Conforme eu havia anunciado na última edição do Notalatina, hoje o espaço seria dedicado integralmente à Argentina. Entretanto, não posso deixar passar mais tempo para dar a conhecer o que está ocorrendo na Venezuela em relação ao projeto de reforma educacional daquele país, pois é quase uma cópia carbono do modelo cubano e, fatalmente, o Brasil adotará medidas semelhantes, pelo que vi do nosso projeto, ainda não aprovado.
Se houvesse espaço suficiente, assunto não faltava pois a América Latina grita e sangra, envolvida quase toda ela em um mar de lama, corrupção, falcatruas, negócios escusos, prisões imorais de inocentes, enquanto seus mandatários se refestelam com as benesses do capitalismo que tanto condenam, desde que o deles esteja preservado. O que assistimos pela mídia esta semana não é privilégio do Brasil, estejam certos disso.
Mas, como o espaço deste blog é limitado limito-me eu, também, a publicar um contundente artigo escrito hoje por Cecilia Pando para o site SEPRIN. Cecilia é uma argentina que ficou conhecida por escrever uma desaforada e corajosa carta ao montonero que está presidente, Néstor Kirchner, por ter prendido ilegalmente seu marido, um Major do Exército Argentino e, um alerta que está circulando na internet acerca da reforma educacional na Venezuela, que limito-me a traduzi-los.
Na próxima edição trago notícias dos presos políticos cubanos que vivem uma situação calamitosa, alguns deles correndo risco de vida, se o maldito regime não tomar uma providência imediata, urgente. Fiquem com Deus e até a próxima!
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A hora da traição
O 14 de junho passará à posteridade como uma das datas mais tristes e obscuras de nossa história. Num dia como este, vinte e três anos atrás, nosso país assinava a rendição frente às tropas inglesas. Em 14 de junho do ano de 2005, uma nova frustração ameaça de perto sobre nossa pátria. As forças subversivas derrotadas pelas armas na década de 70, obtêm um importante triunfo político, mediante a declaração de inconstitucionalidade das Leis de Obediência Devida e Ponto Final.
Seu botim de guerra: o cárcere do povo para seus inimigos de ontem e o aplauso tresloucado de uma minoria desmemoriada que renega a bandeira Azul Celeste e Branca. Porque, para não restar dúvida, os que festejaram esta medida da Corte Suprema de Injustiça são aqueles representantes do ódio e da violência, partidários da democracia popular ao estilo cubano. Como sempre, acompanhados pelos indispensáveis personagens sem princípios que, para manter suas prebendas, não exitam em entregar as suas próprias mães.
Do contrário, o que sucedeu não encontra nenhuma explicação. Há aproximadamente dezoito anos, um presidente eleito democraticamente apresentou dois projetos de lei que depois de serem aprovados pelo Congresso, contaram com o aval da Corte Suprema de Justiça da Nação.
Anos depois, outro Congresso, instigado por um novo Poder Executivo, em franca violação ao estabelecido na Constituição Nacional anula tais leis e outra Corte Suprema de Justiça, também pressionada pelo presidente, termina decretando que tais leis são inconstitucionais. Parece um falatório de mudos, porém é a triste realidade das instituições de nossa pátria: não somos um país sério, não somos um Estado previsível, não dispomos de segurança jurídica, o presidente Kirchner instaurou uma monarquia absoluta com cortesãos obsequiosos disfarçados de republicanos.
O regime presidencialista tingiu-se de vermelho e todas as decisões institucionais estão viciadas pelo mesmo ódio revanchista. A criticada Corte Automática de Menem foi substituída por uma Corte Dedicada ao novo imperador, com os evidentes anti-valores ideológicos e as nefastas convicções do primeiro mandatário.
A alegria por parte de alguns era previsível... É natural que as Organizações Revolucionárias, mimetizadas detrás da fachada de organismos de Direitos Humanos, levantem sua taça para brindar pela vitória alcançada. É lógico que nosso presidente e sua mãe adotiva (Hebe de Bonafini), acompanhados por seus velhos companheiros de armas desfrutem o momento de júbilo e gritem em uníssono: “Kirchner fez”, como slogan de sua campanha publicitária.
O que não se consegue compreender é a atitude de alguns fardados da ativa e da reserva que consideram esta decisão como algo positivo que vai contribuir à pacificação nacional, e ao reencontro de todos os argentinos. Estarão falando sério? Estão também eles em campanha política? Podem olhar nos olhos de seus subalternos e continuar exercendo o comando? Onde estiveram prestando serviços na década de 70? Pessoalmente teria preferido que, no mínimo, respeitassem aquela máxima san-martiana do “falar pouco e o necessário” porque se há algo que estou totalmente convencida, é de que este pensamento não representa o verdadeiro sentimento de nossas Forças Armadas.
