos, nos negam assistência médica e somos submetidos a todo tipo de tratos cruéis, desumanos e degradantes, por isso faço um chamado de solidariedade à comunidade internacional”.


José Ubaldo Izquierdo Hernández, jornalista e prisioneiro de consciência, com 41 anos de idade, sofre deterioração de sua saúde em decorrência dos maus tratos e falta de atendimento médico adequado aos seus padecimentos de saúde que são muitos. Em abril do ano passado, os médicos do Hospital Nacional para Reclusos (HNR) de Combinado del Este haviam diagnosticado gastrite eritematosa erosiva, bulbitis esfoliativa duodenal, enfisema pulmonar e asma brônquica. Hoje, além desses padecimentos, Izquierdo apresenta altos níveis de triglicerídeos, hérnia umbilical de tamanho médio, esteatosis hepática avançada e estafilococos nos dois olhos.


Os médicos indicaram tratamento medicamentoso (inexistente nos hospitais do país que exporta médicos e remédios – um dos “logros” da revolução!) e dieta alimentar sem carboidratos e gorduras, baseada em “consumo obrigatório” de legumes, pescados e frutas. Entretanto, no dia 12 de fevereiro José Ubaldo recebeu alta hospitalar e voltou para a penitenciária de Guanajay, onde não existem as condições mínimas requeridas pelos médicos que o atenderam.


Juan Carlos Herrera Acosta, de 40 anos de idade, foi condenado em um julgamento sumaríssimo a 20 de anos de cárcere, na “Primavera Negra” de 2003, junto com outros 75 dissidentes por exercer o jornalismo independente. No dia 26 de dezembro Juan Carlos costurou a boca em protesto pela política hostil da Segurança do Estado e dos militares da prisão de segurança máxima, Kilo 8, em Camagüey, onde se encontra cumprindo pena (Ver imagem).


Segundo o Dr. Juan Carlos González Leiva, fonte da informação, os carcereiros privam Acosta do direito de telefonar, o perseguem através dos réus comuns, proibiram a visita no fim do ano, o revistam a qualquer hora, do dia ou da noite, o difamam chamando-o de homossexual mantendo-o sob uma permanente guerra psicológica. Além disso, Acosta foi confinado a uma cela de castigo privado de todos os seus pertences, onde tem que dormir no chão rodeado de ratos e baratas, agravando seu delicado estado de saúde.


Herrera Acosta está distrófico e padece de vitiligo, hipertensão arterial, gastrite crônica e problemas ósseos. Como se tudo isso não fosse indigno o bastante, o jornalista está recolhido na área onde estão os presos condenados à morte (embora o assassino-em-chefe diga reiteradas vezes que ‘em Cuba não há mais pena de morte’) e à prisão perpétua. Negam-se a fornecer-lhe assistência médica adequada, assistência religiosa e a correspondência. O dissidente encontra-se muito doente, totalmente desnutrido e extremamente fraco, em decorrência de várias greves de fome em protesto contra os maus tratos e vários golpes físicos dados pelos próprios militares deste centro carcerário.


Bem, estas foram algumas pequenas amostras do respeito à profissão de jornalista e que levaram o assassino-em-chefe, Fidel Castro, a ser homenageado com uma medalha especial, pela Federação Latino-americana de Jornalistas. E quanto ao seu “caráter humanista” há ainda outro fato digno de louvor e que “justifica plenamente” a condecoração. Semana passada a menina Leyanis Domínguez Velásquez, de 13 anos, foi ameaçada de prisão (isso mesmo!) por um Capitão de Minoría de sobrenome Creo e uma oficial de Segurança do Estado.


A menina assistia aula de matemática quando foi retirada da sala de aula na escola secundária básica e trancada na diretoria onde foi submetida a um interrogatório de aprixmadamente uma hora de duração. O tal capitão queria que a menina lhe desse alguns nomes, que dissesse se seu padrasto trabalhava, as atividades sobre direitos humanos que ele realiza, bem como as atividades relacionadas com a Igreja e, finalmente, que ela declarasse ter sido estuprada por ele. Como a menina se negasse a dar essas respostas, foi chamada de mentirosa e ameaçada de ser levada para acareação com os informantes, dizendo que tivesse confiança nele que tudo aquilo que fora conversado ficaria “entre eles”.


Leyanis informou que, ao se negar a responder tais perguntas, o mencionado oficial se enfureceu e disse que “um dia desses ela poderia ser encarcerada em uma prisão de menores e seu padrasto, o pastor Delmides Fidalgo López, iria para uma prisão de segurança máxima”.


Juan Carlos González Leiva repudiou o fato e disse que esta é a segunda vez que interrogam esta menina em menos de uma semana e que a Segurança do Estado busca destruir o trabalho do presidente do Movimento Cristão de Cuba, o senhor Delmides Fidalgo López, que foi acusado até de terrorista pelos militares da Segurança do Estado.


Como vocês puderam ver, motivos para ser condecorado não faltam a este “abnegado velhinho” que protege tanto a infância quanto a velhice e que é um dos mais incontestes defensores da classe jornalística na ilha da qual é dono absoluto, e que este porco que atende pelo nome de Camaño prestou-se a reconhecer, condecorando-o em nome de todos os jornalistas da América Latina.


Só falta retirarem a candidatura do índio cocalero golpista da Bolívia ao prêmio Nobel da Paz, e darem – por unanimidade – ao Komandante Phidel Kastro, pelo conjunto de sua obra em prol da humanidade. Se vocês querem mesmo saber o que se passa no interior daquela miserável ilha, acessem o site www.PayoLibre.com, do meu amigo Pablo Carvajal, cujo trabalho em defesa sobretudo dos presos políticos e de consciência cubanos é inestimável. Se preferirem acreditar nas mentiras contadas por Chico Buarque, Zé Dirceu, Niemayer, Boff & Betto e toda a Nomenklatura brasileira, continuem lendo os jornais tupinikins e assistindo a Rede Globo. A escolha é sua mas depois não diga que não foi informado da verdade.


Na próxima edição o Notalatina vai falar dos novos patrões brasileiros: Evo & Chávez. Fiquem com Deus e até a próxima!


Fontes: www.PayoLibre.com, www.rebelion.org


Comentários: G. Salgueiro