Pelo contrário, sua atitude me lembra que em quase todos os ataques a quartéis militares durante a guerra contra a subversão, sempre participaram traidores internos. O soldado Petiggiani traiu seus pares durante o Ataque à Fábrica Militar de Pólvoras e Explosivos; o Conscrito Mayol fez semelhante, durante a tentativa de cortar a retirada das tropas do Regimento de Monte 29; o soldado Stanley favoreceu o assalto ao Batalhão de Arsenais 121 e o farsante Invernizzi facilitou ao ERP o ataque ao Comando de Saúde do Exército.
Em junho de 2005, vai-se saber porquê, parece-nos que alguns fardados de maior hierarquia, com suas palavras e com seus silêncios, decidiram imitar estes autênticos traidores da Pátria.
Maria Cecilia Pando
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“Ontem à noite estive em uma reunião da Câmara Venezuelana da Educação Privada. O evento chamava-se Ponto de Encontro da Educação que realizou-se no Hotel Tamanaco e a verdade é que saí dali sumamente preocupado; talvez hoje saia em todos os meios de circulação nacional, tudo o que se refere à intervenção do Estado ao aplicar o Decreto 1011, agora chamado Projeto 15. Em poucas palavras, a intervenção total, através do Ministério da Educação, tanto nos colégios privados quanto públicos, que afetará tanto a nossos filhos como a família venezuelana, pois é uma cópia disfarçada da lei de educação cubana, que entre outras pérolas contempla:
1 - Nossos filhos passarão a ser tivistas-ideológicos do regime;
2 – Tudo o que for concernente ao Currículo Escolar é dirigido à parte de doutrinação política em todos os níveis, desde o pré-escolar até os níveis superiores, quer dizer, até às Universidades e TSU;
3 - O pré-escolar passará a se chamar Educação Doutrinal Inicial;
4 – Os colégios privados serão intervindos por Comitês Controladores de Currículo, criados por eles com critério eminentemente “revolucionário”. A respeito disso, já se substituiu no nível de educação pública 110.000 Profissionais da Educação (licenciados) dos 165.000 existentes. Estes novos ingressados são todos afeitos ao regime, previamente doutrinados pela Nova Lei de Educação. São “facilitadores” de duvidosa procedência educacional.
5 – Em cada sala de aula dos colégios privados se incorporarão 5 novos educandos (alunos), moradores dos bairros aldeãos os quais, também previamente doutrinados, desempenharão o papel de espiões ou delatores do regime e de controladores sucessivos dos outros alunos e, inclusive, dos professores, denunciando os que não estejam ideologicamente identificados com o “processo”.
6 – Todos os colégios (tanto público quanto privados), passarão a ter a denominação oficial de “Colégio Bolivariano” tal ou qual. Por exemplo: o atual Colégio Dom Bosco passará a se chamar “Colégio Bolivariano Dom Bosco”. O atual Colégio Santa Tereza passará a se chamar “Colégio Bolivariano Santa Tereza’. A atual Universidade Metropolitana passará a se chamar “Universidade Bolivariana Metropolitana” e assim sucessivamente.
7 – O pessoal administrativo (incluindo pessoal da limpeza), que não tem nada a ver com a parte educacional, terá Voz e Voto para decidir e intervir em qualquer tipo de decisão nos colégios privados, os quais, em futuro não muito distante DESAPARECERÃO!
8 – O Estado se reservará o Pátrio Poder de nossos filhos menores (até os 18 anos). Isto não é ficção cinetífica, repito, É CÓPIA EXATA DA LEI DE EDUCAÇÃO CUBANA. Para ser mais explícito: um colégio privado que atualmente tenha uns 350 alunos, como Colégio Bolivariano contará nada menos que com 185 espiões (integrantes da comunidade educacional, trabalhadores, comunidade vicinal, representantes do Miistério da Educação, pais e representantes, professores, etc.). Isto representa a destruição da educação na Venezuela, tanto em nível privado quanto público.
Este é um alerta URGENTE com respeito ao que começará a implementar-se no mês de setembro. Exorto a todos os venezuelanos verdadeiramente democratas, conscientes e responsáveis a que se convertam imediatamente em agentes multiplicadores desta mensagem em defesa de nossos filhos, sobrinhos e/ou netos, e em defesa da educação do país.
Isto é sumamente grave, senhores! O slogan “COM MEUS FILHOS NÃO TE METAS” agora, mais do que nunca, deve pôr-se em pleno vigor”.
Traduções e comentários: G. Salgueiro